Desde que o Facebook anunciou a mudança do nome do Grupo para Meta e que essa mudança representava a nova guinada da empresa de Zuckerberg, o metaverso parece ter virado o lugar para onde todos vão, até a amistosa e meiga Hello Kitty, o interesse pelo metaverso é tanto que o aplicativo Oculus VR, que os usuários baixam quando compraram um dos fones de ouvido de realidade virtual oferecidos pela empresa, tornou-se o mais popular na App Store durante o período de vendas de Natal, o que demonstra o interesse das pessoas em ingressarem na realidade virtual.
A Oculus, é uma empresa que foi adquirida em março de 2014 pelo Facebook, para quem duvida da visão de Mark Zuckerberg, e já se tornou uma empresa não só com um produto atraente e líder em seu segmento, mas também com uma oferta sólida em entretenimento e outras opções ligadas a ela. Logo a mudança do nome do Grupo, além de querer desgrudar do seu primeiro negócio que sofre com a perda de credibilidade, indica qual será o novo foco do grupo.
Diariamente um novo grupo anuncia que pretende estar no metaverso, e esse parece ser o caminho da mais famosa personagem japonesa depois que em julho de 2020, o fundador da empresa(Sanrio), Shintaro Tsuji, 94, deixou o cargo de CEO e entregou o controle ao seu neto, Tomokuni Tsuji, 33.
Em seus primeiros 19 meses no cargo, Tsuji tentou dar vida a uma marca que, embora reconhecida mundialmente, estava perdendo destaque. Para apresentar Kitty a uma nova geração de fãs, ela desenvolveu o conceito de ‘Sanrio hours’, uma unidade para medir o tempo que os consumidores gastam na marca.
Curioso, uma personagem focada no tempo que gastamos com ele, nada mais emblemático na economia da atenção, que o valor dos seus produtos licenciados esteja umbilicalmente ligado ao tempo que o seu público dedica aos seus produtos.
O CEO da Sanrio disse que o plano para dar destaque à Hello Kitty é que sua imagem é onipresente no metaverso. Para isso, a empresa busca alianças com a Amazon, Netflix e outras gigantes da tecnologia. Assim a doce personagem sai dos produtos licenciados e vai para o universo da realidade virtual.
A empresa japonesa que criou a Hello Kitty quer que o mundo gaste um total de 300 bilhões de horas com seus personagens até o final de 2031.
Se Sanrio conseguir recuperar o esplendor do popular personagem japonês, um ícone da popular cultura kawaii do país, que defende a adoção de personagens fictícios adoráveis como a personificação de sentimentos positivos, ela estaria pronta para enfrentar rivais como Walt Disney.
Hello Kitty, o principal personagem da Sanrio, apesar do bigode, das orelhas e do nome (“Kitty” é um termo equivalente a “gatinho”, em inglês), é retratada como uma jovem gijinka (antropomorfização) de um Bobtail Japonês com um laço vermelho e, notavelmente, sem boca.
Em uma entrevista ao Financial Times, Tsuji afirmou que o tempo se tornou a prioridade de negócios. Sendo um dos mais jovens CEOs das empresas listadas na Bolsa de Valores de Tóquio, disse que mais de 1 bilhão de horas já foram gastas enviando e recebendo selos virtuais de personagens de Sanrio no aplicativo de bate-papo japonês Line.
A Sanrio, empresa de licenciamento de marca, tomou nota da estratégia da Disney de expandir o negócio adquirindo empresas de produção de conteúdo e criando um universo de personagens com produtos presentes em todas as plataformas.
A empresa quando lança novos personagens, não pensa apenas nos produtos, mas também no uso das mídias sociais, e se é possível entrar de anime, mangá ou jogos.
A empresa não é totalmente dependente da Kitty, e recentemente lançou Aggretsuko, uma série de TV que já está disponível na Netflix depois de ir ao ar no Japão. A série, que se tornou um sucesso nos Estados Unidos, um resultado da parceria com a Netflix, o mesmo deve ocorrer também com a Amazon Prime.
A empresa sediou um festival em dezembro no metaverso chamado Sanrio Virtual Fes em seu parque temático, Sanrio Puroland, no qual seus personagens se apresentaram ao lado de estrelas pop. Os participantes se comunicavam entre si através de avatares em vários dispositivos.
A profunda mudança na empresa coincide com uma queda no lucro operacional de seu pico em 2013. Personagens congelados e programas de TV da Disney deslocaram os personagens da Sanrio nos lucrativos mercados americano e europeu.
A pandemia deu um duro golpe na empresa, forçando o fechamento de parques temáticos e lojas. Com seu CEO anterior, produtos de merchandising, como tuppers, travesseiros e escovas de dentes, fizeram da Hello Kitty uma sensação nos anos 90, mas a rentabilidade vem diminuindo.
O desafio será fazer o personagem sobreviver por mais 50 anos e pra isso conta com o metaverso.
O problema, obviamente, é que um metaverso nesse instante, indica no curto prazo ser um espaço dominado pela Meta, o que para muitos significa um pesadelo considerando o tratamento que a empresa dá a nossa privacidade, já pensou?
Nesse momento a empresa tem uma concorrência muito escassa com uma oferta completa, e embora existam outros fabricantes, nenhum pode ser comparado em escopo e capacidade promocional com a empresa de Mark Zuckerberg. Isso coloca meta diante da possibilidade de liderar o desenvolvimento da realidade virtual, algo que seria uma notícia muito ruim para todos
O mercado, no entanto, nunca levou em conta considerações estratégicas, e a experiência das vendas de Natal poderia estar prevendo um grande sucesso para a Meta, o que o levaria a se tornar o player mais relevante nesse espaço, o espaço onde a meiga Hello Kitty vai caminhar.
Um metaverso pode ser, entre muitas outras coisas, uma plataforma imersiva a partir da qual muitos não sabem como sair, ou em que todos os tipos de comportamentos perniciosos ocorrem: alguém espera uma gestão minimamente responsável de tais problemas por uma empresa como a Meta?
E o que tem a Hello Kitty com isso? Bem pense que o Facebbok/Meta pode construir todo ambiente de ligação de produtos licenciados com a realidade virtual, fazendo seu filho caminhar dentro do mundo de Hello Kitty, um centro comercial para explorarem seus dados, seus produtos e seus serviços. Quem nos salvará dessa armadilha?