Ainda que a morte seja nossa grande certeza, os homens realizam sua trajetória na vida com gestos que faz parecer que isso é algo sempre muito longe.
Na sociedade em que vivemos, a mortalidade e o obsoletismo são a regra, e logo objetos e pessoas, por mais doloroso que seja vão marcando uma trajetória por suas realizações e por sua imprescindibilidade na vida.
Logo converse com seus amigos e faça a eles a seguinte pergunta: Você acha que um robô pode lhe substituir?
Eu nem preciso estar por perto para saber que a maioria deles vai dizer que não….imagina…. se um robô vai conseguir fazer o que eu faço? Imagina se os meus clientes vão querer serem atendidos por um robô?
Sim, vão sim, se não hoje será muito em breve. Ufa pronto falei, confesso que estava receoso em lhe dar essa dura notícia.
Por certo ao ler esse artigo uma parte significativa continuará de forma incrédula imaginando que é apenas um exercício ficcional desse escriba. Não de forma alguma é a mais pura realidade, onde eu não preciso ser Nostradamus pra lhe dizer que quase tudo, “quase” que o homem faz pode ser feito e o será um dia feito por máquinas.
Quanto ao “quase” será tema de um próximo artigo, por hora quero lhe dizer que seremos substituídos por maquinas sim, por softwares sim, ou pelo simples fato do que fazemos não precisará mais de nós.
Uma economia muito mais produtiva permitirá uma sociedade completamente redefinida, baseada em uma adaptação do conceito de capitalismo. E logo trata-se de reconhecer que estamos cada vez mais próximos de uma sociedade onde o trabalho vai parar de representar o que ele representa hoje, porque muito do que consideramos formas de ganhar a vida não será mais feito por pessoas, mas por robôs.
Pense no que acontece quando os robôs começam a enviar pessoas para o desemprego, e que antes de seu desenvolvimento viviam para dirigir um veículo, fazer hambúrgueres em um McDonalds ou mover pacotes em um armazém, e tente imaginar a transformação social que necessariamente terá que acontecer para gerar uma sociedade em que o trabalho tem um significado diferente, onde você trabalha sem dúvida menos e se move para valorizar mais outros tipos de ocupações e serviços. Um mundo onde só quem quer trabalhar e sente a necessidade de fazê-lo, em tarefas que realmente os motivam, e onde a identidade da pessoa é desfolhada do tipo de trabalho que faz.
A produtividade deve aumentar drasticamente com os robôs, mas apenas certos tipos de empregos devem ainda se manter, ainda que completamente redefinidos.
É fato de que o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à robótica representa um paradoxo semelhante ao que deu origem à Internet na época? Estamos diante de uma nova mudança drástica no conceito de sociedade, que altera muitas das regras que damos como essenciais em nossas vidas? Muito possivelmente assim. E que, além disso, está se aproximando a uma taxa muito mais rápida do que muitos acreditam.
A questão não é simplesmente falar sobre veículos autônomos, uma realidade que caminha a passos largos, e que já circulam silenciosamente pelas ruas e avenidas de Mountain View misturadas com o tráfego cotidiano, mesmo que alguns motoristas continuem a alegar que não os querem… Não, a coisa vai muito além de simplesmente demonstrar que um robô ao volante vê melhor, mede e avalia melhor, toma melhores decisões, não cansa, não bebe e não coça como um motorista humano faz, e o mais fantástico, não dirige falando ao celular ou vendo suas mensagens, quando não respondendo-as enquanto dirige.
A supremacia da máquina sobre o homem sobre um assunto como dirigir um veículo já é uma discussão completamente ultrapassada, e se você não pensa assim, é melhor ampliar seu horizonte de leituras.
Pense em outras funções, como cozinhar, pois logo teremos máquinas pra isso.
Procure na internet e veja os robôs nos armazéns da Amazon, imagine os robôs nas tarefas de cuidadores quando a idade chegar, eles podem passar 24 horas por dia ao nosso lado, acompanhando a temperatura, o batimento, as alterações de pressões e tudo isso conectado com os nossos médicos e com os nossos prontuários.
Podem inclusive em caso de emergência se comunicar antecipadamente com o hospital que tem o melhor pronto atendimento, já repassando ao médico plantonista todos os nossos dados e sinais vitais.
Em breve teremos cuidados digitais por aluguel, mas é claro que antes disso nossos relógios e celulares já estarão fazendo uma parte desse serviço, por isso que a substituição será gradual. Imagine um monitoramento à distância por celulares e relógios inteligentes que compartilham um atendimento remoto de uma cuidadora, ou seja em um bairro onde atuavam inúmeras cuidadoras durante a noite isso pode mudar por completo essa prestação de serviço. Como falei as alterações serão graduais.
Robôs já estão se aproximando de nossas vidas sem nenhum complexo, a ponto de já provocar discussões perfeitamente relevantes e apropriadas: centenas de pesquisadores e especialistas em inteligência artificial, com figuras como Elon Musk, Stephen Hawking ou Steve Wozniak à frente, assinaram uma carta aberta para instar que a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias militares baseadas na robótica sejam proibidos, por medo doque poderia ser um futuro no qual Exterminador deixaria de ser simplesmente um filme.
Podemos então entender que nossos medos serão mais que justificados?
É claro que nesse momento, ninguém gostaria de se imaginar sendo perseguido pelo cão ou mula robótica do Google, que também certamente o conheceria melhor do que você mesmo e poderia antecipar suas reações, pois todas as suas pesquisas ao longo da vida já estão armazenadas na nuvem e disponíveis para o cão robô saber exatamente o que deve fazer.
Imagine no quintal da sua casa o cão robô vigiando, filmando, registrando e armazenando inúmeras informações para um banco de dados hospedado nas nuvens.
A economia deixa bem claro, que a chegada dos robôs e o aumento que trarão em termos de produtividade serão a única possibilidade que teremos de financiar muitas das coisas, como o sistema universal de saúde ou os regimes de benefícios sociais..
É claro que para muitos a substituição do homem pela máquina, seja ela um robô ou software mais parece as trombetas de Jericó lhe avisando que o desemprego bate a porta.
Mas volte ao início do artigo, sobre a ideia de imortalidade e o conceito de insubstituível e pense em algumas profissões que já passaram por isso, e você poderá olhar pra elas com o famoso “efeito orloff” Cobradores de ônibus, ascensoristas, operador de mimeógrafo, datilografistas, digitadores, uma lista gigante.
Tente imaginar que no Brasil possuímos cerca de 1.200.000 advogados, e como eles devem funcionar com a inteligência artificial que pode criara assistentes legais por telefone? Procedimentos judiciais automatizados que demandam menos profissionais. Por um instante imagine
Podemos ir além veja que no Brasil existem cerca de 320.000 contadores registrados, isso mesmo uma cidade quase com o mesmo número de habitantes de Blumenau, e isso falando apenas dos registrados. Onde vai trabalhar todo esse contingente de profissionais com a digitalização plena das contas e registros das empresas? Quando os sistemas automatizados estiverem fazendo o balanço, deixando as guias de recolhimento prontas, registrando e dando baixa nos colaboradores?
A automatização, ou seja, a substituição do homem por máquinas e softwares, tem nesse instante a China como líder, aquele mesmo lugar que mal informados diziam que o diferencial era o preço da mão de obra. Acorda Alice esse mundo que você e seus amigos de grupo atrasado falam já não existe mais.
Penso nos milhões de motoristas de taxi, caminhoneiros, motoristas particulares de frota ou de aplicativos? Isso mesmo, aplicativos, aquele mesmo que oferta aos profissionais desempregados uma das poucas oportunidades de ganho.
Sim pois nesse instante, os veículos autônomos da Waymo já obtiveram a licença para se deslocar sem motoristas e com segurança através do estado da California, nesse primeiro período em testes de calibragem fina e ajustes no preço à ser cobrado.
Lembro que em 2012, a NTHSA dos EUA estimou que 31% dos acidentes fatais no país estavam relacionados ao abuso de álcool, 30% à velocidade excessiva e 21% a distrações. Veículos autônomos nunca beberão, nunca correrão mais do que é seguro e nunca se distrairão, e embora alguns acidentes sejam inevitáveis, estima-se que substituir todos os motoristas humanos por computadores será capaz de reduzir as mortes e ferimentos nas estradas em 90%, um milhão de pessoas por ano.
Para todos esses profissionais o desemprego é uma certeza, restando apenas saber quando?
E o que fazer? A ideia de bloquear ou atrasar a automação para salvaguardar alguns empregos é simplesmente estupidez irresponsável, porque o que precisamos proteger, claramente, são os seres humanos, não seus empregos.
As consequências da automação são inevitáveis e, além disso, não soam totalmente ruins. Obviamente, as coisas não são tão simples, pois é essencial trabalhar para encontrar um novo modelo social que não se baseia em horas de trabalho e que, acima de tudo, evita o aumento progressivo e já insustentável da desigualdade.
A disputa não será entre homens e máquinas, mas entre empresas que tem máquinas contra empresas que não tem. Portanto pensar em desestimular a tecnologia, renunciar ao seu desenvolvimento ou legislar para que ela não seja usada é simplesmente perda de tempo, irresponsável e retrógrado.
Os dilemas da automação exigem um novo modelo de pensamento: não é ter a tecnologia, mas a visão necessária para adotá-la. Não é um problema tecnológico, é um problema de design de modelo social. E não está claro para mim que temos maturidade para desenvolvê-la.
Um outro exemplo está no uso de chatbots par atendimento, pois empresas como Ashley Madison e outros serviços de rede os desenvolveram para deixar milhares de homens ansiosos por uma aventura para apresentar… não precisamente o que eles queriam tão desesperadamente entrar, mas seu número de cartão de crédito, para ativar um recurso que lhes permitia ler mensagens supostamente escritas por mulheres ansiosas para dormir com eles… mensagens que foram realmente escritas por um robô. Serviços assistidos por chatbot para interpretar o que um cliente diz ou escreve e fornecer uma resposta ou se comunicar com uma pessoa de atendimento ao cliente estão disponíveis há vários anos, ou seja chatbots vão substituir pessoas em todos os atendimentos possíveis e imagináveis em que possamos fazer de forma remota.
Seu gerente de banco será um chatbot, goste ele ou não, ou seja, será o fim do cafezinho na agência, e logo as agências e todas a sua estrutura será diminuída. é apenas uma questão de tempo para evolução da inteligência artificial que usa seus dados, nem sempre com consentimento nos termos da LGPD, e da evolução de interfaces amigáveis que serão cada dia mais personalizadas de acordo com o grau cultural do cliente, de acordo com as suas características físicas e assim as telas terão letras e cores de acordo com a característica já estudada de cada cliente.
Assim ao ligarmos a Tv pela manhã o apresentador será um holograma, e a sequência de notícias será performada e customizadas de acordo com a nossa política de atenção, logo adeus jornalistas apresentadores.
Estaremos preparados para falar com robôs de forma sistemática e regular? Certamente uns mais outros menos, mas é apenas uma questão de tempo.
No meio do caminhão teremos muitos ajustes é claro, como por exemplo no Estado de Nova York, onde o Governador, Andrew Cuomo, promulgou uma lei que proíbe expressamente o uso de bots para a compra de ingressos para shows online, prática que ameaçava se tornar comum: os revendedores aguardavam ingressos para um determinado show com alta demanda esperada para ir à venda, lançou programas que realizavam a compra do número máximo de ingressos autorizados por pessoa, e repetiu o processo simulando operações independentes até o término rápido dos ingressos disponíveis, que foram colocados à venda por outros canais e com preços mais altos. Um uso abusivo da inteligência.
A revenda de ingressos como tal já foi perseguida, mas considerando a culpa. Após a aprovação da lei, o uso de bots para obter ingressos para revenda será considerado crime, podendo levar multas pesadas ou tempo de prisão.
Embora seja difícil argumentar contra uma lei que pune aqueles que realizam comportamentos que podem ser claramente rotulados como abusivos, a ideia de legislação que proíbe o uso de robôs é, no mínimo, impressionante, a ponto de não termos considerado típico de histórias de ficção científica.
Porém basta uma análise mínima para perceber que, na realidade, o que é punido não é especificamente o uso de robôs para realizar uma operação de compra através da rede, mas seu uso abusivo para fazer um grande número de acessos, gerando fluxos irreais. Tais comportamentos, que já se tornaram comuns em sites de leilões online há muitos anos ou mesmo nos mercados financeiros, não estão sujeitos a perseguição, então falar estritamente sobre uma lei que proíbe o uso de robôs não estaria correto.
Pense nas transações que você realiza regularmente, em mecanismos com os quais você tem familiaridade, seja em sua indústria, ou que você usa em sua vida privada. Agora, tente imaginá-los realizados com a precisão na definição e precisão que um robô permite: como a ideia de ” um robô em sua vida” começa a se tornar mais lógica e simples, existem muitos mecanismos transacionais que consideramos totalmente estabelecidos que, certamente, terão que começar a considerar uma redefinição. Logo, use esse artigo para pensar o seu futuro, o do seu filho e de seus netos, pois o futuro nunca esteve tão presente.