TECNOLOGIA, SAÚDE E O SEU SONO

Uma vida acelerada pela velocidade e quantidade de conteúdo e dispositivos digitais pode fazer mal à saúde? O exagero da forma que consumismo tanto conteúdo pode fazer mal?

Recentemente as Plataformas digitais como WhatsApp e Netflix aderiram a ferramentas para aumentar a velocidade de reprodução de áudios e vídeos, algo que decorre do excesso de conteúdo e a disputa pela sua audiência e atenção.

Tá certo que muitos dos nossos amigos quando falam parece já terem esses dispositivos acoplados ao corpo, esse é o caso do meu irmão que quando fala engata uma 5ª. Marcha e dispara o seu açoriano quase inteligível.

Logo, mais velocidade, mais conteúdo e mais ferramentas para consumir tudo isso pode colocar à sua saúde em risco? As novas ferramentas permitem acelerar, para encurtar o tempo de consumo e pular momentos maçantes.

Por mais que me assuste, hoje em dia, já é possível passar um dia inteiro na internet em ritmo acelerado.

Youtube, é possível assistir a um vídeo inteiro na metade do tempo. No WhatsApp, você também pode ouvir um áudio até duas vezes mais rápido. O efeito atinge até produções culturais, com opções para ver um documentário na Netflix acelerado em 50% ou ouvir um podcast no Spotify até 3,5 vezes mais rápido, tudo acelerado, para pessoas ainda mais aceleradas.

Toda essa tecnologia, acelera as pessoas?

Nesse momento, ainda não temos estudos científicos sobre o impacto dessa aceleração no psicológico das pessoas, ainda que já possamos sentir os efeitos dessas ferramentas, isso para ficarmos restritos a esses dispositivos mais recentes.

Porém o embate entre tecnologia e qualidade de vida provoca por certo muitas discussões, logo junto um novo estudo de Oxford que mostrou, algo e estudos anteriores já haviam destacado, que a chegada de uma nova tecnologia não causa efeitos terríveis nas pessoas, mas simplesmente, a usamos e adaptamos a ela de forma completamente normal, pois o tempo que os adolescentes passam na frente de seus smartphones não tem relação significativa com qualquer tipo de aumento de , até hoje ninguém provou no sentido contrário.

Não há conexão entre o uso de redes sociais e os transtornos mentais, para base desse estudo, foi pesquisada uma base gigantesca, 430.000 adolescentes americanos e britânicos, não encontrando nenhuma relação.

Tecnologias são desenvolvidas, popularizadas, usadas, adaptadas ao período. Não há mais drama. Sempre haverá histéricos que tentam atribuir a cada nova tecnologia muitos efeitos colaterais, problemas e até mesmo distúrbios e doenças, mas a grande verdade é o que é: nada nunca acontece. A espécie humana difere por sua capacidade de se adaptar às mudanças no ambiente, razão pela qual se tornou o colonizador mais eficiente de todo o planeta – sem que possamos afirmar, infelizmente, que essa circunstância tem sido positiva para o planeta. Se uma tecnologia nos dá algo que percebemos como um benefício, nós a adotamos e a usamos, sem nos tornar viciados ou doentes, mesmo que alguns insistam em nos convencer do contrário.

O smartphone chegou em 2007, e rapidamente se tornou uma das interfaces mais comuns para se relacionar com todos os tipos de informação. Imediatamente, muitos insistiram em buscar uma relação com todos os tipos de transtornos, desde déficits de atenção até problemas de visão, passando por depressão, obesidade, distúrbios do sono, obsessões de todos os tipos e até suicídios. O fato é que demonizar a tecnologia nada mais é do que uma válvula de escape.

Veja quantos são os casos, que vão da velocidade dos trens e seus transtornos internos ou a surdez devido ao uso de fones de ouvido, ou a incapacidade de escrever em condições por causa da linguagem que era utilizada no SMS ou das tendências violentas devido aos videogames.

Tudo parece mais serrem novas histórias de fantasmas da era digital, e é claro não faltaram especialistas para momentos de glória na TV, basta para se ter uma dimensão ver o elevado número de eventuais remédios com efeitos para cura na atual pandemia.

Se uma criança está ciente do smartphone em todas as horas e não desenvolve atividade física suficiente, se recusa a liberar o terminal durante a hora do jantar ou não dorme, você não tem uma criança “viciada”, nem “demente”, você tem, simplesmente, uma criança mal comportada.

A tecnologia sempre será uma aliada para saúde, é assim ao longo de toda sua história, para problemas dos mais complexos ao mais simples como a qualidade do sono.

A vida agitada de grandes cidades, a pressão por resultados em uma sociedade competitiva e de poucas oportunidades são sim causas de muitos problemas e não a tecnologia.

Mais de um terço dos adultos em todo o mundo sofre de algum distúrbio do sono, sendo que ao menos 15% têm insônia crônica, ou seja, dormem mal ou não dormem ao menos três vezes por semana, e isso não tem relação nenhum com a tecnologia, salvo em casos esporádicos de uso descontrolado dela.

Predisposições genéticas, idade, doenças crônicas, excesso de estímulos e ruídos, além de maus hábitos, como ingerir álcool em excesso, são fatores que prejudicam o sono de qualidade e favorecem a insônia.

A engenheira Renata Bonaldi, que sempre trabalhou com inovações disruptivas e tecnologias ligadas à saúde, resolveu fazer algo a respeito. “Além de os fármacos não trabalharem a causa, há pouquíssimos especialistas e médicos do sono e o tratamento é caro”, diz a CEO da SleepUp, que desenvolveu uma solução de terapia digital para suprir a necessidade de um tratamento de sono acessível.

A tecnologia para insônia da SleepUp acaba de ser aprovada pela Anvisa, tornando-se a primeira terapia digital, a passar pelo crivo do órgão regulador da área de saúde.

A versão inicial do aplicativo surgiu durante a pandemia, em julho de 2020, e já teve mais de 6 mil downloads, esse é só um exemplo das diversas startups que tratam da qualidade do sono.

A história das evoluções tecnológicas é farta em casos em que se tentou colocar a culpa na tecnologia por diversos distúrbios, e nunca faltarão advogados para propor novas causas.

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