STARTUPS E STOCK OPTIONS

De tempos em tempos, seja pela vontade de “gurus” venderem livros e palestras alguns nomes ganham as ruas, páginas e sites, e logo se o seu negócio esta fora da moda ele não é visto e nem é lembrado.

Afinal qual empresa hoje não quer ser uma startup?

É um modismo ou tem fundamento? Se levarmos em consideração o cenário atual, de transformação digital, onde a TI já representa o núcleo de várias organizações e é vista como altamente estratégica para diferentes negócios, temos uma visão de uma TI compatível com as transformações que a Terceira Revolução Industrial causou nas organizações.

Assim todos querem ser ou estar em uma Startup, pois todos pretendem participar da transformação digital, o que na visão de Berman, transformação digital ocorre quando uma organização muda um ou mais elos de sua cadeia de valor por meio da tecnologia digital, de forma a caracterizar os seus ativos digitais como elementos geradores de valor, como bem destaca Clemente da Nóbrega, em sua obra sobre transformação digital.

Logo, para ele as em as empresas possuem três alternativas de estratégia de digitalização: mudança de modelo de negócio, mudança da experiência do cliente e mudança de operação.

Vejamos em alguns segmentos, como o automotivo onde as transformações podem ser creditadas a uma mudança na forma como vemos o veículo, decorrente da digitalização. O surgimento de empresas como Uber, Lyft, Didi Chuxing, entre outras, viabilizou o desenvolvimento de uma nova visão no setor, que rivaliza com o conceito dominante ao questionar se não seria desperdício de recursos manter um bem de alto custo, como o carro, apenas para atender a poucas viagens durante o dia.

Nessa nova visão, ainda se questionam se viagens com um único ocupante também representam desperdícios de recursos e, portanto, deveriam ser evitadas, pois o processo cultural e mental sobre como utilizar um veículo de forma eficiente parece estar apenas no começo. Vejamos assim os benefícios, onde tomando Nova York, como exemplo, onde o uso de algoritmos computadorizados para viagens de táxis reduziria a frota destes veículos em cerca de 30%. Mesmo que o compartilhamento fosse adotado em todas as viagens, como proposto no estudo sobre Nova York, fora dos horários de picos da manhã e do fim da tarde ainda se teria uma sobra de capacidade de transporte, tente então imaginar a transformação de quando forem autônomos.

Em recente trabalho a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) divulgou em estudo conduzido em parceria com o Sebrae que analisa o ecossistema de startups no Brasil, que 73% das startups brasileiras nunca receberam nenhum tipo de investimento.

A regulamentação não pode engessar essas empresas, é fundamental que elas possam ser ágeis, pois como sabemos mesmo que você tenha uma startup ou trabalhe em uma organização exponencial, sempre haverá a parte da regulação, pois organizações formalmente constituídas têm obrigações tributárias, trabalhistas, previdenciárias, dentre outras, o que requer a abordagem tradicional de governança, e para essas jovens e pequenas empresas é necessário flexibilidade e tempo para adaptação.

Startups, tem como as demais empresas um índice de fechamento elevado, pois é preciso estar igualmente preparado para deixar de pé uma nova ideia e como todos sabemos, nunca é fácil ser empresário no Brasil e ser empreendedor é ainda mais complicado.

Surge também o desafio de reter talentos, afinal a nova geração muda de emprego na velocidade em que troca de roupa, o que é fácil de identificar no momento em que você estiver vendo o C.V. desses novos profissionais, não é um defeito, mas uma característica dos novos tempos, e em alguns caso pode implicar em uma qualidade na formação desse profissional.

Por isso apontar para a possibilidade de ganhos através do instrumento de stock options pode ser uma boa alternativa, ainda que com uma considerável complexidade e do necessário cuidado.

Dar ao colaborador a possibilidade dele adquirir ações por um preço prefixado, muitas vezes por valores inferiores aos de mercado, ou seja, um programa de incentivo de longo prazo com base em ações, pensado para promover e engajar seus talentos, deve ser uma alternativa sempre presente nas estruturas societárias mais complexas.

Porém é necessário transparência nas condições de aquisição para isso não virar frustração ou receber outras adjetivações menos ilustres. Ao mesmo tempo por parte do colaborador é preciso uma certa paciência para aguardar os lucros, que dependem da evolução da empresa, em tempos difíceis para as empresas de tecnologia, principalmente os “unicórnios” (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão), que têm promovido uma onda de demissões.

Na maioria dos casos, o funcionário entra na empresa e escolhe a porcentagem de ações, disponibilizadas pela empresa, que deseja. Ou seja, todos, desde o primeiro dia, têm a opção de aderir ao modelo, o que implica em adesão e não em obrigação.

Em alguns casos como na Méliuz, uma fintech focada em operações de cashback, com cerca de mil funcionários, o programa tem como desenho a doação das ações no lugar da opção de compra, como reconhecimento a esses funcionários.

Para essa alternativa a regra precisa ser também clara para evitar que colaboradores se sintam injustiçados.

A possibilidade ampla de stock options gera também uma considerável burocracia na medida em que novos sócios que participam da rotina da empresa precisam ter um canal de comunicação permanente e transparente.

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