O maior efeito da Pandemia, que vai levar em maior ou menor grau, dependendo de cada país do mundo, cerca de dois anos, é a reinvenção das diversas relações de trabalho, sejam elas negociais ou trabalhistas.
Se você ainda acha que o seu trabalho não foi reinventado, tome cuidado, pois ou você não percebeu, ou ele não fez as alterações necessárias para o novo tempo, de qualquer forma de fora para dentro as mudanças serão exigidas, independentemente do que você trabalha, seja no serviço público ou na iniciativa privada. A pandemia é mundial e “ela afeta a todos essa danada dessa gripezinha.”
Só a obtusidade e o atraso justificam o não entendimento de que ela já afetou, mesmo os que estão sentindo pouco agora, se preparem, pois é apenas uma questão de tempo.
Ou alguém consegue imaginar que depois de sucessivos meses de queda na arrecadação o Estado brasileiro sai da pandemia da mesma forma que entrou? O tempo dos necessários ajustes ao serviço público, apesar de lento e de trazer um elevado custo a população que paga por ele, é fundamental para dizermos que estado e sociedade queremos?
Setores vão diminuir, outros simplesmente vão desaparecer, tudo em apenas dois anos de pandemia e seus diversos ciclos de abre e fecha, sucessivos e contínuos durante esse período.
Veja o Google, que já anunciou que seus 200 mil funcionários continuarão exercendo suas tarefas de casa até o próximo verão no Hemisfério Norte, isso quer dizer até julho de 2021. O mesmo foi feito pelo Facebook, onde Zuckerberg afirmou que metade da sua força de trabalho pode ser remota em dez anos. O Twitter disse que irá suportar colaboradores interessados em manter o home office para sempre.
Logo, tudo que pode ser feito por computador será remoto e quais são as funções de escritório que não são pelo computador?
Recentemente uma pesquisa da Harvard Business School projetou que, quando a pandemia passar nos EUA, 1 em cada 6 empregados continuará trabalhando em casa ou num coworking por pelo menos 2 dias da semana. Logo, o setor imobiliário em cidades que combinam cargos bem remunerados e moradias caras pode entrar em choque, isso mesmo, imobiliárias se preparem o setor vai diminuir.
Já no disputado Vale do Silício, o preço dos aluguéis caiu, como em Nova York, onde vários escritórios estão e devem continuar ainda por um bom tempo vazio, e quem vai pagar por isso?
Já no estado de São Paulo, a vacância dos imóveis comerciais atingiu 30%, segundo o Creci.
E tudo gera um efeito em cadeia, pois, menos reuniões presenciais implicam em queda no número de viagens e sendo assim se teremos menos viagens de negócios, menos gastos com hotéis, menos movimento nos aeroportos, todo uma cadeia que não vai voltar tão cedo ao seu tamanho de 2019.
Logo, junto com essa redução, diminuem os deslocamentos urbanos, almoços em restaurantes, happy hours em bares, menos cafezinhos nas ruas e claro, menos emprego nos escritórios.
Com tantos escritórios vazios e considerando o estoque disponível já existente, quem vai investir em novos projetos comerciais?
Com mais escritórios vazios teremos também menos limpeza, segurança e manutenção, logo, redução de postos de trabalhos para pessoas de menor renda.
E como você está se preparando para esse período, você e os seus, o mundo que seus filhos vão encontrar é completamente diferente do seu.
Sem dúvida é uma janela rápida e necessária para reinvenção de todos nós, em maior ou em menor escala e intensidade, logo, nesses período os dinossauros morrem e sobrevivem os resilientes e com maior capacidade de se adaptar.
Um mundo diferente, onde uma empresa como o Mercado Livre acaba de ultrapassar na bolsa de valores o valor da Petrobrás e da Vale, e o que ele fabrica? O que ele prospecta se não ser uma plataforma verticalizada de intermediação de vendas?
Sem estoque e com uma forte carteira ativa, além de meios próprios de pagamentos atrelados, que faz com que nesse instante se ele fosse listado na B3, seria a empresa mais valiosa da Bolsa brasileira, com valor de US$ 59,35 bilhões, ou R$ 321,34 bilhões.
Para se ter uma referência a Vale e a Petrobrás, fecharam o pregão da semana passada valendo US$ 57,25 bilhões e US$ 55,48 bilhões, respectivamente, na Bolsa de Nova York. Logo, a empresa argentina vale ainda mais do que o banco Itaú Unibanco tinha de capitalização de US$ 44,78 bilhões.
O Mercado Livre teve suas vendas impulsionadas pela pandemia de covid-19, seu equivalente no Brasil seria a Magazine Luiza, com valor de R$ 139,16 bilhões, uma alta de mais de 70% nesse ano.
Empregos e locais de trabalho estão se reinventando, logo, o que não faltam são oportunidades para quem sabe ler para onde o vento sopra.
As oportunidades existem para desprendidos de dogmas e dispostos a mudar e fazer acontecer as mudanças, pois não se trata de sair da zona de conforto, mas sim de encarar a ameaça de morte do emprego ou do negócio, com os pés no chão e a cabeça no futuro.