Com o avanço das técnicas de reconhecimento facial se espalhando por diversos países e seus pontos de fronteira, e aeroportos, cresce também a preocupação de quem e como podem ser guardados esses dados sensíveis. Afinal de posse da nossa identificação facial digital, muito pode ser feito, desde entrada em países até compras e operações bancárias.
Logo existe a técnica da desidentificação, que basicamente é introduzir pequenas modificações em uma fotografia que são impossíveis de perceber a olho nu, mas que impedem que ela seja usada para alimentar um banco de dados que é usado em processos de reconhecimento facial. Uma vez que o reconhecimento facial é baseado em algumas dimensões que são adquiridas a partir de uma imagem, o que os algoritmos D-ID (uma empresa israelense especialista na técnica) fazem são problemas como separar ligeiramente os olhos ou modificar em formas praticamente imperceptivelmente certas áreas do rosto, para que eles não correspondam aos parâmetros do seu rosto, evitando assim que você possa ser reconhecido.
Em um primeiro instante a ideia parece ser muito interessante como como uma forma de proteger a privacidade das pessoas. Imagine poder passar pelos algoritmos de D-ID cada imagem que você carrega nas redes sociais, por exemplo, poderia impedi-las de serem usadas para alimentar bancos de dados, que vem sendo utilizados por hackers para fraudar documentos, algo que já vem acontecendo em diversas partes do mundo.
Uma vez que as modificações nas fotografias são cada dia mais comuns, logo é fácil ver montagens se espalhando como se fossem reais, gerando desconfiança por toda a rede.
Recentemente uma startup chamada Fourandsix vem tentando ajudar a solucionar o problema, oferecendo um app chamado Izitru que tenta verificar se uma imagem é real ou se passou por algum tipo de montagem antes de chegar até você. Após baixado o aplicativo, o fotógrafo pode enviar a imagem para o serviço, que fica hospedado nos servidores da empresa com um certificado que garante que aquela imagem não passou por algum tipo de edição, porém o software ainda apresenta muitas falhas, fazendo com que seu uso seja muito limitado.
Pois bem, nessa última semana o governo alemão, tentando coibir o risco de receber fotografias que tenham sido alteradas, anunciou a proibição específica do uso de tais tecnologias que permitam a modificação. O risco para o seu uso indevido em passaportes vem assustando as autoridades germânicas, uma vez que as modificações poderiam ser usadas para atribuir múltiplas identidades à mesma fotografia e que duas pessoas poderiam passar pela fronteira através de sistemas de verificação automatizados usando o mesmo documento.
Sendo assim, de agora em diante as fotografias que os alemães usam em seus passaportes terão que ser tiradas nos próprios escritórios de emissão do documento, ou se vierem de um fotógrafo, terão que ser enviadas digitalmente e através de uma conexão segura para garantir que não tenham sido adulteradas.
A possibilidade de usar tais tecnologias de identificação em um documento oficial, como um passaporte, poderia ser atraente, por exemplo, ao visitar certos países onde há um uso particularmente agressivo da tecnologia de reconhecimento facial, embora eu não saiba o que acontece quando os procedimentos de imigração são aprovados no aeroporto. Obviamente, alterar um documento oficial parece uma ideia inadequada, mas a decisão da Alemanha de se referir a tais tecnologias para bani-las especificamente pode ser considerada distópica.
Reconhecimento facial digital e desidentificação são técnicas novas que tem muito por evoluir, e principalmente muito por ser discutido na regulamentação do seu uso.
Certamente a Alemanha é apenas um ponto de partida!
Meu reconhecimento facial não funciona e não consigo entrar no facebook.