Muitos já se perguntam, seria o PIX um ensaio para a cobrança de uma CPMF sobre as transações digitais? Bem, antes de responder a essa pergunta vamos considerar alguns números iniciais do PIX.
Conforme escrevemos em artigos anteriores, os maiores beneficiários do PIX são sem sombra de dúvidas os grandes bancos, é só anotar alguns primeiros movimentos.
Nesse instante o Bradesco já decidiu que vai fechar 1,1 mil agências no ano, antes de encerrar o ano, resultado do home office, da pandemia da gripezinha que deve durar ainda alguns meses e do PIX.
Como grande parte dos seus funcionários estão trabalhando de casa nos últimos sete meses por conta da quarentena, o Bradesco aproveitou para acelerar o movimento de redução de custos, neste momento cerca de 683 já foram encerradas, gerando só de aluguel uma redução de cerca de R$ 65 milhões, entre outras despesas.
Em que pese essa mudança devemos registrar que hoje, 40% das transações financeiras são feitas com dinheiro em espécie, o que ainda gera custos tanto para o governo quanto para a população, é sobre esses números que são projetadas as expectativas do PIX, transações digitais facilitadas, que não demandam ida a agência bancária.
Por isso tanto esforço publicitário por parte dos bancos para que o PIX pegue, pois é definitivamente o consumidor e sua experiência, quem darão as cartas nesse jogo.
Alguns números impressionam, pois no Brasil ainda se transaciona mais de 30 milhões de cheques por mês, isso mesmo, aquele que você quase não vê representa cerca de 30 milhões de transações.
Após 20 dias do lançamento oficial do sistema, já são mais de 50 milhões de chaves cadastradas pelos consumidores e cerca de 762 instituições financeiras credenciadas para utilizar o Pix.
Os pequenos negócios estão nesse foco, pois pelo menos 49% dos micro, pequenos e médios negócios do País precisam pagar algum tipo de taxa para viabilizar transferências bancárias e fazer pagamentos, é o que apontam os números de uma pesquisa feita pelo QB Insights, pesquisa encomendada pela Intuit QuickBooks, que faz software de gestão para pequenas empresas e escritórios contábeis. Com a implementação do PIX, novo sistema de pagamentos instantâneos, a expectativa para as PMEs é que ocorra uma redução de custos, menos burocracia nos pagamentos, auxílio no capital de giro, entre outros benefícios.
Muitos apostam que haverá sim uma redução de custos e menos burocracia, além de estimular os MEIs que não possuem uma conta corrente jurídica ou que não possuem computador, para se formalizarem. Afinal, como sabemos, para esses o boleto é uma operação complexa, pois para emitir, precisa ter um internet banking, ou seja, precisa ter um computador. Quando pago, precisa buscar todos os dados e fazer a conciliação com as vendas para ver quem pagou, não é imediata.
E aí nasce um grande medo, toda essa possibilidade de acompanhamento transacional digital pode acelerar a adoção da CPMF sobre operações digitais?
É inegável que sim, pois a crise fiscal deve se ampliar em 2021 e será preciso buscar novos recursos, e não tenha dúvida que os segmentos mais informais da economia serão chamados para pagar essa conta.
É esperar pra ver.