Em recente artigo no The New York Times, James Steyer, um dos organizadores da campanha “Stop Hate For Profit”, foi identificado como o inimigo de Mark Zukerberg, para ele a rede social está do ‘lado errado da história’, entendendo que o seu movimento, que em breve chegará oficialmente ao Brasil, tem como objetivo fomentar a criação de leis que limitem os poderes da companhia.
O primeiro grande mérito desse homem é a coragem, afinal, não é todo dia que alguém decide comprar uma briga com a maior rede social do mundo, dona de quase todas as plataformas de rede social instaladas e usadas por você no seu celular (Instagram, WhatsApp e Facebook) e de quebra com cerca de 2,6 bilhões de pessoas que usam essas plataformas diariamente.
Mas afinal, quem é esse homem? James Steyer, de 64 anos é o fundador da Common Sense, uma ONG americana que promove os direitos infantis na mídia, ele é uma das mentes por trás da campanha Stop Hate for Profit (SHFP), que convocou um boicote de anunciantes ao Facebook durante o mês de julho e que é claro, não impediu a rede social de bater novos recordes de receita, já que os anunciantes que haviam suspendido seus investimentos de mídia voltaram a anunciar.
Na campanha o pedido era para que as empresas deixassem de anunciar nas plataformas de Mark Zuckerberg durante 30 dias em protesto contra a disseminação de conteúdo da rede social, para ele é preciso colocar limites ao império de Zuckerberg. “Eles amplificam discursos de ódio, racismo, supremacia branca, teorias da conspiração e desinformação”, diz, considerando a rede permissiva.
Se no primeiro momento, quando foi anunciada, a SHFP não tinha o apoio de nenhuma marca de peso, em poucas semanas cerca de 1,1 mil anunciantes como Coca-Cola, Honda e Adidas aderiram a campanha, ainda que sem abalo para os portentosos números da rede.
Em seu relatório de transparência, divulgado na semana passada, o Facebook afirmou que removeu 22,5 milhões de conteúdos de discurso de ódio, esse número havia sido de 9,6 milhões na versão anterior do documento. A empresa ainda comunicou novas políticas em relação ao discurso de ódio e ao antissemitismo, proibindo inclusive a publicação de blackface, a prática de brancos se fantasiarem para representar negros de maneira a ridicularizá-los, acredite, isso existe, não sei de que planeta vem essa gente.
É de se destacar que o que serve ao Face serve a todos, os gigantes de tecnologia e suas políticas monopolistas como destaca James: “é preciso uma legislação que também restringiria os poderes de outros gigantes tecnológicos, como o Google.” Nesse momento o Face foi escolhido como exemplo, mas tudo parece ser apenas o início.
Certamente é apenas um ponto de partida para fundação de um pacto global, de limites e definição de padrões éticos e morais das redes sociais e das grandes plataformas, que devem ser fundadas no respeito as garantias individuais dos diplomas normativos de cada país.
Sem limites a tecnologia transforma o planeta em terra de ninguém e nós, os seus usuários, apenas números do departamento de marketing para ativação na venda de publicidade, dados, produtos e serviços, onde a nossa vontade e autonomia serão apenas um detalhe. Apenas um detalhe.