O Facebook e a guerra com os Bancos

Com tantas informações a seu respeito era de se esperar que as grandes plataformas digitais queiram ser seu banco. Em diversos artigos já escrevemos sobre isso, porém, nesse semana o Facebook resolveu dar partida, aqui no Brasil, ao seu projeto de transformar sua rede social em carteira de clientes do seu banco.

Os grandes bancos brasileiros que participaram dos testes para aderir à solução de envio e recebimento do WhatsApp desistiram na última hora de se juntar à gigante de tecnologia e dessa forma, acabaram diminuindo a escala de funcionalidade necessária para criar a cultura nesse novo meio de pagamento.

É claro que esse é apenas um primeiro movimento em que os donos do mercado estão olhando atentamente para ver no que vai dar.

A entrada de uma grande Plataforma Digital é obviamente vista com muito receio pelos Bancos, pois, ao contrário das fintechs que entraram no sistema financeiro brasileiro nos últimos três anos e já são mais de 300, a entrada do Facebook é um choque, pois é um grande tubarão navegando agora nas nossas oligopolizadas águas do sistema financeiro, onde seis players juntos, possuem mais de 80% do mercado.

Inicialmente o WhatsApp já teria definido a próxima janela para a inclusão de novos parceiros em 90 dias, porém, como na prática não há contrato de exclusividade com aqueles que já aderiram à solução, alguns candidatos poderiam ser inseridos antes.

O que as reportagem dizem é que a bandeira de cartões Elo, Bradesco, BB, Caixa e também o Santander Brasil, já estão se preparando nos bastidores e que Bancos digitais como Inter, C6 e Neon também podem se unir ao aplicativo em breve, para não perder o parceiro, ou tementes de que na frente o preço possa ser maior.

Como era de se imaginar, a escolha do Brasil por parte do WhatsApp para ingressar no setor de meios de pagamentos, ainda que via parceiros, esquentou a discussão da entrada das gigantes de tecnologia no sistema financeiro, e olha que a regulamentação já está aí disponível desde 2013, podendo ser utilizada pelas operadoras de telefonia.

É óbvio que além de despertar o interesse e o incômodo também dos grandes bancos, a entrada do Facebook acordou também o Banco Central, bem como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que já estão colhendo informações sobre o modelo de negócio do aplicativo do Facebook no País.

Na década de 90 o mercado financeiro sofreu um grande choque com a entrada de grandes players financeiros do mercado mundial, que ao contrário do que esperavam os correntistas brasileiros, não trouxeram para o Brasil seus custos e taxas financeiras de seus países de origem, mas ao contrário, se adaptaram aos generosos e gordos lucros que os bancos brasileiros já tinha e assim, literalmente dançaram conforme a música, sendo a maioria incorporada pelos tradicionais operadores do sistema financeiro brasileiro. A única exceção a isso foi o Santander, que realizou aquisições significativas como o Banespa entre outros, se posicionando entre os maiores no Brasil.

Porém, agora é diferente, é uma nova economia e o concorrente é uma plataforma digital, que tem muito dinheiro disponível e por seus algoritmos, sabe bem quem pode ser seu cliente.

É apenas o início de uma grande briga.

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