As plataformas digitais criadas pelas redes sociais criaram uma concentração na comunicação de massas mundial nunca antes visto na história moderna, nenhum grupo de comunicação já teve tanta força como as redes sociais em comunicar, em distribuir conteúdo e informação nesse universo de desinformação, para o bem ou para o mal.
Logo quando alguém polêmico, como Elon Musk se movimenta para comprar o Twitter, e ter uma rede social pra chamar de sua, abre uma nova e boa discussão.
Primeiramente para os que tem medo de Musk no Twitter, lembro que Mark Zuckerberg nesse instante reúne as três maiores redes sociais do mundo através do seu Grupo Meta (WhatsApp, Instagram, Messenger e Facebook) juntas possuem mais da metade da população mundial como usuários dos seus aplicativos de comunicação.
Um relatório digital interessante publicado pela We Are Social e Hootsuit, chamado de Relatório de Visão Global Digital, apresenta números bastante interessantes sobre a concentração das redes sociais nas mãos de poucos.
O trabalho mostra uma população global atual de 7,91 bilhões com previsão para atingir 8 bilhões no início de 2023. Desse total, a maioria (pouco mais de 67%) usa telefone celular e usuários de internet somam 4,95 bilhões de pessoas, com inclusão nos dez últimos anos de 2,18 bilhões de usuários. Já as redes sociais trazem 4,62 bilhões de usuários, representando 58,4% da população mundial, gerando um salto de 10% na adoção de redes sociais durante o ano passado, quando 424 milhões de pessoas passaram a usá-las, com destaque para forte crescimento de adeptos no YouTube, Instagram e TikTok.
Já em relação às redes favoritas, os dados da GWI, empresa global de direcionamento de público de marketing, revelam que o Instagram ultrapassou o Facebook e conquistou seu segundo lugar no ranking mundial de usuários. O WhatsApp também foi escolhido como plataforma social preferida pelas pessoas em idade de trabalho. O WeChat ocupa o quarto lugar em nível global, mas com usuários vindos da China continental e ficou em quinto lugar como mídia social favorita da China com 1,2 bilhão de usuários ativos
Pra ter uma ideia na influência comunicacional dessas redes sociais, que erguem os novos Barões da Comunicação, segundo o relatório da GWI, em média o usuário passa quase sete horas por dia usando internet, com cerca de 40% de sua vida acordada online. Isso mesmo quase 40% do dia das pessoas no mundo elas estão conectadas em diversos tipos de aparelho. Sendo que as redes sociais representam mais de 2 horas e 27 minutos por dia, na média. Tente imaginar em que momento da história da humanidade os veículos de comunicação tradicionais, como TV, Rádio e Jornal tiveram o privilégio de tanta atenção diária, e na mão de tão poucos?
Logo quando alguém como Elon Musk, pretende ser o dono único do Twitter, muitos se preocupam, tanto que a própria empresa, o alvo da aquisição hostil, já adotou um plano de direitos dos acionistas que lhes permite comprar títulos adicionais com desconto no preço de mercado se um investidor adquirir mais de 15% das ações sem aprovação do conselho.
O propósito é apenas de atrasar, para desenhar novas modelagens ou convencer outros grandes players, com a adoção do plano de direitos dos acionistas chamado “pílula venenosa”, uma medida defensiva contra situações hostis de aquisição.
A ‘pílula venenosa’, e aqui preferimos a tradução literal, consiste em emitir ações adicionais com desconto aos acionistas com o objetivo de diluir a participação da entidade compradora e tornar a aquisição mais cara.
O chamado ‘Plano de Direitos”, reduzirá a probabilidade de que qualquer entidade, pessoa ou grupo ganhe o controle do Twitter através da acumulação de títulos no mercado sem pagar a todos os acionistas um prêmio de controle adequado ou sem fornecer ao Conselho tempo suficiente para fazer julgamentos informados e tomar as ações mais convenientes aos interesses dos acionistas.
Isso não impede o conselho de aceitar uma oferta de aquisição se o conselho considerar que é do melhor interesse da empresa e de seus acionistas.
Bilionários da tecnologia já haviam usado sua riqueza antes para deixar sua marca no novo negócio do dia. Dois exemplos disso são Jeff Bezos, da Amazon, dono do Washington Post, e Marc Benioff, da Salesforce, que, juntamente com sua esposa, adquiriu a revista Time em 2018.
Embora o Twitter seja mais uma plataforma de tecnologia do que um produto editorial, a posição única de Musk lhe dá a influência associada a “barões da mídia, sejam baseados em tinta ou baseados em bits”.
Com mais de 81 milhões de seguidores, Musk se tornou uma parte importante do mecanismo que move o engajamento dos usuários com o Twitter, chave na visão que Wall Street tem da empresa. Em troca, ele usa sua posição como a estrela mais visível do site para vinganças pessoais, para destacar seus negócios e ideias tecnológicas, e, com a expansão de seus interesses comerciais, para ampliar sua agenda política.
Para o Twitter e Musk, o que foi criado é um forte alinhamento de interesses em torno do engajamento do usuário. De acordo com analistas financeiros e especialistas em mídias sociais que acompanharam a empresa, resta saber se isso será, em última análise, saudável para a qualidade do discurso ou para o patrimônio líquido.
A alta do preço das ações do Twitter desde a notícia do investimento de 9,2% de Musk pode ser uma esperança de que sua chegada seja um avanço para alguns dos problemas que pesaram na rede social, como a velocidade lenta no desenvolvimento de produtos e a incapacidade de alcançar um público global maior.
As capacidades tecnológicas e o indiscutível instinto de produtos de Musk juntamente com a característica dinamismo de suas próprias empresas poderiam torná-lo um catalisador para a mudança, o que fez com que as ações reagisses positivamente.
A presença de Musk representará um desafio extra para Parag Agrawal, o novo chefe do Twitter, que já está trabalhando sob o escrutínio de um investidor ativista, Elliot Management. Outro investidor poderoso, Egon Durban, de Silver Lake, juntou-se ao conselho depois de investir US$ 1 bilhão (€917 milhões) há dois anos. O que poderia ser tratado em outro artigo, apenas sobre a importância dos investidores ativistas nas empresas.
Conexões pessoais podem abrir caminho. Musk trabalhou em estreita colaboração com Durban ao tentar concordar com uma aquisição da Tesla, e foi conselheiro da Endeavour, outro negócio apoiado pela Durban, até três semanas atrás. Ele deixou o conselho da empresa para se livrar de outros compromissos não especificados, um sinal de que ele já pode estar em negociações para ser um conselheiro do Twitter, ao mesmo tempo que apenas reforça que colocar dificuldades apenas atrasa a inevitável aquisição.
Musk sempre fez de sua presença revolucionária em qualquer empresa uma virtude, com ideias tecnocráticas que lhe custaram muitas críticas. O CEO da Tesla e da SpaceX protagonizou várias controvérsias no Twitter, usando a rede para se meter em problemas com o governo e mirando jornalistas. Entre os piores tweets de Musk está um que levou a um acordo com os reguladores que o levou a renunciar ao cargo de presidente de Tesla, e um caso de difamação no qual ele acusou alguém de pedofilia (Musk venceu o julgamento).
Ele também usou o Twitter para empurrar uma agenda política, apontando com suas críticas aos reguladores e governos, especialmente à SEC dos EUA. Quando a Califórnia insistiu que Tesla fechasse uma fábrica de carros por causa da Covid-19, Musk foi à rede para denunciar uma manobra “fascista”, mas depois permaneceu em silêncio quando a fábrica de Xangai fechou para a mesma coisa no mês passado, o que prova que ousadia tem limite diante das muralhas da China.
Musk pressionou o Twitter a relaxar suas políticas de moderação de conteúdo e abandonar as restrições sobre o que as pessoas podem dizer, retornando à “opinião livre” que fluiu no início. Isso poderia colocá-lo contra o CEO da empresa, para quem está a chave da rede social em como criar “um debate público mais saudável” que determinará “quem pode ser ouvido” em vez de se concentrar na liberdade de expressão. A presença de Musk como diretor, maior acionista e voz proeminente no Twitter poderia encorajar a empresa a relaxar sua política de conteúdo.
Impor uma abordagem mais “absolutista” à liberdade de expressão na empresa também pode ser ruim para seus lucros, pois grandes anunciantes não gostam de ambientes tóxicos.
Mesmo para a pessoa mais rica do mundo, US$ 43 bilhões é um preço alto. A oferta de Elon Musk para comprar o Twitter com pagamento 100% em dinheiro representa cerca de um sexto de sua fortuna de US$ 259,3 bilhões. Mas a maior parte dessa riqueza está presa à sua participação na Tesla, a montadora de carros elétricos que ele fundou e que subiu de valor de forma acelerada nos últimos dois anos e o elevou ao topo do Bloomberg Billionaires Index.
A compra não é simples, mas Musk tem várias opções de financiamento. Uma delas é vender parte de suas ações da Tesla diretamente. Outra é tomar emprestado no mercado usando as ações como lastro em uma aquisição alavancada, possivelmente com parceiros externos.
Musk atualmente tem cerca de US$ 3 bilhões em dinheiro ou em ativos relativamente líquidos, depois de gastar US$ 2,6 bilhões para comprar uma participação de 9,1% no Twitter nos últimos meses, segundo cálculos da Bloomberg.
Para Musk levantar os cerca de US$ 36 bilhões adicionais em dinheiro necessários para comprar o restante do Twitter, seria necessário vender cerca de 36,5 milhões de ações da Tesla, ou mais de um quinto de sua participação. Essa saída, no entanto, poderia levar a uma queda no preço das ações da empresa sem mencionar o fato de que poderia levantar questões sobre o comprometimento de seu CEO. Uma outra possibilidade seria tomar emprestado contra suas posições na Tesla e na empresa de exploração espacial SpaceX.
Mas mesmo para a pessoa mais rica do mundo, há limites: o índice da Bloomberg estima que ele já tomou emprestado cerca de US$ 20 bilhões contra suas ações, deixando cerca de US$ 35 bilhões teoricamente ainda disponíveis para lastrear novos empréstimos.
O que leva Elon Musk a investir no Twitter? Fundamentalmente, seu interesse em uma empresa que lhe proporcionou um canal de comunicação que ele usa compulsivamente. Em primeiro lugar, porque é muito difícil sentar Elon Musk em um conselho de diretores. Isso implicaria que Musk estaria limitado a adquirir um máximo de 14,9% da empresa, uma limitação que ele aparentemente não quer ter, e que segundo alguns, poderia esconder a possibilidade de adquirir a empresa através de uma oferta hostil de aquisição ou, pelo menos, para manter a possibilidade de ameaçar fazê-lo.
Segundo um problema de atitudes. Estar no conselho de administração do Twitter forçaria Musk a não apenas ser discreto em suas opiniões, algo que sabemos que ele acha patologicamente impossível, mas também a agir sempre sobre o que os outros consideram ser “o melhor interesse dos acionistas e da empresa”. O que Musk fez assim que sua posição no Twitter se tornou pública? Lançar uma série de tweets questionando tudo, desde as atitudes da empresa em relação à liberdade de expressão até seu papel na democracia, até se o Twitter estava morto porque algumas das contas mais seguidas quase nunca foram atualizadas, ou sugerindo que qualquer um que se juntou ao Twitter Blue fosse automaticamente autenticado, serviço premium da empresa.
Tanta polêmica me parece desenhar um caminho lógico, Musk gosta mesmo é de dinheiro, comprar mesmo que com preço elevado, fechar o capital, melhorar a rede ampliando sua influência para depois reabrir o capital, parece ser o caminho natural. Logo te cuida Zuckerberg!!