MUSK QUER DESCONTO SOBRE OS NÚMEROS FAKE DO TWITTER

Um dos itens mais importantes na métrica para o valuation de uma rede social é o seu número de usuários, e o que acontece quando você descobre que o vendedor dessa rede social inflou em alguns milhões o número de usuários dessa rede?

Se você é Elon Musk, faz exatamente o que ele está fazendo suspende o negócio, deixa o mercado castigar o valor da rede social, alega que precisa apurar os números com maior acuidade, e nesse período castiga o vendedor e seus acionistas.

Veja não existe nenhuma novidade em perfis falsos em redes sociais, afinal os anunciantes são enganados a muitos anos pagando publicidade digital para contas que são controladas por robôs, e claro Elon Musk e parte da torcida do Flamengo e de outros grandes clubes também já deveria saber.

Na lógica da economia da atenção, para prender sua atenção, e com isso captar dados no ciclo vicioso de tempo que gera dados, dados que geram mais atenção, que gera mais dados que gera mais monetização, logo na métrica do valor de uma rede social diversos são os itens que precisam ser considerados além do número de usuários.

O tempo que esses usuários ficam na rede, a frequência com que esses usuários ficam na rede, o perfil desses usuário que indica poder de consumo e com uso de dados ofertar a eles mais produtos e serviços devidamente customizados na lógica da atenção que procura “melhorar a experiência do usuário”.

Logo número de usuário, tempo que esses usuários ficam, qualidade desse usuário, se ajuda a produzir mais conteúdo e engajar mais pessoas, o potencial de engajamento dessas pessoas que o usuário costuma atrair com seu conteúdo, a credibilidade desse usuário na conversão dos usuários em consumidores para aquisição de produtos e serviços.

Ou seja o número de usuários é apenas uma das diversas variantes que poderíamos aqui trabalhar, mais a lógica é uma só, o valor da rede sempre será um múltiplo da sua, da minha e da nossa atenção, a moeda das redes sociais sempre será o nosso tempo, quanto tempo das nossas vidas elas podem sugar, seja com conteúdo de qualidade ou fake News, o que interessa para essas redes sociais são os nossos minutos, e horas.

Elon Musk sabe disso, assim como também sabe que nesse momento estaria adquirindo o Twitter por um preço muito baixo sim, e com um enorme potencial de crescimento.

 qualidade das pessoas

Bastou ele só fazer uma ameaça que o valor das ações do Twitter na Nasdaq caiu 9,21%, logo ele realmente sabe o que faz.

Não foi à toa que através de uma postagem na rede social, o bilionário disse que iria suspender temporariamente o negócio até ter mais detalhes sobre o número de contas falsas na plataforma.

Vejam a empresa havia estimado, no início deste mês, que contas falsas ou de spam representavam menos de 5% de seus 229 milhões de usuários ativos diários no primeiro trimestre.

Duas horas após a postagem original, Musk voltou a escrever para dizer que ainda estava comprometido com o acordo.

Em nota para investidores, Dan Ives, analista da consultoria americana Wedbush Securities, afirmou que a suspensão pode indicar que o negócio não deve mais sair, com Musk perdendo “apenas” US$ 1 bilhão. Segundo o acordo de compra, o bilionário teria de desembolsar esse valor como multa caso desistisse da operação, o que faz com que tenhamos certeza que o desconto negociado não será pequeno, afinal  com o argumento de que sua proposta foi feita tendo como base 100% de contas verdadeiras, ele fortalece seu pedido de desconto.

Lembro que Musk, é jogador de “xadrez e não de truco”, ele sabe como pouco desse mercado de ações, e sabe muito bem usar as redes sociais para realizar o que quer.

Musk já havia declarado guerra a contas falsas no Twitter, e o empenho ocorre apesar do fato de que o próprio bilionário já se beneficiou de robôs na rede social para se defender de críticos, como mostrou um estudo da Universidade de Maryland, nos EUA. Nas últimas semanas, Musk propôs a criação de alguma forma de autenticação aos perfis de seres humanos reais.

O objetivo da operação, que seria tirar o Twitter dos holofotes para os próximos anos, é convencer os investidores de que ela pode aumentar rapidamente a rentabilidade da rede social e, assim, torná-la mais atraente.

O Twitter anunciou resultados do primeiro trimestre dias depois que seu conselho de administração aceitou a oferta de compra de US$ 44 bilhões de Elon Musk.  A receita da rede social ficou ligeiramente aquém das previsões de consenso dos analistas, mas superou as expectativas dos usuários.

O Twitter atingiu 229 milhões de usuários ativos diários, contra 199 milhões há um ano, um aumento de 16%. O número está acima dos 226,8 milhões esperados por Wall Street. Os usuários internacionais somam 189,4 milhões, o que representa um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto nos EUA a base de usuários cresceu 6,4% em relação ao ano anterior, para 39,6 milhões.

No primeiro momento o próprio Twitter havia dito que exagerou em pelo menos 1,9 milhão de usuários por quase três anos, e o que parece o número seria de mais de 10 milhões de “usuários fake”.

O Twitter estava trabalhando em um plano para alcançar até o final de 2023 para ultrapassar 7.500 milhões de dólares de receita e atingir 315 milhões de usuários diários.

A compra do Twitter por Elon Musk, que excluirá a empresa do mercado de ações, deverá ser concluída este ano. A aquisição tem a aprovação do conselho de administração, mas ainda precisa ser aprovada pelos acionistas. Musk terá que pagar US$ 1 bilhão em multa caso ele recue em sua intenção de comprar o Twitter.

Como já havia escrito em outro artigo, a rede social está sendo vendida por menos de 5% do valor do Facebook, o que é um claro sinal de bom negócio se considerarmos o potencial que ela tem nãos mãos de Musk.

Elon não costuma comprar gato por lebre, o que ele percebeu foi uma informação pra barganhar um desconto, e ele não poderia deixar passar isso.

Os planos de Musk para o Twitter, demonstram uma nova tendência que ameaça as salas de reuniões: uma propensão crescente dos acionistas de exigir mudanças nas empresas, e não apenas para conseguir melhor desempenho financeiro, o que em tempos digitais deve implicar em um aumento no ativismo societário.

Por meio de campanhas simples ou com a participação de pessoas comuns, às vezes em conjunto com organizações sem fins lucrativos, os ativistas estão cada vez mais tentando persuadir os conselhos corporativos a reduzir seu impacto no meio ambiente, apoiar o bem-estar de suas comunidades e adotar outras medidas que possam fazer sentido para os negócios, melhorando as reputações de empresas e controlando a regulamentação.

Redes sociais são a nova mídia, rápida, eficiente e dinâmica, e com pouca preocupação com a credibilidade, mas são antes de mais nada uma base de dados pessoais gigantescas, que certamente sempre serão utilizados para ofertar novos e melhores serviços, que é claro resultem em aumento do resultado financeira das mesmas.

Quanto a sua privacidade, ela parece cada vez mais uma letra do passado, uma música que toca pouco e só os mais cultos conhecem, uma pena.

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