MOTOS E BIKES ELÉTRICAS E O COMPARTILHAMENTO DE BATERIAS

A transformação digital, anda de mãos dadas com a eletrificação de nossas frotas, e com a presença crescente em muitas cidades de veículos. As soluções não poluentes de duas rodas colaboram na micromobilidade, esse é o caso de motos, scooters, bikes e patinetes, porém toda alteração de modal exige um redesenho de engenharia, comercial, cultural e também no aparato legal.

Quando isso não ocorre, acaba acontecendo o que vimos com os patinetes derrubados por todas as calçadas, pela fata de um sandbox regulatório para trabalhar no redesenho e no impacto social, sem o mínimo de discussão boas alternativas, como os patinetes acaba naufragando, mas lembre-se eles vão voltar.

Uma experiência interessante vem sendo desenhada pela Gogoro, uma empresa taiwanesa fundada em 2011 por, Horace Luke e Matt Taylor, com a ideia de oferecer ciclomotores elétricos simples, projetados para mobilidade urbana, e com um sistema de baterias modulares intercambiáveis que podem ser encontradas em estações localizadas em vários pontos das cidades.

Em 2021, a Gogoro, que é líder global em tecnologia de ecossistemas de troca de baterias para scooters elétricas, lançou seu sistema líder de troca de baterias na China, o maior mercado de veículos de duas rodas do mundo.

A empresa está fazendo parceria com os principais fabricantes de veículos da China, Yadea e Dachangjiang (DCJ), para apresentar a nova marca de troca de baterias Huan Huan alimentada por Gogoro, primeiro em Hangzhou e para outras cidades em 2022.

Logo veja quantas oportunidades no desenho desse negócio, pois as centrais de trocas possuem diversos tamanhos, logo podem ser postas em estacionamentos, postos de combustível, supermercados, minimercados, pois cabem em qualquer lugar. Com isso imagine elas acopladas a centrais fotovoltaicas instaladas nos estabelecimentos auto produtores, uma nova fonte de receita para os estabelecimentos comerciais, em tempos em que a venda pela internet obriga o setor de serviços a se reinventar.

Muito popular em Taiwan, aqui eu faço uma observação, pra essa ilha fantástica que tem a extensão territorial que um pouco mais que 1/3 de Santa Catarina, e que tem 23 milhões de habitantes, onde em cada casa tem ao menos duas scooters, que transitam em suas estreitas ruas. Imagine que lá a empresa está superando com sua rede de recarga, o número total de postos de combustíveis.

A empresa fabrica seus modelos e suas baterias intercambiáveis através de uma aliança com a Foxconn, mas também tem sua própria rede de veículos para aluguel, e teve a visão de propor um modelo de plataforma e começar a licenciar sua tecnologia para outros fabricantes como Yamaha, Aeon, PGO, Coup ou Hero para que pudessem fazer uso de sua rede de recarga. O resultado dessa rede de alianças tem sido uma crescente popularidade em cada vez mais mercados, e o desenvolvimento de um modelo baseado não tanto na concorrência em desempenho, ou seja para essas marcas a bateria tem o mesmo modelo.

Os ciclomotores têm uma velocidade média relativamente baixa, pois são para uso urbano, e tem cerca de cem quilômetros de autonomia, mas na praticidade do uso, quando o indicador diz que você está ficando sem bateria, você fica em uma estação de carregamento, e trocá-los por outros. Todas as baterias, tanto aquelas que você recebe quando compra seu ciclomotor quanto as que você encontra nas estações de câmbio ou aquelas transportadas pelos veículos da frota de aluguel, são exatamente as mesmas, com um design que facilita a manuseio e uma cor verde e preta característica.

Em Taiwan, um país em que um número crescente de pessoas usa ciclomotores elétricos como substituto de um carro, há mais de 63.000 ciclomotores elétricos fabricados pela empresa, com o próximo concorrente, a AEON, cerca de 7.000. Mas, além disso, a empresa assinou alianças com fabricantes em mercados massivos como China (Yadea e DJC), Índia (Hero) e Indonésia (Gojek), tentando expandir seu modelo de baterias intercambiáveis internacionalmente.

Agora no primeiro trimestre de 2022, a empresa se prepara para estrear na NASDAQ,  através de um SPAC, o que deve fazer seu valor explodir.

Um modelo, o das baterias intercambiáveis, que tem sido muito discutido como uma possibilidade para carros elétricos em muitos países, mas que no caso de veículos de duas rodas parece fazer todo sentido, onde o tamanho e o peso das baterias permitem realizar a operação em um instante e sem qualquer problema.

Com o sucesso de Taiwan, e a nova aliança na China, que é o maior mercado de duas rodas do mundo, com mais de 300 milhões de passageiros, a empresa deve ditar as regras desse mercado, seria a Tesla de duas rodas?

Bem ao estabelecer uma parceria com a Yadea, a fabricante líder mundial de duas rodas elétricas, e a DCJ, a maior fabricante de duas rodas a combustão da China, a Gogoro dá passos largos para fazer da eletrificação de duas rodas um sucesso.

O mesmo a Gogoro já fez na Índia onde se uniu com a Hero, lançando uma joint venture que promete ampliar o mercado desse tipo de veículo no país, algo replicável em toda cidade grande e média do mundo..

Os sistema da Gogoro, dispensa tomada em suas motos, facilitando a recarga o que torna a recarga uma oportunidade para muitos, pois em uma scooter, a bateria é bastante compacta a ponto de ser levada facilmente por qualquer pessoa. O tempo de troca é extremamente rápido apenas seis segundos, de acordo com a empresa.

Na índia são cerca de 225 milhões de veículos de duas rodas movidos a combustão, e a necessidade de transporte elétrico inteligente e sustentável e reabastecimento é vital, na redução de poluentes e de alternativas mais baratas para o transporte de pessoas e cargas em curtas distâncias.

Nesse momento, as japonesas Honda, Yamaha, Kawasaki e Suzuki criaram um consórcio justamente para desenvolver uma bateria padrão que possa ser trocada facilmente.

Um mundo em transformação que exige soluções rápidas e acessíveis e que carrega um universo de oportunidades.

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