Assim como no filme “De volta para o futuro”, a nova atração da Amazon Prime, “Upload” tenta com a presença da realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial projetar um futuro além da morte. Como seria nossa vida além da morte se pudéssemos escolher guardar nossas memórias de forma digital e termos nosso Avatar com base em nossas memórias, mantendo assim, pela inteligência artificial contato com as pessoas que amamos?
Na série, que se passa em 2033, quando as pessoas morrem, a consciência delas pode ser transferida para um ambiente de realidade virtual. Assim, elas vivem a eternidade em um espaço fantasioso e ainda podem ter contato com os vivos através da tecnologia.
A atração mostra a história de Nathan, um rapaz que após morrer em um acidente de “carro autônomo” teve sua consciência resgatada a pedido da namorada. Logo suas memórias são “carregadas” no luxuoso mundo de realidade virtual chamado Lakeview, onde os “moradores” podem fazer tudo o que quiserem, até ter um cachorro falante. Uma vez que suas memórias ganharam vida pela inteligência artificial, tudo pode ser projetado por realidade virtual e dessa maneira estabelecer uma conexão em um mundo digital, asséptico e “quase ideal”.
A série trabalha em uma realidade cada dia mais próxima construída através de passos recentes, que parecem prever o tempo da definição do metaverso como um lugar para o desenvolvimento de grande parte de nossa atividade.
A arte desenha muitos caminhos para nossa realidade, dentro do conceito de metaverso que pode ser entendido como o espaço coletivo, virtual e compartilhado criado pela convergência de realidade física virtualmente aprimorada e espaço virtual fisicamente persistente, incluindo a soma de todos os mundos virtuais, realidade aumentada e internet.
Não são poucos os usos da realidade aumentada, inteligência artificial e realidade virtual, que vem sendo explorados desde videogames até aplicações industriais, mas sempre com o viés de nicho, sem atingir a maioria do público, em uso nada popular ainda.
Recentemente um vazamento de informações da Apple projetou a possibilidade da entrada desse player na venda de óculos de realidade aumentada ligados ao iPhone, com previsão para o fim de 2021, justificando suas mais recentes aquisições, bem como seus mais atuais registros de patentes.
Outra plataforma digital, o Facebook, ja havia iniciado seus movimentos nessa direção em 2014 com a aquisição da Oculus VR, e agora com a pandemia avança com sua visão de trabalho remoto usando realidade virtual e aumentada como saída pandêmica, apontando para um futuro no qual qualquer superfície em nossa casa poderia se tornar uma interface na qual visualizar o que queremos.
Diversos são os movimentos de empresas importantes nesse sentido, a XRSpace apresentou um novo espectador de realidade virtual chamado Mova, mais leve e mais poderoso que seus concorrentes, dotado de 5G e orientado para o relacionamento social dentro de seu próprio ambiente virtual.
É cada dia mais presente a ideia de ambientes virtuais ligados à participação social que foi desenvolvida por muito tempo no Linden Lab, empresa que gerou Second Life
Próximo de falecer, com o avançar da fragilização de seus sinais vitais Nathan, o ator da série se vê pressionado pela equipe médica e pela namorada a tomar uma decisão em pleno corredor do hospital, escolhendo por um lado dessa encruzilhada: Ou ia para uma cirurgia e tentava salvar sua vida biológica, com o risco de morrer sem resgatar suas memórias, ou optava por transferir sua memória para um ambiente digital e viver nesse mundo digital.
ALERTA DE SPOILER
Para prosseguimento da série (me perdoem pelo spoiler) ele optou por viver o mundo digital, e interagir com os seus através da realidade virtual.
É o fim dos beijos e dos abraços nessa vida física, onde ao invés de sonhos ao dormir, escolhemos sonhar no mundo virtual, e ainda que eu não goste dessa visão a cada dia mais próxima, ela é inevitável pelo avanço das tecnologias, então como um dinossauro, vou aqui continuar preferindo os beijos, abraços o tato e suspiros analógicos no lugar das assépticas fantasias digitais.