O cinema, no gênero ficção científica, sempre redigido com o auxílio de bons consultores, apontou em muitos filmes parte da realidade que vivemos hoje, e muito ainda do que esta por vir.
Costumeiramente a arte desenha muitos caminhos para nossa realidade, dentro do conceito de metaverso que pode ser entendido como o espaço coletivo, virtual e compartilhado criado pela convergência de realidade física virtualmente aprimorada e espaço virtual fisicamente persistente, incluindo a soma de todos os mundos virtuais, realidade aumentada e internet.
Não são poucos os usos da realidade aumentada, inteligência artificial e realidade virtual, que vem sendo explorados desde videogames até aplicações industriais, mas sempre com o viés de nicho, sem atingir a maioria do público, em uso nada popular ainda.
O Facebook, ja havia iniciado seus movimentos nessa direção em 2014 com a aquisição da Oculus VR, e agora, conforme as últimas notícias avança com sua visão de trabalho remoto usando realidade virtual e aumentada como saída pandêmica, apontando para um futuro no qual qualquer superfície em nossa casa poderia se tornar uma interface na qual visualizar o que queremos.
Diversos são os movimentos de empresas importantes nesse sentido, a XRSpace apresentou um novo espectador de realidade virtual chamado Mova, mais leve e mais poderoso que seus concorrentes, dotado de 5G e orientado para o relacionamento social dentro de seu próprio ambiente virtual.
É cada dia mais presente a ideia de ambientes virtuais ligados à participação social que foi desenvolvida por muito tempo no Linden Lab, empresa que gerou Second Life
A recente entrevista de Mark Zuckerberg, ao The Verge, na qual ele comentou que identificava a tecnologia como uma das áreas de desenvolvimento de sua empresa, e que deixaria de ser uma empresa de mídia social para se tornar uma empresa metaversa (visão dele), o que fez com que o assunto voltasse para discussão novamente, agora com mais ênfase.
Com o desenvolvimento do metaverso, termo tipicamente usado para descrever o conceito de uma futura interação da Internet composta de espaços virtuais tridimensionais compartilhados e persistentes ligados a um universo virtual percebido, acontece comigo como com muitas outras ideias vindas do Facebook: me parece um conceito interessante e vale a pena explorar, exceto pelo detalhe de que quem pode estar por trás de sua criação é a empresa de Mark Zuckerberg, o que nesse momento dado ao seu presente e seu passado recente me causa calafrios, pois explorar o desenvolvimento de atividades que podem variar desde a interação com outras pessoas, brincadeiras, reuniões, etc. em um ambiente virtual persistente? Sem dúvida, e o conceito, obviamente, não é novo: na época teve seu certo desenvolvimento com Second Life, e também podemos assimilá-lo, especialmente dependendo da interface usada, a ambientes como Fortnite ou Roblox, isso para ficarmos em dois exemplos em que um jogador pode passar horas, tocar, assistir a um concerto e interagir com outras pessoas.
Assim, inspirado em Matrix, metaverso é interessante como mais do que apenas uma ideia lúdica? Claro que sim, porém quando uma empresa como o Facebook tenta assumir a liderança nesse processo é preciso bem mais do que paixão para ver o assunto, mas uma certa cautela e de logo identificar os instrumentos legais possíveis para proteger as pessoas que aderem a novas tecnologias, sem a plena compreensão dos perigos que ela carrega.
Quando consideramos o uso do Workrooms, uma primeira tentativa de uma interface virtual para realizar reuniões de trabalho que foi feita pelo Facebook, já nos permite reforçar o que seria o horizonte dessa tecnologia com o domínio dele. Pois a possibilidade se tornar um avatar e interagir com os seus colegas de trabalho em uma sala de reunião virtual, pouco contribui pouco contribui para o uso dessa tecnologia, me parece muito mais um lançamento de uma primeira versão para popularização da tecnologia enquanto se avança por outras áreas. Em que pese seu uso pela empresa com menor cuidado e ética no tratamento da privacidade de seus usuários.
Escrevendo sobre esse tema acabei encontrando um artigo do Jeff Kagan, que provoca algumas reflexões interessantes, e que seguem na linha do que eu havia dito “ O que é o metaverso do Facebook? Pense no filme Matrix, no qual ele compara aquele metaverso que está sendo falado tanto ultimamente na esteira do interesse do Facebook em seu desenvolvimento, com as cápsulas cheias de um líquido viscoso no filme, no qual os humanos eram mantidos para gerar eletricidade enquanto projetavam imagens diretamente através de um fio para seu cérebro de uma vida simulada.
A ideia de comparar uma pessoa com um espectador de realidade virtual sobre seus olhos com os pods de Matrix pode ser assustar, mas se pensarmos nas características da empresa que está propondo ela e seu fundador e CEO, Mark Zuckerberg, pode ser bastante interessante: afinal, estamos falando de uma pessoa um empreendedor que sempre esteve mais preocupado com o resultado e crescimento de sua empresa do que com a sua privacidade. E que tem se dedicado apenas com o propósito de ampliar a interação dos usuários em suas plataformas a ponto de gerar, em muitos casos, problemas psicológicos reais documentados, como foi bem destacado no documentário exibido pela Netflix “O Dilema Social”.
Uma empresa que se propõe a mudar de nome e não de políticas, apenas para preservar a marca.
Esse paralelo de Jeff é bem sugestivo, o foco é sair da crise, se reinventar, deixar de lado o desgaste do Facebook, dar foco em uma nova tecnologia, que possa dar uma nova imagem para rede dele, enquanto ele aprimora suas demais redes (Instagran e WhatsApps) afinal se os poderes fiscalizadores, obrigarem ele a diminuir a sua concentração de redes sociais, a rede sacrificada já esta escolhida, será o Facebook.
As principais marcas precisam continuar se ajustando para crescer. Muitas empresas que antes eram grandes marcas agora são esquecidas. É por isso que o Facebook está se preparando para lançar sua campanha de rebranding.
Este pode ser o momento certo, já que a empresa tem sido atacada nos últimos anos sobre a invasão de fachadas de privacidade e censura. A mudança do Facebook para o metaverso traz mundo de ficção científica de IA, AR e VR à realidade, algo lúdico e apaixonante o suficiente para revitalizar o negócio, não que ele esteja em crise de resultado, mas o risco legal pode obrigar ele a redesenhar sua rede, então a porta de saída já esta pronta.
Esse rebranding do Facebook vai muito além apenas do nome e de como ele impacta o cliente e o investidor, pois transformará ainda mais a empresa nesse novo espaço que, até agora, foi deixado para o domínio de filmes de ficção científica.
Assim como o Facebook tropeçou nas mídias sociais antes de haver um setor de mídia social ou mesmo um rótulo, ele está prestes a fazer a mesma coisa mais uma vez com o metaverso.
Jeff alerta os reguladores: “Os reguladores precisam acordar. Eles têm tentado envolver suas cabeças em torno do que é o Facebook e como proteger os usuários pelo que a empresa fez e o que ainda está fazendo.
Eles estão lutando a batalha de ontem, no entanto, enquanto a batalha de amanhã está chegando forte.”
Pense no metaverso como um mundo artificial criado por novas tecnologias como Realidade Aumentada e Realidade Virtual. É um mundo de faz-de-conta que parece, sente, tem gosto e cheira como o mundo real.
Pense no filme, Matrix, e você terá uma noção do que é isso e do que se tornará com o tempo.
Neste caso, o metaverso e a Matrix são a mesma coisa.
Já vimos esse tipo de rebranding antes, mas essa remarca do Facebook leva-a a um nível totalmente novo.
Tente imaginar a quantidade de mensagens publicitárias, hábitos e informaçòes do Facebook, ou qualquer nome que ele seja rebatizado, controlando ainda mais a sua vida.
A realidade a cada dia anda ainda mais de braços dados com a ficção científica e nem tudo será para benefício seu.