INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, HACKERS E A REVOLUÇÃO NA SAÚDE

Ao longo de toda história da medicina, nada foi mais revolucionário do que a informação, é ela a boa informação, construída e edificada pela seriedade de cientista e não pelo casuísmo ideológico ou mercantilista quem mais salva vidas, se dúvida dessa informação procure ver o número de vidas que a ignorância informacional produz, quantas pessoas morrem diariamente vítimas do atavismo que alimenta a fé no desconhecimento, onde o para os pobres de espírito o pastor e o colega do grupo do WhatsApp acreditam entender tanto de ciência quanto os mais estudados cientistas.

Por isso cuidar da informação, em todo o seu ciclo seja nas pesquisas ou na guarda dos nossos dados sensíveis de exames, vacinas e outros ganha tamanha importância.

Por isso, que quando nos vemos diante de um ataque hacker ao Ministério da Saúde percebemos a gravidade do nosso momento, onde pobres de alma caçam comunistas (eu juro que um dia eles acabam encontrando) enquanto hacker passeiam pelos computadores do Ministério da Saúde e nos Correios, em um autêntico festival de invasão as bases públicas.

Como destacou Pedro Doria em um recente artigo publicado no Jornal estadão, o ataque demonstra que: “quem deveria dar ordens não entende o básico do sistema para saber que ordens dar. Outra é porque o ministério não tem qualquer contrato técnico que garanta a segurança digital. Uma terceira: quem pretende investigar é talvez a mais incompetente agência de inteligência do hemisfério, a Abin. O governo está dando um espetáculo de amadorismo.”

Demorou para o Ministério da Saúde compreender como foi realizado o ataque que pôs abaixo o Conecte-SUS e, com ele, as informações sobre a vacinação de todos os brasileiros, levando os técnicos a terrem de reconstruir o ambiente em que o sistema operava praticamente do zero.

E como loucura pouca é bobagem, mal este novo ambiente foi colocado no ar e, novamente, posto abaixo. Os hackers ainda estavam lá.

Toda essa fragilidade da a plena demonstração do descumprimento da Lei Geral de Proteção dos Dados das Pessoas, justamente no Ministério da Saúde que trata de dados sensíveis.

Se o vazamento de dados dá a dimensão da nossa fragilidade no tratamento dos dados da saúde, as constantes divulgações de inverdades sobre a pandemia, demonstram o outro lado do prejuízo que a ignorância informacional pode causar.

Recentemente, uma apresentação de slides falsa com os logotipos da OMS e do Fórum Econômico Mundial, mostrando um cronograma de quando as variantes seriam “lançadas”, disparou nas redes sociais, acumulando milhares de curtidas no Twitter e no Instagram. E logo, os adeptos das teorias da conspiração e antivacina, que possuem as melhores notas sobre fanatismo e as piores em ciências, passaram a postar a imagem, citando-a como uma prova de que a pandemia foi orquestrada por interesses poderosos e novas variantes eram parte de um plano obscuro(que remédio esse povo toma), isso em julho, novamente em novembro, quando cientistas sul-africanos identificaram a Ômicron, a imagem falsa voltou a circular, postada por pessoas que acham que a cepa é uma conspiração global. Outras alegações falsas sobre a nova variante surgiram nas semanas seguintes. Uma postagem em um grupo com mais de um milhão de membros no Telegram alegou que as vacinas causaram a Ômicron. Outra teoria defende que a cepa foi promovida por governos e farmacêuticas para minar a ivermectina, droga que os céticos da vacina dizem curar a covid-19, se cura ninguém provou, mas que estão sem vermes isso eles estão. É fantástico que esse delírio ainda persista depois de dois anos do primeiro caso.

A tecnologia vem sendo inimiga e ao mesmo tempo aliada no combate a pandemia, pois várias regras de compliance foram criadas pelas redes sociais para diminuir os efeitos desses malucos de plantão, e por sorte a Inteligência Artificial tem se mostrado uma grande aliada da medicina.

No momento em que a pandemia da covid-19 destravou algumas questões regulatórias do uso da tecnologia neste setor e acelerou o aculturamento das pessoas e dos médicos para as práticas de atendimento online, mostrando a importância desse horizonte para efetuar melhorias no atendimento no nosso SUS.

Nesse instante no Brasil, cerca de 150 milhões de pessoas, o equivalente a 71,5% dos brasileiros, não possuem qualquer serviço de saúde suplementar, como planos médico-hospitalares ou odontológicos, segundo dados do IBGE, pois o custo da saúde em qualquer lugar do mundo é elevado, e é nesse aspecto que a tecnologia ganha destaque, no barateamento do atendimento e no acompanhamento das pessoas.

A IA pode atuar nas soluções que permitam a priorização de atendimento e a gestão da rotina médica de pacientes, desde que alimentada por uma base de dados confiável e principalmente protegida.

Assim poderíamos predizer problemas de saúde, agilizando diagnósticos e melhorando as chances de cura, ou permitindo uma melhor qualidade de vida, como ao analisar instantaneamente milhões de combinações para orientar o tipo de medicação que terá melhor efeito para uma pessoa em tratamento de diversas doenças.

A importância das informações de boa qualidade na gestão da saúde pública é fundamental e em tempos de pandemia sua importância fica ainda mais evidente. No Brasil, como na maioria dos países a vacinação, é gerida exclusivamente pelo do sistema público de saúde.

Logo a linha aberta de comunicação entre os órgãos públicos e as pessoas é um a necessidade imperial, o que torna ainda mais importante a segurança desses dados, imagine o resultado do ataque por hackers ter alterado todos os registros de vacinação? Informação de qualidade, e uma linha direta com as pessoas é um senhor aliado no combate à toda e qualquer doença, e a instrumentalidade dessa garantia representa um avanço na construção da cidadania.

A informação contribui no combate e na prevenção de diversas doenças, imagine se de forma anonimizada nossos celulares recebesses as estatísticas públicas do número de vacinados de um lugar? Pense na situação você entraria em um restaurante onde 75% das pessoas não foi vacinada? Essa informação aparecendo no seu celular dando o grau de risco de um local de encontro de forma anonimizada protegendo essas pessoas e você?

Pense nessa digitalização, onde você recebe um SMS avisando a chegada da data e da disponibilização da sua primeira dose, lhe informando os locais mais próximos da sua casa ou trabalho, para você confirmar o agendamento? No dia e hora marcada você pode ir com o QR code no meu smartphone, eles escanearam, lhe passam para a área de vacinação, e enquanto estiver esperando após a vacina em até 10 minutos recebe o seu certificado de vacinação disponível no seu celular, o seu passaporte de vacinação.

O mesmo se repete para segunda dose, onde o SMS chega no horário esperado, indicando o mesmo local, e onde receberá a sua vacina e seu certificado, de forma impressa e também disponível na versão digital?

Na prática, estamos falando apenas de algumas operações em um banco de dados maciço, com conexões de entrada e saída através dos computadores com terminal de digitalização usado por enfermeiros no local de vacinação, que podem modificar os registros, e também o aplicativo utilizado pelos cidadãos, que só podem consultá-los. É um sistema razoavelmente simples eu sei, mas as verdadeiras revoluções sempre estarão na simplicidade dos procedimentos.

A base da transformação digital sempre será a informação de qualidade fluindo de forma fácil e com respeito a segurança dos dados.

Pense nisso para todo sistema de saúde, agilizando consultas, exames e cirurgias? Evitando deslocamentos desnecessários, poupando tempo e gerando eficiência em todo sistema? As maiores revoluções na história da saúde mundial foram realizadas pela informação, algumas gotas e vacinas e é claro uma dose gigantesca de boa e qualificada ciência.

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