INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E A SINGULARIDADE TECNOLÓGICA

Nos programas de televisão, nas lives, nos jornais e revistas a palavra inteligência artificial ocupa todos os espaços, seja nas mídias sociais ou nas mídias tradicionais, o curioso é que apesar da dimensão que ela tomou no último ano, já éramos atingidos por ela em muitas das nossas rotinas, pois ela nos circunda no mundo atual, ainda que nem sempre seja visível ou percebida como tal, afinal, o seu desenvolvimento levou a sistemas que por muita vezes se apartam do imaginário coletivo.
Como sabemos a pesquisa de inteligência artificial fez um progresso enorme em apenas algumas décadas e é justamente por conta dessa rapidez que o campo adquiriu uma reputação desafiadora e muitas vezes sombria. Por mais que seja necessária, constatamos que sempre que um projeto de pesquisa de inteligência artificial torna-se útil e popular uma nova descoberta é feita, esse produto acaba desenvolvendo-se de uma forma tão veloz, que não percebemos que ele só se tornou possível graças a inteligência artificial embarcada nele, logo, é o produto que ganha destaque e não a inteligência artificial, como no caso dos assistentes pessoais.
A Inteligência Artificial chegou ao seu atual status graças ao desenvolvimento de diversas especialidades que permitiram o atual grau de maturidade e estamos apenas no início. Robótica, Reconhecimento de Padrão, Sistemas Especializados, Provas de Teoremas Automáticas, Psicologia Cognitiva, Processamento de Palavras, Visão de Máquina, Engenharia de Conhecimento, o Simbólico Aplicado à Matemática e é claro a Linguística Computacional, foi o evoluir dessas áreas que levou a Inteligência Artificial ao atual patamar.
Conceitualmente a doutrina, e aqui juntamos a opinião de Allen Newell, entende que para um sistema seja considerado inteligente, é necessário alguns requisitos: 1) Operar em tempo real; 2) Explorar vasta quantidade de conhecimento; 3) Tolerar ações desconhecidas e inesperadas; 4) Usar símbolos e abstrações; 5) Comunicar-se usando alguma forma de linguagem natural; 6) Aprender com o ambiente e 7) Exibe comportamento adaptável focado em uma meta.
Quando falamos da inteligência humana quase sempre relacionamos ela a capacidade dar soluções de forma rápida aos problema e essa medida de referência foi se consolidando ao longo dos anos, ao ponto de considerarmos como mais inteligente quem resolve um problema em questão de minutos do que aquele que o resolve em semanas, meses. Logo, no entender de Kurzweil, “sendo um processo intrinsecamente não inteligente, a evolução gerou seres humanos, que são considerados inteligentes. Portanto, repita-se, um processo não inteligente, ou ainda, mesmo inteligente, pode gerar um produto inteligente ou, mesmo, mais inteligente do que ele, o que abre as portas para a possibilidade de criar-se computadores mais inteligentes que os Homens.”
É muito fácil de entendermos todo o entusiasmo com a Inteligência Artificial, ao ponto de Mark Zuckerberg, o CEO e Fundador do Facebook que acredita que em breve a IA terá supremacia sobre os humanos em todos os sentidos (visão, audição, linguagem e cognição geral). Considerando a permeabilidade da IA em todos os negócios, por decorrência todas as grandes plataformas digitais incorporaram nos últimos anos diversos negócios dedicados a IA, sendo ela requisito para a estratégia de todas as big techs.
Caminhamos a passos largos para construção da chamada “Superinteligência” com a união e comunicação por 5G dessas inteligências, agregando inteligências menores, algo que veremos na próxima década e logo estaremos diante de novos dilemas, na construção de um arcabouço legal que regra os limites e usos da inteligência artificial.
A inteligência, deve avançar nos bancos de genomas atrás da imortalidade, biológica e digital, atrás da singularidade. A singularidade tecnológica, será alimentada também pelo desenvolvimento das pesquisas com redes neurais, computação paralela, virtualização de computadores e clusters de computadores e de servidores.
Segundo o cientista brasileiro Nicholas Negroponte, que se dedica ao estudo da vida digital citando Mitchel Resnick, em seu livro: Turtles, Termites and Traffic Jams, “o resultado de uma série de processadores de alta resposta que se comportam de forma individualizada e seguem regras harmoniosas, sem que haja um comandante.” Para exemplificar ele cita “uma plateia à qual se pede que bata palmas unissonamente e que, sem um organizador geral, sem que haja alguém em particular a definir o ritmo dos aplausos, o coletivo em poucos segundos sincroniza o ritmo. Essa conduta é cibernética. Tudo isso concorrerá para que a inteligência artificial se desenvolva ainda mais, atingindo patamares compatíveis com os da inteligência humana e mesmo superando-a.”
Muitos são os desafios jurídicos para regrar esses avanços, tanto do ponto de vista da Lei Geral de Proteção dos Dados, pois as máquinas aprendem de forma probabilística através da repetição de nossas rotinas, quanto ao fato da transparência sobre quais dados são coletados. Coleta, tratamento e aprendizado são a matéria prima que a inteligência artificial usa.
Quais são os limites, éticos? Quais são seus dados que essas máquinas vão recolher? Quanto você sabe sobre o uso deles? É apenas o início.

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