A recente reserva para o IPO do negócio de hidrogênio da ThyssenKrupp deu uma dimensão da aposta dos investidores por essa fonte alternativa de energia. Afinal o hidrogênio verde é um vetor de energia que vem de fontes renováveis e com zero emissões de CO2, e logo e chamado a ter um papel essencial no processo irreversível de descarbonização. Esse último parágrafo, está em um material de apresentação da empresa espanhola Repsol de petróleo, que recentemente dobrou seu compromisso com o hidrogênio verde com investimentos de 2,5 bilhões de euros.
O crescente compromisso com o hidrogênio é uma tendência ascendente entre as grandes empresas europeias, com o propósito de alcançar uma exposição significativa a médio e longo prazo nesta área de negócios. Mas se o investidor prefere uma exposição muito maior ao hidrogênio, as possibilidades de alternativas disponíveis no mundo são reduzidas bem como também o tamanho das empresas diminui.
O IPO do negócio de hidrogênio da ThyssenKrupp, conhecido como Uhde Chlorine Engineers (UCE), está previsto em seu livro de oferta para o início de 2022, e certamente deve mudar o mapa do setor, criando novas referências no radar dos investidores. A empresa deve atingir um valor de cerca de % bilhões, em uma projeção publicada pela Bloomberg.
Outras empresas de energia alternativa, focadas no Hidrogênio também já estão no radar dos investidores, como no caso da Ceres,com uma capitalização de mais de 2,5 bilhões de euros. A empresa britânica já acumula uma alta na Bolsa de Valores de Londres próxima de 50% nos últimos 12 meses, isso considerando apenas os investidores qualificados, pois a oferta ainda não foi a público, e seu preço alvo prev6e alta de 40%.
Outra britânica a ITM Power destaca-se pelo seu tamanho na Bolsa de Valores em relação à média do setor, representando cerca de 3,3 bilhões de euros já capitalizados, lembrando que essas empresas ainda não possuem ofertas abertas, apenas a capitalização por investidores qualificados(restritos), e que assim como a ceres já deu para os investidores da primeira rodada um retorno superior a 50%.
Na França, tem a McPhy Energy, que já se encontra listada na bolsa francesa, mas apenas para investidores qualificados , e já está sendo avaliada pelas rodadas de investimento em 640 milhões de euros, em que pese ser menor que as demais que falamos.
Na bolsa sueca tem a Powercell, e na bolsa norueguesa tem a Nel que é uma das maiores empresas europeias de hidrogênio em termos de capitalização, ultrapassando 2,7 bilhões de euros em avaliação.
As possibilidades de investimento na Europa em empresas específicas de hidrogênio está se expandindo à medida que a febre para essa fonte alternativa de energia se consolida.
Investidores europeus de empresas de energia renovável que viram seus preços sofrerem uma correção generalizada em 2021 têm cada vez mais opções para formar seu próprio portfólio de empresas específicas de uma das fontes alternativas mais interessantes, o hidrogênio.
A febre de investimento para o hidrogênio teve que mudar para empresas com uma exposição mais ou menos relevante a esse segmento de negócios devido à escassez de empresas e abertas aos investidores menores.
Por isso a chegada da gigante industrial alemã, ThyssenKrupp é tão festejada pelas demais, pois cria uma senhora referência. É bom lembrar que há meio ano, em maio, o Credit Suisse havia avaliado esse negócio em 2,8 bilhões de euros, e a previsão para o início de janeiro é um valuation de 5 bilhões de euros.
Lembro que a British Hydrogene One Capital, que estreou há três meses e meio na Bolsa de Valores de Londres, já registra aumentos de mais de 20% neste curto período.
A Repsol apresentou em sua estratégia de hidrogênio até 2030, prevê investir nesse período cerca de 2,54 bilhões de euros, na instalação de 1,9 GW, o que representa 58% a mais do que previa em seu plano estratégico anterior.
Para atingir essa metas, a Repsol utilizará diferentes tecnologias para instalar uma capacidade de 552 megawatts (MW) em 2025 e 1,9 GW em 2030.
Entre as tecnologias que utilizará para atingir seu objetivo estão a eletrólise, produção a partir de biogás e fotoeletrocatalise.
Por outro lado, a Repsol está adaptando suas infraestruturas convencionais de produção de hidrogênio para obter hidrogênio renovável a partir do biogás, utilizando tecnologias ligadas à economia circular. Assim, produzirá hidrogênio a partir de resíduos orgânicos de diferentes fontes, como resíduos urbanos, biomassa ou subprodutos diferentes de indústrias agrícolas e pecuárias.
Além disso, a Repsol aposta na tecnologia fotoeletroidalyse há mais de uma década, cuja principal vantagem em relação às soluções atuais é que só é necessário ter água e luz solar como matérias-primas para produzir hidrogênio 100% renovável. Seu novo design permite a quebra da molécula de água em hidrogênio e oxigênio renovável em um único passo, diretamente da radiação solar e sem a necessidade de conectar os dispositivos a uma fonte de energia elétrica. Dessa forma, é possível reduzir significativamente o custo do processo não dependendo do preço da energia elétrica, aumentando sua competitividade.
Segundo uma reportagem do jornal Expansion, atualmente, 90% do hidrogênio é usado no setor industrial como matéria-prima na indústria de refino, amônia, siderurgia e indústria química, principalmente.
Enquanto isso, no Brasil a Nissan, recentemente, renovou um convênio com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) ligado à USP, com a ideia de extrair do etanol o hidrogênio necessário para a célula a combustível dos seus carros.
Isso seria fantástico para o Brasil, pois a ideia do projeto é que o carro pare no posto, se abastece de etanol e dele se extrai o hidrogênio que vai alimentar a Fuel Cell que gera a energia elétrica para movimentar o carro.
Assim, o Brasil terá seu automóvel elétrico sem limite de autonomia, pois é “recarregado” pelo etanol que se encontra em qualquer posto do país.
A Nissan é a única fábrica no Brasil que desenvolve um carro elétrico movido por célula a combustível. Porém, sem os problemas de produção e armazenamento do hidrogênio, combustível usado em todos os outros automóveis que usam esta tecnologia (Fuel Cell).
Dessa maneira o Brasil se torna um país um exportador de tecnologias para carros híbridos flex, que rodam com álcool, gasolina e eletricidade.
No momento em que os carros elétricos ganham as ruas do mundo, o pioneirismo do Brasil na comercialização e produção de carros movidos a etanol ganha destaque, algo que começou nos anos 70.
Ou seja, nosso carro movido a etanol pode sim produzir hidrogênio, e se antes os carros a álcool eram questionados, com a chegada dos carros flex, em 2003, essa tecnologia ganhou autonomia, e literalmente, flexibilidade.
Nesse momento, 97,7% dos carros produzidos no Brasil podem ser abastecidos com álcool ou gasolina, puros ou misturados em qualquer proporção.
O etanol em comparação à gasolina, proporciona uma redução de 90% nas emissões dos gases causadores do efeito estufa. Em relação ao diesel S10, com baixo índice de particulados, a diminuição é de 50%.
A estratégia para convencer países que hoje criam legislações que favorecem a eletrificação dos carros também passa pelos dados de emissões de CO2 e de poluentes, e logo é fundamental que esses conjuntos normativos incluam também os veículos movidos a etanol.