Futebol e Streaming, um Caminho Irreversível.

O avançar do streaming, essa tecnologia de transmissão de dados pela internet, seja de áudio ou vídeo para as novas plataformas sem a necessidade de baixar o conteúdo, contribuiu imensamente para sua popularização, pois, o arquivo é acessado pelo usuário online e assim, o detentor do conteúdo transmite a música ou filme pela internet sem que esse material ocupe espaço no computador ou celular.

Quando essa tecnologia é utilizada para a transmissão de partidas de futebol ou qualquer outra modalidade, permitindo a visualização on-line de qualquer divisão ou modalidade esportiva, o sucesso é imediato, por isso é fácil concluir que o streaming no futebol ou em qualquer outra modalidade, efetivamente veio para ficar.

Com a publicação da Medida Provisória pelo presidente Jair Bolsonaro, modificando a Lei Pelé, alterou os direitos de transmissão dos jogos de futebol, os contratos de exclusividade perderam com isso parte significativa da sua força e com assim os serviços de streaming passaram a ter mais relevância

A MP do dia 18 de junho promoveu aos times mandantes dos jogos o direito exclusivo de transmissão de suas partidas, dessa maneira torna-se desnecessário acordar o campeonato inteiro com apenas uma emissora e sendo assim, os clubes mandantes podem transmitir os jogos por seus serviços de streaming, vender para diversas emissoras ou até para serviços de streaming estrangeiros. É óbvio que isso deve dificultar a negociação com uma só emissora de todo campeonato, pois, vai exigir um esforço muito maior.

Alterou-se assim a lógica até então existente no futebol brasileiro, onde a maior parte da renda dos clubes era advinda dos contratos fechados com a Rede Globo e que os dividia com seus canais SporTv e Premiere. E onde a cota destinada a cada clube dependia da audiência, colocação na tabela e desempenho, ainda que houvesse um valor mínimo que era pago igualmente a todos.

A MP 984 interviu no futebol brasileiro, porém, apontou muitos e novos caminhos, não só para os clubes mas para diversas outras modalidades de esporte.

O primeiro case, ocorreu no final do campeonato carioca, onde a Rede Globo deixou de transmitir e a final foi televisionada pelo SBT, FlaTv e um serviço de streaming que levou as imagens à China, claro que respeitando os contratos previamente assinados que continuam valendo, como no caso do Campeonato Brasileiro.

Novas plataformas digitais implicam em maior e melhor dinâmica de audiência e tudo leva para um desenho multiplataforma de mídia, onde a exclusividade da TV acaba, quem quiser vencer vai precisar estar em todas as plataformas ao mesmo tempo e o futebol ou qualquer outro esporte precisa inovar para buscar públicos jovens, que nos últimos anos foram perdidos para os e-games.

Plataformas com custo de produção mais barato abrem também espaço para diversos esportes em novas modalidades e divisões, com isso o mercado amplia para todos, atletas, profissionais de mídia, agências de publicidade e patrocinadores regionais.

Ao mesmo tempo, no caso do futebol, a visibilidade tende a ser expandida para mercados onde não chegamos, aumentando a divulgação dos clubes enquanto marcas e de seus principais ativos, os atletas. A melhor referência disso é o futebol europeu, que é transmitido para um elevado número de países pelas mais diversas plataformas. Ao expandir a visibilidade, expande-se a marca, ativo intangível do clube, bem como seus produtos licenciados crescem juntos, trazendo assim novos investidores com os mais diferentes apetites de investimento publicitário. Um anunciante para cada plataforma distinta de acordo com o bolso.

Ë claro que nem tudo é um mar de rosas, existem muitas desvantagens também, entre elas os opositores à ideia alegam que o desequilíbrio para com os clubes pequenos tende a aumentar, uma vez que a medida acaba por favorecer os clubes de maior torcida, uma vez que cada diretoria fica responsável por negociar cada jogo que o time tiver o mando de campo, caso não haja comprador, o jogo não é televisionado e o mandante não tem arrecadação nenhuma sobre os direitos de transmissão, embora eu tento imaginar que não faz sentido se o jogo for Figueirense e Flamengo, no caso o mandante ao negociar iria sim se beneficiar da ampla audiência que o Flamengo iria proporcionar.

Existe ainda a possibilidade da distância profissional entre times grandes e pequenos aumentar e, por isso, o desequilíbrio nos campeonatos poderá mostrar-se mais evidente, visto que grandes clubes mais estruturados poderão se aproveitar ainda mais dos novos canais, algo que ao nosso ver já ocorre.

Os números do primeiro testes foram animadores, onde a audiência seguiu na casa dos milhões ainda que em tv aberta seria bem maior, o fundamental é ter claro que são públicos distintos.

O streaming não representa a morte da TV aberta, afinal, o mesmo já foi dito do rádio e ele continua aí se reinventando

O fato é que com o celular o ato de torcer passa a ser mais individualizado, claro que com qualidade não estará disponível para todos e não serão poucos os problemas na transmissão, mas é só o início de algo muito promissor.

São novos tempos, novas plataformas que obrigam os canais de mídia tradicionais a se reinventarem, sendo cada vez mais uma plataforma de mídia e de negócios.

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