A sustentabilidade é e sempre será plural, afinal cuidar dos recursos naturais é dever de todos e os benefícios das ações nesse sentido são também destinados a todos.
A tecnologia vem sendo parceira com inúmeras experiências no mundo. O uso de drones e robôs para verificar instalações, limpeza ou melhoria de infraestruturas, entre muitas outras funcionalidades vem tomando corpo em todos os lugares e no Brasil não poderia deixar de ser diferente..
Com isso as usinas renováveis, além de produzir energia, também estão se tornando um campo de experimentação para o tecido empresarial mais inovador, acomodando startups de todo o mundo que buscam e propõem soluções para as atividades cotidianas dessas instalações.
Na Espanha a usina solar Endesa em Totana (Múrcia), já se tornou um campo de experimentação de muitas dessas tecnologias, pois monitoram o estado dos painéis com drones e estão experimentando diferentes tecnologias para a limpeza automática dos painéis solares, a fim de melhorar o desempenho das instalações. Essa planta foi também pioneira na experimentação de medidas para salvaguardar a biodiversidade com culturas agrovoltaicas entre seus painéis e um corredor ecológico de 8 hectares que permite conservar espécies nativas.
Junto com a iniciativa nasce um mar de oportunidades para startups, e nesse sentido, a Endesa está colaborando com startups ao redor do mundo para experimentar com robôs autônomos movidos a energia solar, que permitem a limpeza de terras em áreas de difícil acesso, reduzindo ou eliminando o uso de herbicidas.
Para inspecionar as infraestruturas, hoje já se usam robôs de escalada que graças a um sistema magnético escala o eixo de uma turbina eólica que pode chegar a 100 metros de altura, e consegue verificar o status das soldas articulares da torre. Uma tarefa que facilitaria muito os tempos e a segurança das pessoas que trabalham na operação e manutenção dessas instalações.
Uma nova iniciativa que está sendo aplicada é o uso de robôs para a revisão externa e interna das lâminas das turbinas eólicas. Esse método de robôs multifuncionais facilita as tarefas das equipes de revisão de infraestrutura, reduzindo o tempo de inatividade da instalação e aumentando a segurança das pessoas.
Startups já desenvolvem também, para a inspeção de dutos e instalações subterrâneas, drones de navegação autônomos e veículos terrestres controlados remotamente, além de veículos submarinos controlados remotamente para a inspeção de infraestrutura submersa.
Tecnologia que vence sempre será aquela que represente um aumento da comodidade e do conforto para seu usuário, e isso não depende apenas da solução, mas também de um conjunto de fatores que venham a recepcionar essa nova tecnologia.
Tente imaginar nossos celulares sem um conjunto de normas que tenha criado um ambiente de incentivos e obrigações para os prestadores de serviço? Já pensou aparelhos sem linhas e sem cobertura? Transmissão de dados travando? Isso apenas para ficar no exemplo dos celulares.
O mesmo ocorre com a oportunidade e o desafio da microgeração, transformando a maior parte das nossas casas e edifícios, sejam eles comerciais ou residenciais, em auto-produtores de energia? E assim contribuindo cada qual com a sua parcela?
E qual o papel da tecnologia e dos instrumentos regulatórios nesse problema?
É certo que por hábitos os grandes problemas parecem repousar nas costas dos nossos governantes de plantão, como se cada um de nós não tivesse também a sua participação na solução.
Nossas cidades são inteligentes na medida em que fazem parte de uma vanguarda que entende que as cidades devem se mudar para uma nova era em que cuidar, economizar e gerar energia é um dever de todos.
Tornar obrigatória a participação na geração de novas fontes de energia é um dever de todos e acima de tudo, uma medida de segurança energética, ou vamos eternamente viver e conviver com os pesadelos de ex-tarifários e cortes?
(Artigo publicado no site www.mistobrasilia.com, em 23 de Dezembro de 2021).