Do total de carros vendidos no Brasil no primeiro semestre, os carros elétricos representam apenas 0,03%, um número ainda pífio (239 unidades) mas o suficiente para ser assunto na maioria dos debates quando o assunto é mobilidade. Evidentemente que no caso brasileiro, ao contrário da China e da Europa, o preço tem sido o grande entrave.
Quando nesse número entram os híbridos, por conta do nacional, Toyota Corolla híbrido, lançado no ano passado, a soma dos eletrificados é de cerca de 7.500 automóveis, o que representa três vezes o volume registrado no mesmo período do ano passado. Além do Corolla, outras marcas lançaram seus modelos híbridos como Volvo e Lexus. Nesse momento existem 12 modelos elétricos à venda no Brasil, sendo o subcompacto chinês JAC IEV20, o mais barato, custando a partir de R$ 139.900.
Tudo se move para políticas de incentivos, ampliadas para híbridos e elétricos, segundo uma tendência mundial.
O que é fácil de se entender, enquanto tendência, se tivermos a Tesla como referência, afinal no momento em que as ações da Tesla ultrapassam 2 mil dólares, em desafio aos céticos que há apenas meio ano, alegavam que a montadora de carros elétricos estava superestimada, isso quando as suas ações eram avaliadas em cerca de US$ 420.
Esse movimento de valorização das ações são resultado e mérito da própria Tesla e refletem o crescente interesse do mercado em veículos elétricos, a ponto de empresas como a GM considerarem encerrar suas iniciativas nesse sentido. Com seus cofres cheios, Tesla está pronto para entrar em sua próxima etapa, afinal nos últimos anos, a Tesla já se mostrou capaz de realizar sua primeira missão: projetar veículos elétricos atraentes, fabricá-los em larga escala, ganhar dinheiro com isso e por consequência, revolucionar o mercado automotivo forçando outras marcas a mudarem sua estratégia e lançar-se na produção de veículos elétricos, uma mudança que a indústria pretendia dilatar o máximo possível e que a Tesla conseguiu precipitar transformando os veículos elétricos não mais uma alternativa mais consciente, madura e economicamente significativa, mas também mais atraente em todos os sentidos, em todos os cantos do mundo, tornando-se um caminho obrigatório e por conseguinte, identificar que a indústria automobilística está ao menos cinco a dez anos atrás da empresa de Elon Musk.
O licenciamento da tecnologia da Tesla, pode ser uma alternativa para acelerar, transformando a montadora em fornecedora de peças e sistemas, assim a Tesla receberia uma receita substancial e poderia continuar avançando em tecnologia, como uma boa empresa de tecnologia que, circunstancialmente fabrica carros e como um terceiro derivado, mas não menos importante, o mundo se beneficiaria de uma redução das emissões, algo na pauta preferencial do mundo.
Muitas são as polêmicas sobre a adoção dos veículos elétricos, que geram uma considerável discussão:
“Os veículos elétricos poluem o mesmo que os veículos a combustão porque usam energia de combustíveis fósseis e, portanto, só transferem a poluição”. O argumento, conhecido como “teoria dos tubos de exaustão longos”, foi completamente desarmado em inúmeras ocasiões por múltiplos estudos científicos, e ainda assim permanece rotineiro, como se fosse algum tipo de dogma ou verdade religiosa.
“A fabricação de veículos elétricos é muito poluente”. Outro argumento absurdo, dado que a fabricação de um carro elétrico é, antes de tudo, significativamente mais simples do que a de um com motor de combustão interna e além disso, as empresas que os fabricam são muitas vezes especialmente cuidadosas nesse sentido com seus processos.
“Os componentes da bateria são muito perigosos, muito escassos e criarão poluição.” Outro argumento que descreve aqueles que o tornam completamente ignorante: lítio, cobalto e outros componentes das baterias atuais podem ter má imprensa devido às características de alguns dos países que as obtêm através da mineração. As baterias perdem desempenho ao longo do tempo (muito menos do que alguns afirmam), mas ainda servem a outros usos e seus componentes são recicláveis através de processos cada vez mais eficientes. Fingir ver lítio ou cobalto como algum tipo de lixo nuclear perigoso é simplesmente estupidez sem sentido. Por outro lado, a tecnologia de desenvolvimento de baterias está em evolução contínua e rápida em termos de custo, materiais e eficiência, e segue a linha usual de componentes tecnológicos: eles estão ficando melhores, mais baratos e mais eficientes.
“As recargas levam muito tempo e isso torna os veículos elétricos impraticáveis para viajar” Outro mito, que começa com a presunção de que todos nós deveríamos ter veículos para um único uso, viajar, completamente ocasionalmente, e continua citando “histórias de horror” de usuários que levaram horas e horas para chegar aos sites. A realidade é que uma recarga pode ocorrer mais rápido quanto a potência fornecida, visto que a maioria recarrega em supercarregadores tesla, cada vez mais abundantes e dura em média dez ou quinze minutos, um tempo perfeito para descansar bebendo um café e novamente, que a tecnologia que permite recarregar as baterias de forma mais rápida e eficiente está em evolução rápida e contínua.
Tudo isso com uma evidência de palma: que um veículo elétrico pode atender a 90% das necessidades de seu proprietário sem a necessidade de infraestruturas adicionais de carregamento, simplesmente recarregando em casa à noite.
Mitos, mentiras e desinformação. Durante anos, tais mitos foram sistematicamente alimentados pela indústria petrolífera, exercendo um efeito de gota malaio, uma mensagem que muitos erroneamente engoliram em sua totalidade. Mas o que leva a pessoas supostamente maduras e inteligentes permanecem teimosamente agarradas a esses argumentos quando estão provando sua falsidade? Vamos lembrar: não falamos sobre opiniões, falamos sobre argumentos e evidências científicas.
Híbridos, elétricos, compartilhados, o movimento é veloz no sentido de diminuir o número de carros, e tudo caminha para uma nova alternativa multimodal onde devemos morar mais próximo dos nossos trabalhos, ou trabalhar de casa como no ensina a pandemia.
Novos modais com energia menos poluente é um caminho sem volta, seja o carro próprio ou alugado, os carros caminham por uma nova estrada onde a propriedade deixa de ser importante.