DE VOLTA PARA O FUTURO, POIS SONHAR NÃO CUSTA NADA

O mundo que vivemos é sempre a soma dos nossos sonhos, a soma do que alguém sonhou e realizou, e a soma daquilo que acreditamos e fizemos. Logo, sonhar não custa nada. Caminhar na certeza de realizar nossos sonhos é sempre a melhor forma de passarmos por todos os desafios constantes que a vida nos apresenta.

Na década de 80, uma sequência de três filmes desenhava um futuro distante, através de um carro que viajava no tempo. O curioso é que o filme tinha diversas previsões que ainda não ocorreram e outras que já ficaram ultrapassadas.

A sequência de três filmes é imperdível para os amantes da tecnologia. De Volta para o Futuro I, II e III são três ótimos filmes para um fim de semana chuvoso, para ver com os filhos ou apenas pra recordar e refletir sobre tudo que sonhadores já sonharam e reproduziram na sétima arte.

O carro do filme, o Delorean sofreu uma atualização, prá lá de futurista e agora foi relançado como Delorean Alpha 5, que retorna ao presente com motorização elétrica. Para toda uma geração que teve a oportunidade de assistir à estreia nos anos 80 da saga De Volta para o Futuro é algo como um sonho pensar em possuir um Delorean DMC-12. Um veículo que passou para a imaginação coletiva como a cápsula capaz de dobrar os limites do espaço-tempo graças ao seu  “condensador”, projetado pelo Dr. Emmett Brown.

Ainda que o novo Alpha 5 EV tenha pouco a ver com o modelo pilotado pelo jovem Michael J. Fox, sua comercialização continua estimulando a nostalgia dos anos 80. Apesar de tudo, mantém algumas características do original, como as grades traseiras do para-brisa e a abertura de portas em asas de gaivota. Claro, a motorização foi atualizada para as necessidades do nosso tempo com um alcance de 450 quilômetros graças a baterias de 100 kWh.

A fabricante de automóveis reativada DeLorean Motor Company, reconhecida mundialmente pelo carro que estrela a saga cinematográfica, cruzou sua travessia particular do deserto. Primeiro experimentou um relativo sucesso de vendas após o lançamento do filme, depois passou por uma falência técnica e finalmente está esverdeando louros na era da mobilidade elétrica. O primeiro lançamento sustentável desta ressurreição é o Alpha 5, um cupê elegante com uma linha reconhecível, com o sistema característico de abertura de portas verticais.

A produção da nova Edição Limitada Alpha 5 está planejada para começar com um lançamento exclusivo de apenas 88 unidades ao preço de 172.000 euros. Ele será capaz de chegar a velocidades acima de 240 km/h, embora uma limitação eletrônica tenha sido aplicada. As primeiras estimativas são muito otimistas, então eles já estão preparando uma versão sedã e até mesmo trabalhando em um novo carro esportivo com um motor V8 e um SUV a hidrogênio.

John DeLorean morreu em 2005 aos 80 anos, embora já tivesse vendido os direitos da empresa alguns anos antes. Desde então, houve inúmeras iniciativas para tentar reativá-la, em grande parte, devido à pressão dos próprios consumidores. Todos foram reprovados até que esta empresa do Texas colocou toda a carne na grelha, apostando firmemente em sua ressurreição. E para que nada seja deixado ao acaso e tenha quase sucesso garantido, foi feito com os serviços do prestigiado ex-diretor da Tesla e Karma Automotive, Joost de Vries, na esperança de que ele volte a colocar em prática a mesma magia de gestão que implantou em suas empresas anteriores.

Voltando ao filme ele conta a história do encontro de um jovem e de um pesquisador posto a margem da sociedade e por vezes ridicularizado, o que é curioso para a reflexão dos tempos atuais, onde paramos para discutir se a terra é redonda ou se devemos tomar vacinas.

Curiosamente, em meio a imensidão de conteúdo de qualidade disponível, os homens caminham na confirmação das trevas, na edificação de mentiras que lhes deixem em sua zona de conforto.

Atravessar o inebriante mar do conhecimento é sempre um desafio maior, afinal a busca do saber exige a tenacidade dos escafandristas que mergulha, em águas profundas, onde a única certeza será a ampliação do quanto ainda temos por estudar. Logo para os que nadam em águas rasas, nas praias da ignorância que se multiplicam nas redes sociais, serão sempre um porto seguro, afinal idiotas são seres sem dúvidas apenas certezas.

O que diariamente podemos ver nesses veículos de comunicação da “economia da desatenção”, as redes sociais, é o que chamamos de efeito Dunning-Kruger, um problema ligado à metacognição, a habilidade do indivíduo em monitorar seus processos cognitivos e identificar suas limitações de conhecimento e compreensão em diversas situaçõesNas publicações dos “PHDs” de rede social, esse efeito se manifesta mais comumente nas pessoas como a incapacidade de reconhecer sua própria ignorância, alimentando, assim, uma ilusão de superioridade e conhecimento superestimados. De forma mais direta: quanto mais ignorante em determinado assunto, mais confiante a pessoa pode se sentir ao opinar sobre ele. O efeito leva o nome dos pesquisadores que que foram pioneiros em seu estudo.

É claro que a ignorância, acompanhada da certeza, é um problema pra lá de histórico. Como salientava Leonardo Da Vinci: “A ignorância gera mais frequentemente confiança do que o conhecimento: são os que sabem pouco, e não aqueles que sabem muito, que afirmam de uma forma tão categórica que este ou aquele problema nunca será resolvido pela ciência.”

David Dunning e Justin Kruger, dois psicólogos da Universidade de Cornell, identificaram um sujeito, McArthur Wheeler, que acreditava ter o poder de ficar invisível ao passar suco de limão no rosto e, confiante na sua habilidade, assaltou dois bancos sem usar máscara alguma. Wheeler, que chegou a piscar para uma das câmeras de segurança em um dos assaltos, foi, claro, facilmente identificado pela polícia após analisarem as imagens. O mais intrigante na atitude de Wheeler é que ele não apresentava sintomas de transtornos psiquiátricos e nem estava sob efeito de entorpecentes; ele realmente acreditava em sua invisibilidade diante das câmeras ao cometer o crime. Tanto ele acreditava nisso que, relataram os policiais, Wheeler ficou chocado que seu plano infalível (?) tivesse falhado e lhes teria dito, espantado: “Mas eu usei o suco de limão!” algo que nos remete ao conteúdo publicado em suas redes sociais, e sua cegueira por mitos e preconceitos.

A história pra lá de hilariante, acabou por motivar um estudo de Dunning e Kruger publicado em 1999, em que os pesquisadores investigaram o que leva um indivíduo a sentir-se tão confiante e a superestimar tanto suas habilidades sobre algo, ainda que não tivesse um conhecimento razoável para isso, o que, evidentemente, pode levar a pessoa a um comportamento absolutamente estúpido e ainda ter orgulho disso. A conclusão à que chegaram Dunning e Kruger foi a de que a ignorância gera realmente mais confiança e segurança do que o conhecimento, o que Leonardo Da Vinci, quase 500 anos antes já havia percebido.

A fé cega, que a ignorância gera certamente é patológica, e contamina todos os que estão em volta, seja na família, no trabalho ou nos grupos das redes sociais, afinal aos idiotas nunca lhes falta convicção.

Como destacava Charles Darwin: “Aqueles encontrados na escuridão dominados pelo comodismo e mentiras, a ignorância os cega. Aqueles em que os raios do Sol os atingem, a sabedoria e a realidade prevalecem.”

As espécies evoluem e isso é um requisito, pois, é antes de mais nada, uma mudança ao longo do tempo. Apesar de não sabermos de antemão o que será produzido, podemos garantir que alguma coisa será, porque seu padrão ficará estável. O que garante isso é o algoritmo em ação. Darwin estava interessado em espécies vivas, mas o “algo” que ganha estabilidade pode ser o que for: espécies de organismos, tecnologias, ideias, um “meme” qualquer, se o algoritmo estiver em ação, a evolução terá de ocorrer, como conclui Clemente da Nóbrega em sua obra sobre a transformação digital.

É na lógica comercial da nossa economia de atenção das redes sociais, que mora o perigo da disseminação da ignorância, pois nesse momento o algoritmo se alimenta de praticamente tudo o que é teclado, todo dia, toda hora, todo segundo, no mundo todo, e com mais sensores ligando (microfones, câmeras) outras informações e padrões que são captados por eles.

De forma assustadora o planeta estaria começando a ser conquistado (ainda que sem muito barulho) pelas forças do algoritmo digital com sua habilidade sutil para vencer o ruído na rede. Essa inteligência foi melhor notada pelo Google e por isso, nas diversas narrativas da história do Google, isso é registrado, pois vários autores relatam falas mais recentes dos fundadores do Google.

Com a digitalização de todas as informações, quase tudo que conhecemos está datado pelo processamento de dados (sem trocadilho) filtrados do caos e confusão por algoritmos e transformados em informação por meio da interação com nossas inferiores inteligências de humanos), principalmente gerados na Internet em todo tipo de interação, onde cada click, cada link aberto, cada e-mail, cada busca, cada post no Facebook, cada foto, cada “curtida” alimenta esse banco.

Dados, sem filtros, uma das tendências também apontadas por Kevin Kelly, geram apenas ruído, e a ignorância se aproveita disso, é fundamental possuirmos filtros desse exagero de dados, os algoritmos são esse filtro, por eles novas mensagens são montadas e codificadas e posteriormente, realimentando o banco de dados de forma permanente.

O algoritmo assim evolui e vai embutindo informação nova (inteligência) a cada ciclo, e vai se transmutando sem intervenção de ninguém por meio de uma reprogramação contínua que ele faz em si mesmo. É a maneira pela qual um cérebro aprende, programada em um algoritmo. O algoritmo aprende.

Por isso, o resultado final do processo é uma competência que ele adquire; uma especialização em alguma coisa. O algoritmo gera mais inteligência para si próprio porque aprende com o que os usuários estão fazendo a cada ciclo. Ele vai ficando mais inteligente, mas os humanos que o conceberam no início não estão.

Logo, o barulho gerado pela ignorância e seu séquito de seguidores se alimenta dos seus seguidores, onde por suas crenças ideológicas estarão sempre receptivos a acreditar nas mentiras e invencionices de robôs que geram desinformação nas redes sociais.

Desnudar mentiras nas redes sociais é quase sempre uma tarefa árdua para os céticos, que se entregam a pesquisa e ao estudo, algo impossível aos ignorantes. Pare por alguns minutos e veja nas suas redes sociais, quanto de conteúdo original tem na publicação do atraso, que invariavelmente apenas replica pelo compartilhamento conteúdos de terceiro, invariavelmente desconhecidos do universo acadêmico?

A percepção da produção de barbárie por ouvidos e bocas da ignorância também foi destacada pela letra fina de Nelson Rodrigues “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos…”

A lógica comercial das redes sociais acaba por empoderar idiotas, e o desafio da ciência na construção da verdade para derrubar os “falsos mitos” é permanente, extenuante, mas ao mesmo tempo necessário e urgente no enfrentamento da boa luta.

Até lá muita paciência com os adoradores de mentiras, que replicam e que quando enfrentados com a verdade dizem “Eu não sei se é verdade, mas achei importante compartilhar” Cretinos sempre tentam ser simpáticos quando dissimulam sua ignorância.

Logo, para os de mentes abertas e de espírito leve, o desafio será passar por esse período de escuridão. O que me faz lembrar o samba enredo da Mocidade de 1992, no carnaval carioca, uma composição de Paulo Costa Alves, Claudio Jose Da Silveira e Edson Rodrigues Catalão cujo título era “Sonhar Não Custa Nada! Ou Quase Nada..”

“ Sonhar não custa nada
O meu sonho é tão real
Mergulhei nessa magia
Era tudo que eu queria
Para esse carnaval
Deixe a sua mente vagar
Não custa nada sonhar
Viajar nos braços do infinito
Onde tudo é mais bonito
Nesse mundo de ilusão
Transformar o sonho em realidade
E sonhar com a mocidade
E sonhar com o pé no chão……”

Logo sonhe os sonhos mais belos que possas sonhar, pois dias melhores virão…..

1 comentário em “DE VOLTA PARA O FUTURO, POIS SONHAR NÃO CUSTA NADA”

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