Quantos de nós sabemos os sites que nossos filhos entram, e o que fazem lá?
Quantos de nós, falamos com nossos filhos sobre cyberbullying? Quantos de nós encorajamos nossos filhos a falar conosco quando os mesmos recebem mensagens assediadoras ou perturbadoras, imagens ou vídeos na internet ou em seu telefone?
Quantos de nós monitoramos as atividades online dos nossos filhos? Ter uma comunicação aberta e honesta com seus filhos ainda é a melhor abordagem.
O cyberbullying afeta 17% das famílias em todo o mundo. Esses dados, obtidos em 2018 pela Ipsos Public Affairs, refletem uma situação preocupante para milhares de crianças perseguidas na internet por seus colegas de classe. Alguns países, no entanto, diminuíram esses ataques graças a uma ideia brilhante: o programa KiVa.
O cyberbullying não é um evento isolado. De acordo com uma pesquisa de 2018 elaborada pela Ipsos Public Affairs, multinacional de pesquisa de mercado, esse flagelo das escolas e institutos do século XXI é um problema universal e de grande incidência: quase 1 em cada 5 pais no mundo admite que pelo menos um de seus filhos já sofreu cyberbullying em algum momento. Nesta pesquisa online com cerca de 21 mil pessoas de 28 países, a Índia aparece como o local onde a existência desse tipo de agressão é mais reconhecida, com 37% das famílias afetadas. Sendo seguida pelo Brasil com 29% e pelos Estados Unidos com 27%. O ranking é fechado pelo Japão com 4% e Rússia com 2% dos casos relatados pelos pais deste estudo.
Para 76% desses entrevistados acreditam que os governos dos países pesquisados não dão atenção suficiente ao cyberbullying. O que também impressiona é que 25% dos entrevistados sequer sabem o que é cyberbullying.
É preciso dizer que cada criança vivencia isso de uma maneira diferente e cada situação é diferente, mas as consequências psicológicas do cyberbullying geralmente são graves: prejudica a autoestima e a capacidade das crianças de se relacionarem e, em casos extremos, pode levar à depressão.
Quais as diferenças entre o Bullying e o Cyberbullying?
O bullying tradicional e o virtual estão intimamente ligados, pois ambos impedem o acesso igualitário à educação e atuam contra a criação de ambientes de aprendizagem inclusivos, protegidos e não violentos para todas as crianças e adolescentes. Mas, ao mesmo tempo, têm algumas dessemelhanças que agravam o impacto e as consequências desta última. A internet e os dispositivos tornam os agressores mais confiantes e agem de forma mais impulsiva e agressiva, ousando fazer coisas que em outros tipos de circunstâncias eles não fariam. Por que isso está acontecendo?
1. A facilidade de se esconder na rede faz com que os menores se sintam de alguma forma impunes, invencíveis e sem responsabilidade.
2. Por se tratar de um assédio à distância, a empatia do agressor com a vítima diminui e fica mais difícil para ele ter consciência dos danos psicológicos que causa.
3. A internet aumenta a viralidade dessas atitudes porque permite que as crianças participem mais facilmente do bullying compartilhando ou curtindo postagens ofensivas.
4. As respostas rápidas e impulsivas provocadas pelas comunicações imediatas da Internet podem aumentar os conflitos.
Parte-se do princípio de que o bullying é uma agressão que visa alcançar recompensas sociais como o poder e foca em reduzi-los e aumentar a gratificação por empreender comportamentos positivos. O papel do professor é fundamental, pois ele é responsável por educar na convivência e na cultura grupal.
Aqui temos a lei 13.185 de 2015 que instituiu o programa de combate à intimidação sistemática (Bullying). Para a lei considera-se Bullying, a intimidação sistemática de ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Fica caracterizado a intimidação sistemática quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, com o emprego de ataques físicos, insultos pessoais, comentários sistemáticos e apelidos pejorativos, ameaças por quaisquer meios, grafites depreciativos, expressões preconceituosas, isolamento social consciente e premeditado e pilhérias.
O Cyberbullying ocorre quando há intimidação sistemática na rede mundial de computadores, quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.
Diferente do bullying, a facilidade do acesso digital dos nossos jovens, torna o Cyberbullying, mais intenso e cruel, pois não encontra limites as formas digitais, conteúdos e ferramentas que ampliam a tortura da vítima.
Algumas experiências no combate ao Cyberbullying vem produzindo bons resultados, como na Finlândia, Itália e Holanda que conseguiram reduzir o bullying e o cyberbullying graças ao programa KiVa. Este projeto educativo da Universidade de Turku (Finlândia) foi lançado em 2009 e desde então recebeu, entre outros, o Prémio Europeu de Prevenção Criminal pelos seus bons resultados. Nestes anos, este programa conseguiu melhorar a situação de 98% das vítimas de bullying que participaram neste projeto na Finlândia. Em 2014, na Itália, já havia conseguido reduzir o bullying em 55% no primário e 40% no secundário. Naquele mesmo ano, a taxa de agressão caiu de 29% para 13,5% nas escolas holandesas que tentaram essa iniciativa. Além de prevenir o bullying, o KiVa fornece ferramentas de intervenção aos professores, ajuda as vítimas a superar os sintomas e desenvolve habilidades no agressor para expressar seus sentimentos de outra maneira.
É evidente que são necessárias mudanças na legislação, pois os crimes tomam a cada dia dimensões maiores.
Devemos lembrar que o cyberbullying nada mais é do que um crime contra a honra praticado em meio virtual e ele, segundo o Código Penal, pode ser de três tipos: calúnia, injúria ou difamação. O próprio Código Penal já define inclusive aumento de pena para quando o crime for praticado na presença de várias pessoas, por meio que facilite a divulgação, como ocorre nas redes sociais.
Porém, destacamos que se esses crimes forem praticados por menores de 18 anos, estaria caracterizada como ato infracional, punível com medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. ( ECA – Lei 8.069/90).
Logo de maneira resumida, Cyberbullying é uma forma de bullying que usa tecnologia como smartphones, computadores, sites e aplicativos para enviar mensagens malvadas, indesejadas, espalhar rumores ou prejudicar a reputação de alguém. Pode acontecer com qualquer um, e o valentão pode até agir anonimamente, e com isso podemos ter uma leve ideia da dimensão desse problema onde todo idiota tem celular e faz parte de algum grupo.
Diante do problema, reunimos com base em diversos sites especializados um manual de enfrentamento e sobrevivência esse crime:
- Se você ou seu filho, amigo ou parente estão sendo vítimas o primeiro passo é não responder, por mais que seja difícil, a primeira medida é sempre ignorar e bloquear o valentão. Pois quase sempre a sua reação acaba encorajando e estimulando o valentão ainda mais;
- Seja você, adulto, adolescente ou criança trate logo de dividir essa preocupação com um adulto ou pessoa de sua confiança (maior de idade) imediatamente;
- Nunca Revide, em momento algum, pois isso vai lhe colocar no mesmo nível do valentão e ainda serve como catalizador para ele, o que só vai fazer a situação piorar, lembro que a maioria absoluta das escolas já possuem regras e leis contra o bullying de qualquer tipo;
- Construa as provas da agressão, e por isso salve as provas, guardando as mensagens em seu telefone, fazendo print da tela de bullying em sites, mantenha um registro de tudo o que você recebe. Quando você diz a um adulto, ele ou ela pode ser capaz de usar as informações para verificar a identidade do valentão (se você ainda não sabe quem ele ou ela é), e pode usar as mensagens salvas como prova para outros pais, funcionários da escola ou polícia para garantir que as ações apropriadas sejam tomadas para parar o bullying. Lembre-se que seus pais, irmãos mais velhos, membro da família, professor favorito, conselheiro;
- Não permita que a raiva da ofensa interfira nos fatos quando estiver narrando o ocorrido para essa pessoa, isso pode distorcer os fatos e tirar credibilidade da sua denúncia;
- Se afaste do valentão, bloqueando ele, pare com toda a comunicação com o agressor. É preciso bloquear seu número de telefone ou bloqueie a pessoa em sites de redes sociais para que ele ou ela não possa mais interagir com você. Se, por alguma razão, não for possível bloquear o agressor, diga a um adulto. Eles podem ajudá-lo a parar o bullying e ajudá-lo a configurar novas contas ou um novo número de telefone para garantir que apenas as pessoas de sua confiança entrem em contato com você;
- Denuncie, você nunca pode esquecer que esse tipo de agressão é crime, logo denuncie a maioria dos sites, aplicativos, provedores de telefone e e-mail levam isso a sério quando as pessoas usam suas plataformas para postar coisas cruéis ou más, ou criar contas falsas. Se os usuários denunciarem abusos, o administrador do site pode impedi-lo de usar o site no futuro;
- Quando você presencia esse tipo de agressões com outro (s), procure ser amigo da vítima e não apenas um espectador, seu silêncio pode ser confundido com concordância, o que vai fazer o agressor ir muito além, pois se você sabe que alguém está sendo intimidado e você não faz nada para impedi-lo, é possível que algo pior possa acontecer.
Lembre-se que o cyberbullying pode causar ansiedade severa, depressão, raiva e frustração. Pode levar a vítima à automutilação ou outras reações violentas.
Se seu filho, usa um celular, iPod, computador ou tablet, seus filhos provavelmente estão em contato constante com seus amigos e colegas de classe através de algum tipo de aplicativo, site ou rede social. Mas assim como a comunicação digital mudou a forma como as crianças interagem entre si, também trouxe uma mudança na maneira como as crianças intimidam. O cyberbullying não é um crime menor, pois já se encontra no topo das infrações, só precisa ser levado mais a sério.
(Artigo publicado no site www.jusbrasil.com.br)