O Governo chinês continua na sua cruzada para regrar as atividades do universo digital na China, desde o final agosto, foi publicada uma nova norma para limitar o uso de videogames por crianças e adolescentes, segundo o texto aprovado, o uso estaria limitado a um máximo de três horas por semana entre 20hs e 21:00, nas sextas feiras, finais de semana e feriados, ou seja, todos os demais dias da semana o uso de videogames estaria proibido para as crianças. Essa previsão é uma ampliação da norma anterior que havia sido decretada em 2019, e que limitava o uso ao máximo de uma hora e meia por dia, agora anuncia uma nova regra que exigirá que a Douyin, a versão chinesa que aqui no Brasil é conhecida como TikTok de propriedade da mesma empresa, ByteDance, a limitar o tempo de consumo de seus usuários abaixo de quatorze anos a um máximo de quarenta minutos por dia.
Logo o novo modo adolescente, de Douyin (TikTok) também impedirá o consumo de conteúdo no aplicativo entre 22:00 e 6:00, ou seja sem dancinha e musiquinha, tente imaginar isso aqui no Brasil? Ao mesmo tempo ele exigirá que os pais supervisionem que seus filhos menores se registrem no aplicativo com seus nomes e idades reais usando o sistema oficial de identificação lançado também no ano passado com o propósito de evitar a burla desse controle, bem como também a empresa mostrará conteúdos especificamente selecionados para crianças, como experimentos, exposições em museus e galerias e paisagens naturais do país.
O foco desse movimento, é o ataque ao que os chineses estão chamando de vícios digitais, de uma nova geração, e paralelo a isso também estão retardando o lançamento de novos games, logo na China que é o maior mercado do mundo de videogames.
Em agosto último, um jornal da agência estatal Xinhua News, chegou a publicar um artigo que chamava esses jogos de “ópio espirutual”, apontando a Tencent como a empresas responsável pelo problema.
Crianças com menos de 14 anos jogam videogames demais ou mostram padrões de consumo excessivo de conteúdo na internet? É bem possível que este seja o caso, e que o problema não esteja presente apenas na China, mas em todo o mundo. Cabe ao governo estabelecer limites nesse consumo, exigir que as empresas imponham essas limitações e desenvolvam sistemas de identificação que dificultem ou impeçam que as crianças não consigam driblar.
Cabe sim aos pais, estarem prevenidos contra o abuso de certos tipos de videogames, conteúdos, bem como estabelecer limites razoáveis para o uso desses jogos, mas é necessário a censura do governo para o uso de videogames? Ou isso é apenas mais um traço de um governo autoritário? Ou é apenas a preocupação do governo chinês com o bem-estar de seus cidadãos?
Indaga-se se o governo chinês tem relatórios que demonstram de forma confiável o perigo de tais padrões de consumo em crianças com menos de quatorze anos, ou ele opera simplesmente impulsionado por impressões em que pessoas de outras gerações se preocupam porque esses padrões não se assemelham àqueles que mantiveram nessas idades?
Os jovens chineses estavam realmente enfrentando um enorme problema de vício em videogames e mídias sociais que realmente recomendavam tais restrições? Veremos, em certo tempo, uma geração de jovens chineses significativamente diferentes em suas atitudes e com uma série de vantagens sobre as gerações anteriores? Ou estamos simplesmente enfrentando um governo paternalista e ditatorial com vocação para controlar ao limite tudo o que seus cidadãos, não. sua idade, fazem, dizem ou pensam?
Ao mesmo tempo o órgão regulador de radiodifusão na China, anunciou que vai encorajar criadores de desenhos animados a produzirem conteúdos “saudáveis” e, ao mesmo tempo, irá reprimir produções violentas, vulgares ou pornográficas.
O anúncio da Administração Nacional de Rádio e Televisão diz que as agências qualificadas precisam transmitir conteúdo que “defenda a verdade, a bondade e a beleza”, de acordo com a Reuters, na mesma linha das intervenções de conteúdo e uso dos videogames.
É bom lembrar que nas últimas semanas, o Partido Comunista da China tem intensificado ações contra a indústria do entretenimento no país. Entre elas, o banimento de reality shows, isso mesmo, lá não tem “Big Brother”, já ficou com inveja né?
Mas a censura vai além, proibindo o estímulo a uma “cultura masculina afeminada” O que será que é isso? A censura surge através de um comunicado, no início de setembro, que ordenava às emissoras de rádio e televisão para que evitem artistas com “posições políticas incorretas” e estilos “afeminados”, de forma que uma atmosfera patriótica seja cultivada. No velho estilo “menino veste azul, menina veste rosa”.
Para esses dirigentes uma cultura de fãs tumultuada, responsável por disseminar uma “imagem masculina afeminada”, acaba por gerar essa “má influência estética na sociedade”.
É apenas mais um capítulo do nada democrático governo chinês, dessa vez a ditadura é digital, e atinge a todos os aplicativos de jogos e entretenimento.