A construção da cidadania não é um ato isolado de um ou outro ente, mas sim um ato conjunto de todos atuando na mesma direção.
Um recente estudo de Harvard liga exclusivamente as mortes pelo COVID-19, ou parte considerável, a exposição aos altos níveis de contaminação, esse é o motivo do número de mortes nas grandes cidades, proporcionalmente ser mais elevado.
As cidades muito poluídas têm maiores índices de pessoas com problemas respiratórios, algo que no novo contexto do pós pandemia e mesmo com vacinas comprovadas deve afetar os níveis de mortalidade, assim o número crescente de cidadãos e prefeitos dizem que após esse confinamento voltarão suas atenções às questões do trânsito.
A pandemia representa uma grande oportunidade para repensar as cidades ao redor das pessoas ao invés de carros, ruas, estradas e viadutos. A idéia, para a maioria dos prefeitos de grandes cidades é de fechar ruas para veículos e permitir que assim, as pessoas tenham mais espaço para caminhar ou se exercitar. É uma tendência cada vez maior em cidades como Calgary, Bogotá, Denver, entre outras.
Na última sexta-feira o prefeito de Oukland, Estados Unidos, anunciou o fechamento de 10% das suas ruas, cerca de 120 km de tráfego de veículos, por sua vez em Vancouver, Canadá, proibiram-se carros de trafegar em ruas que passam por parques enquanto que em Milão, Itália, foi anunciado o ambicioso plano de redução da área urbana mediante a realocação de 35 km de vias que serão utilizadas apenas por pedestres e bicicletas, com o intuito de proteger os seus cidadãos após um período de relativa inatividade que já levou a redução do tráfego a índices de 75%, representando uma queda acentuada no número de expedição de poluentes, deve-se ressaltar que Milão é uma cidade com a extensão de 15km de uma ponta a outra, logo um trajeto de apenas cerca de 4% das pessoas, uma média de 4 milhões de pessoas utilizam regularmente o transporte público e a idéia é que esse índice aumente.
De nada adianta um pedágio para as pessoas circularem nas vias centrais ou um IPVA dos veículos se não for acompanhado de maior conforto com melhoria das vias, melhor transporte público, com maior escalonamento das pessoas que utilizam esse transporte.
Para se ter uma idéia em Florianópolis, com cerca de quinhentos mil habitantes, a média de passageiros por veículo de transporte coletivo é de 20 pessoas, considerando a capacidade, poderíamos dizer que esses veículos andam com menos da metade de pessoas possíveis. Tente imaginar o seguinte, se tivéssemos um aumento de 20% da utilização do transporte público, as cidades teriam uma queda na mesma proporção de trânsito.
Em Londres, por exemplo, em que os níveis de poluição são sufocantes, o atual prefeito Sadiq Khan, afirmou que o ar mais limpo não será algo temporário apenas em razão da pandemia.
Aplicativos digitais devem ser usados para melhor ordenar o fluxo das pessoas, isso tem que vir acompanhado do melhor realocamento de horário do transporte público e também do horário laboral dos funcionários, bem como da alteração no horário para a utilização do transporte gratuito, permitindo assim, que nos horários de pico haja maior conforto. São ajustes que devem ser feitos urgentemente nesse novo cenário.