Como sempre o ódio encontra um campo fértil na ignorância e na soberba dos que não respeitam as diferenças, é ele que nos leva e desperta os mais primitivos desejos que chamamos de ira, ele não encontra justificativa e jamais deverá ser resposta a nenhum ato.
Na semana em que Paris registra mais um novo atentado, quase 20 anos após o 11 de setembro, em que o mundo precisou parar pra entender o que aquele instante representava, hoje refletimos qual o papel da tecnologia e onde ela pode ajudar no combate ao terrorismo.
Curiosamente a própria tecnologia é cada vez mais objeto de muito medo e receio. O eminente desemprego em massa associado à automação, vem estimulando novos ataques de grupos terroristas previstos para os próximos anos, o que levantaria o início da quinta onda de atentados do mundo moderno. De acordo com estudo publicado recentemente pelos pesquisadores Manuel R. Torres-Soriano, da Universidade Pablo de Olavide (Sevilha) e Mario Toboso-Buezo, da Universidade de Barcelona, “o avanço da tecnologia vai transformar o mercado de trabalho. Muitos ficarão sem emprego.”e logo é previsível novos ataques a máquina.
Vejamos por exemplo o que ocorreu na Inglaterra pós-Revolução Industrial, quando artesãos passaram a destruir as máquinas, em um movimento que ficou conhecido como Ludismo, em referência a seu criador, Ned Ludd. O mundo moderno já viveu quatro grandes ondas de terrorismo: a Anarquista, no século 19; a Anticolonial, iniciada na década de 1920; a Esquerdista, datada da década de 1970; e a Jihadista, em curso.
Logo, a não distribuição dessa riqueza ainda mais concentrada pelas plataformas digitais, deve ser um fermento para novas inquietações, e por certo não faltarão setores da sociedade a apontar a tecnologia como a fonte de todos os seus males, transformando-a em um inimigo a ser combatido violentamente com objetivo de voltar a uma situação anterior às mudanças. Muitos desses desempregados vão perceber que já não têm espaço na economia, porque não possuem nenhum tipo de capacidade ou de habilidade demandada pelo mercado. A sensação de que se está condenado ao desemprego por toda vida é desestabilizadora. É muito difícil saber que nunca se chegará a um nível de vida que você imagina merecer. Todas essas pessoas podem ser pescadas pelos grupos violentos para sua luta. Quem não tem nada na vida, além de pensar por que ela não é melhor, se torna uma enorme fonte de revolução violenta.
Vejamos o caso dos taxistas, que sem trabalho e que se vêem diante dos novos carros autônomos, sem motorista, passando diante de seu nariz um dia após o outro, como será a reação? Logo, parece muito tentador traduzir toda essa frustração contra esses novos veículos que tenham tirado sua função.
Teremos sim um novo terrorismo que utilizará também as oportunidades que a tecnologia oferece, o que é uma contradição. Seus integrantes não terão nenhum tipo de problema em usar os mecanismos modernos de comunicação. A forma como vai se traduzir essa violência, no entanto, será muito diferente da que conhecemos. Ao mesmo tempo, aumentará a capacidade de monitoramento dos governos e, portanto, o espaço de privacidade será reduzido, tornando mais difícil operar de maneira clandestina. Será interessante ver como os terroristas podem encontrar uma janela aberta para seguir operando.
O que podemos concluir desses episódios, ainda que isolados, é o seu caráter tecnofóbico. Porém, isso ainda é marginal se comparamos com outras violências. À medida que comecem a aparecer de forma mais evidente os efeitos não desejados da transformação tecnológica, vai se criar uma base social de apoio a essa violência que hoje em dia não existe, é o que muitos apostam. Será uma questão muito diferente quando essas pessoas se virem desprovidas de suas fontes de renda, vivendo nessa frustração e rejeição pela mudança social que experimentaram. Os meios de comunicação devem ter uma atitude muito responsável ao não amplificar as ameaças que representam alguns desses grupos, mas também não escondendo a informação, pois é relevante e a sociedade deve conhecê-la. Tradicionalmente, esse é o grande desafio que têm os meios de comunicação na hora de informar sobre terrorismo: não cair no alarmismo, mas também não silenciar determinados fatos.
O terrorismo pode mudar de forma, mas ele é e sempre será a manifestação extremada de uma vontade de grupo, justa ou injusta, mas com o uso sempre desmedido da violência que fere inocentes.
Seus números ainda são impressionantes, em que pese todas as formas de resolução de conflitos. Vejamos pois desde 2004, esse tipo de ação tem sido crescente, no ano passado foram mais de 16 mil, com mais de 43 mil mortos no mundo. Cidadãos comuns foram o principal alvo nos últimos 45 anos e a explosão de bombas a ação mais usada. Iraque, Paquistão e Índia registram o maior número de ataques e de vítimas, mas como nos últimos atentados, nenhum país está livre dessas bárbaras ações. O fato é que o terror é apenas uma face dessa irracionalidade no trato e defesa das causas, onde os extremos produzem resultados nefastos.
No nosso país é evidente essas reiteradas ações que correm o mundo, semeando o medo e a desconfiança e colhendo a raiva e o preconceito, logo, aumentam os casos de intolerância religiosa, discriminações e racismo, ofendendo dessa maneira o princípio da isonomia, que encontra-se resguardado na nossa Constituição Federal, além de restringir a liberdade religiosa, onde deve-se considerar que o Brasil é um Estado Laico, o qual prega valores e ensinamentos que possuem como característica principal a liberdade religiosa das pessoas e que isso deve ser respeitado por todos, independentemente de crença, objetivando assim, o respeito às diferenças.
O racismo está tipificado como uma conduta ilícita penal, onde esse tipo de crime é considerado e provido como meio de ódio, o qual não deve ser considerado tão somente como crime individual, pois atinge um determinado grupo que possui as mesmas semelhanças e identidade, causando assim, um efeito negativo na coletividade. Por isso é crime inafiançável e imprescritível, conforme descrito na nossa Constituição Federal: “Art. 5. – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…) XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” (Constituição Federal de 1988)
Em tempos modernos, onde os meios de comunicações são amplos e ultrapassam fronteiras, tem-se como atingir um relevante número de pessoas, de forma fácil e rápida. Por esse motivo, a legislação brasileira compreende como necessidade a criação de leis que punem determinadas condutas cometidas no âmbito virtual, entendo dessa forma que por se tratar de um ambiente onde as pessoas sentem maior liberdade de expressar opiniões e muitas vezes optam por manter anonimato, podem ter suas opiniões consideradas como abusivas ou ofensivas. Tal prática não deve ficar impune, devendo assim, haver um tipo de punição para determinada conduta ilícita, por isso damos destaque a evolução dos atos de terrorismo, que se define o emprego específico de violência, bastante sutil, apesar de o termo ser usado para definir outros tipos de violência consideradas inaceitáveis.
O termo ganhou novos ares após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo no fim da década de 1960 e durante a década de 1970, quando então o terrorismo era visto como parte de um contexto revolucionário. O uso do termo foi expandido para incluir grupos nacionalistas e étnico-separatistas fora do contexto colonial ou neocolonial, assim como organizações radicais e inteiramente motivadas por ideologia. A comunidade internacional, inclusive a ONU, considerou por um período, politicamente legítimas as lutas pela autodeterminação dos povos, legitimando-se portanto o uso da violência política por esses movimentos. O terrorismo, para efeitos de mera classificação pode assim ser dividido:
- Terrorismo psicológico – Indução do medo por meio da divulgação de noticias em benefício próprio.
- Terrorismo de Estado – Recurso usado por governos ou grupos para manipular uma população conforme seus interesses.
- Terrorismo econômico – Subjugar economicamente uma população por conveniência própria.
- Terrorismo religioso – Quando o incentivo do terrorismo vem de alguma religião.
Os atentados de 11 de setembro de 2001 por certo criaram uma divisão na história, como fundante de um novo período, abrindo assim um novo século, mostrando a fragilidade de grandes impérios e que a maldade pode não ter limites, não separando inocentes de culpados.
Os terroristas que destruíram as torres gêmeas introduziram uma forma alternativa de violência que se dissemina em alta velocidade, a nova modalidade está gerando uma visão de realidade que o homem desconhecia. O terrorismo funda o admirável mundo novo, bom ou mau, e é o que há de novo em filosofia. O terrorismo está alterando a realidade e a visão de mundo, para lidar com um fato de tamanha envergadura, precisamos assimilar suas lições por meio do pensamento.
De lá pra cá a tecnologia sofisticou o combate por meio de drones e por meio do monitoramento das movimentações financeiras, ou pelo reconhecimento facial, porém deu também aos terroristas novas armas tecnológicas que podem parar e suspender serviços públicos, prejudicando inocentes, é um novo período onde nem tudo se resume a bombas e explosivos e os as vítimas quase sempre são as mesmas pessoas, a população simples vítima de uma guerra política.