A pandemia vem produzindo efeitos devastadores em toda economia do mundo, em maior ou menor grau, ainda que alguns poucos segmentos possam ter oportunidades de melhor se posicionar durante ela. Ao mesmo tempo é durante crises como essa que as nações dotadas de grandes governantes, se posicionam melhor e podem sair na frente. A Alemanha e a França são bons exemplos, onde em plena pandemia a chanceler Angela Merkel e o presidente Emmanuel Macron, por suas políticas, têm procurado suavizar o golpe do coronavírus no setor de automóveis gravemente atingido, onde apenas no Brasil a queda nas vendas será de 40%.
Na Europa não deve ser muito diferente, se recuperando de forma lenta, bem mais lenta do que na América do Norte e na China, o que pressiona esses governos a criarem políticas para segmentos de elevado valor agregado em toda sua cadeia, como forma de manter os empregos.
Com isso os compradores de carros na Europa agora estão podendo colocar as mãos em um veículo elétrico novinho em diversos países, não apenas nesses dois, por um valor menor do que o custo mensal de uma linha de celular, graças é claro aos subsídios criados, onde alguns veículos saem quase de graça.
O resultado, segundo a agência de notícias Bloomberg, é uma invasão de compradores nos showrooms “virtuais” na Alemanha e na França, os dois maiores mercados de automóveis de passageiros da região, depois que seus governos nacionais impulsionaram os incentivos de veículos elétricos para estimular a demanda. Os incentivos fiscais desses dois países tornou a compra de um modelo elétrico uma das mais atraentes do mundo.
O incentivo permite que a Renault ofereça na Alemanha, um aluguel para o Renault Zoe movido a bateria que é inteiramente coberto por subsídios. Já na França, as vendas do modelo Zoe da Renault estão a caminho de dobrar este ano, mesmo com a demanda por veículos a gasolina diminuindo. Em Amsterdã, que está proibindo a circulação de carros não elétricos a partir de 2030, foi criado um fundo de 10 milhões de euros (US$ 11,4 milhões) para apoiar as compras de veículos elétricos que foi inteiramente utilizado em apenas oito dias.
Nesse momento a União Europeia está pressionando para por fim aos carros movidos a combustão, e a crise do coronavírus acelerou isso.
Europa tem entre os maiores subsídios de compra para carros elétricos. Na Alemanha os subsídios são de até 9.000 euros por veículo elétrico, resultando em um aumento nas vendas desses modelos de 1.000%.
Já apontando a direção que vão utilizar as montadoras, estão tirando as locadoras do mercado para elas mesmas alugarem seus veículos, uma tendência que já foi incorporada por Ford, Toyota e GM em muitos países mundo a fora, e que com a pandemia e margens menores, deve acelerar. Em Berlim, o Smart EQ movido a bateria da Daimler AG já está sendo oferecido por 9,90 euros por mês.
No Brasil as melhores ofertas são para as empresas, como forma de eliminar o trabalho das locadoras de veículos, que além de polpudos descontos das montadoras tinham também incentivos fiscais de cidades e estados.
Na França, onde o governo elevou os subsídios para 7.000 euros por carro este ano, os clientes podem alugar o Zoe a partir de 79 euros por mês, em contratos de dois anos de aluguel.
No geral, o quadro parece atraente para os compradores europeus, já que o continente abriga oito dos nove países com os maiores subsídios nacionais de compra, segundo para carros elétricos.
Na Alemanha você pode chegar a uma concessionária, assinar um contrato de dois anos e pegar um Renault Zoe gratuito, com o custo do depósito e os 125 euros por mês de cota coberto pelo subsídio, que foi recentemente dobrado, porém, é necessário fazer um seguro. Outros modelos, como o Mini Cooper SE, também elétrico, são oferecidos por alguns distribuidores por cerca de 26 euros por mês, e um BMW i3 por 115 euros.
O aumento dos subsídios a veículos elétricos em muitos países europeus tem sido muito significativo: na Croácia, chega a 11.800 euros; Na Romênia, 11.100; na Alemanha e Polônia, 9.900; na França, 7.700.
Incentivos fiscais sempre precisam ter finalidades extrafiscais, como aderir à uma nova tecnologia, ou estimular um segmento, o problema é que no caso brasileiro nesse momento a União, os Estados e Municípios não podem abrir mão das tradicionais receitas, o que não impede de desenvolvermos mecanismos de estimular setores com emprego intensivo de mão de obra.
No caso europeu, para as marcas automotivas é fundamental ampliar a participação nas vendas de carros elétricos, para dessa forma anteciparem a mudança nos padrões de emissão em 2021, o que forçará os fabricantes a uma média de 96 gramas de dióxido de carbono por quilômetro de viagem em veículos novos vendidos na Europa, ou enfrentar salgadas multas.
Políticas assim aceleram o barateamento no médio prazo, por escala dos veículos elétricos e muitos já entendem que por razões tributárias terão preço menor do que os veículos a combustão.
Novas tecnologia e incentivos fiscais são uma combinação imbatível para realizações de mudança. É preciso estar atento as oportunidades desse mercado, como pontos de recarga dessas baterias. O futuro nunca esteve tão presente.