Em outubro de 2020, a liberação, para que os pequenos investidores pudessem aplicar recursos em BDRs, recibos que representam ações de empresas listadas nas Bolsas do Estados Unidos, acelerou a busca de brasileiros por ativos ligados às gigantes de tecnologia. No entanto se inicialmente esse movimento era visto como uma opção para diversificar a carteira, nesse ano devido ao mal humor com as big techs, os cerca de 325 mil investidores brasileiros, estão amargando um considerável prejuízo, levando a seguinte pergunta, estamos diante do fim da bolha? O valor das ações das big techs pode ser considerado uma bolha, na acepção do termo?
Nesse momento esses investidores brasileiros, possuem cerca de R$ 23 bilhões nesses recibos, e os diversos anos batendo recordes de valorização fizeram com que muitos desconsiderassem os riscos que é investir em bola, e investir fora do Brasil. Hoje o movimento é de baixa, puxado especialmente por empresas como Netflix, Meta e Spotify, o que de fato não é um privilégio do Meta (Gacebook).
Aparentemente os investidores cansaram de promessas de grandes lucros por parte das empresas de tecnologia, e isso fica claro entre quem entrega lucro ao acionista e quem não entrega. No período em que estamos iniciando a saída da pandemia,
Aí entra o principal problema para muitos negócios de tecnologia: grandes investidores estão começando a questionar a ideia de crescimento acelerado sem rentabilidade.
Se no primeiro instante muitos acreditavam que era um problema do Facebook os número do setor em 2020 dão a amplitude do problemas, com significativos índices, onde a Meta(novo nome do Facebook) lidera o prejuízo com cerca de 38,7% de queda, o mesmo ocorre com a Netflix com 35,2% de prejuízo, e também com o Spotfy que também amarga uma desvalorização em 2022 de 34,8%.
Esses índices indicam o fim da bolha? Afinal é uma bolha? Ou tem muito mais pra crescer. Só para ilustramos a análise com os atuais números do mercado, a empresa indiana de pagamentos digitais Paytm fez uma das maiores estreias da Bolsa da Índia, ao captar US$ 2,5 bilhões no último dia 18, porém já no dia seguinte seus papéis caíram 27%. A brasileira Stone, que caiu 80% em 2021, nesse momento já está valendo menos do que no IPO.
Evidentemente que bolhas não são eventos raros na economia global, pois desde a primeira bolha global que se tem notícia, a das tulipas na Holanda do século XVII, por diversas vezes na história o mesmo fenômeno já se repetiu, mudando apenas o conteúdo da bolha.
Alguns dos fenômenos econômicos de maior impacto das últimas décadas no mundo foram bolhas. E não basta falar que você não entra nessas modas, bolhas acabam arrastando a todos, com maior ou menor ferocidade. O escândalo do subprime nos Estados Unidos em 2008, por exemplo, arrastou não apenas os investidores norte-americanos, muito dinheiro estrangeiro investido no Brasil acabou retirado para cobrir rombos nos EUA e na Europa, o que impactou diretamente a nossa economia.”
Recentemente a Verizon fez o descruzamento dos restos mortais da internet dos anos 90, a AOL e Yahoo!, que foi adquirida na época já a um preço distante do que já foi e também do que poderia gerar de novas receitas quando da sua aquisição, mesmo que fosse potencializada com a ideia de se tornar um conglomerado de mídia dedicado à exploração da publicidade.
Depois de vender essas participações por menos da metade do que pagou por elas (US$ 4.4 bi para a AOL em 2015 e US$ 4.5bi pelo Yahoo! em 2017), a Verizon está anunciando que se concentrará no que as empresas de telecomunicações devem fazer, com foco na construção de sua rede 5G.
Os cinco bilhões que a Verizon receberá da Apollo Global Management pelo que resta dessas empresas acabarão com a pretensão de construir uma empresa de mídia que competiria com o Google ou o Facebook por publicidade. Agora, seus novos proprietários tentarão valorizar as duas marcas, sob o guarda-chuva Yahoo! e com cabeçalhos como Engadget ou TechCrunch, que ainda geram alguma tração publicitária.
Já anteriormente, a Verizon havia se afastado de empresas como a Tumblr, que vendeu a Automattic e o HuffPost, que vendeu ao BuzzFeed.
Bem em seu melhor período a AOL era avaliada pelo mercado em US$ 200 bi, que se for corrigido para os tempos atuais poderia dar a dimensão do derretimento desse que já foi o maior negócio da internet, o mesmo pode se dizer do Yahoo! Que também em seu melhor momento chegou a valer US$ 125 bi. Logo tente imaginar empresas que juntas foram vendidas por menos da centésima parte do que já valeram. O que nos leva a uma questão fundamental?
Como o mercado pode avaliar as empresas da economia digital?
Como o valor das propriedades na rede pode cair tão baixo, quando já na época eram avaliadas pelo seu futuro e não por sua geração de caixa? Quem errou? Nada do que essas empresas falavam deixou de acontecer, afinal ela eram avaliadas pela dimensão que a internet ia tomar, e ela tomou e mesmo assim o valor dessas empresas derreteu?
Lembramos que toda bolha tem sempre duas ações: o inflar e o estourar, o subir e o descer, o crescer e o cair. As primeiras empresas de internet da história só valeram muito dinheiro durante um curto período de tempo, ali no começo dos anos 2000, por razões que nada têm a ver com tecnologia. A partir do IPO do Netscape, tudo parecia apontar para o futuro. Mergulhado em dinheiro, o mercado apostou na digitalização total das nossas vidas em uma janela de cinco anos. Era a Cisco, uma empresa de San Francisco (por isso o nome) que fazia hardware de conectividade para grandes operadoras. Em 27 de março de 2000, a Cisco se tornou a companhia mais valiosa do mundo com um valor de mercado de US$ 569 bilhões. Atualizado para inflação, daria US$ 868,8 bilhões. As valuations atuais são bem maiores a Apple vale US$ 2 trilhões. Ainda assim, para 2000 era muito dinheiro, logo como também destaca Guilherme, estaríamos diante de uma nova bolha?
Bolhas tem velocidades distintas e sempre mais de uma causa para desinflar, mas uma causa sempre a companha a disposição dos investidores seguirem no jogo entre dessas empresas começarem a entregar, alguns podem demorar décadas, mas se as premissas permanecem elas se mantem bem avaliadas, e esse é o caso da Amazon, que cresceu, diversificou e mostrou que pode e é a principal praia do e-commerce.
No geral o valuation das empresas da economia digital está pautado no fluxo de caixa para exercícios futuros, e ai que mora o perigo, pois o horizonte de qualquer negócio, seja ele digital ou não tem sempre uma série de variantes nem sempre previstas.
Lembro que a Amazon, por seus fundamentos e ajustes na estratégia, e que no ápice antes do estouro da bolha chegou a valer cerca de US$ 106, e com o estouro da bolha e os ataques do 11 de setembro, seus papéis foram vendidos a US$ 6. E é nessas crises que os verdadeiros líderes se destacam, pois Jeff Bezos prometia e cumpria, que ia reinvestir todo o lucro na operação para construir um negócio sustentável em longo prazo. Logo as ações que já valeram US$ 6 hoje já ultrapassaram incríveis US$ 3600 mil.
Foi o IPO do Google, apenas de 2004, que reabriu o otimismo para as empresas (ponto com), e que permitiu ao Face apenas oito anos depois abrir o seu capital na Nasdaq. Ou seja, de 2000 a 2004 o mercado das empresas digitais andou de lado.
Nesse momento os novos recordes mundiais do mercado de ações mantêm o debate sobre as altas valorizações do mercado.
Um levantamento feito pelo banco dinamarquês, Saxo Bank, e publicado recentemente no jornal Expression, faz uma lista de 40 grandes 1,3 trilhão, com características de bolha.
Energias renováveis e criptomoedas, setores queridinhos atualmente dos investidores, são apenas dois dos setores que mais geram debate nas últimas semanas sobre a possível formação de bolhas. Com os mercados acionários mundiais na área de recordes históricos, o consenso é amplo entre os analistas quando se trata de admitir que as avaliações atuais atingem níveis exigentes.
Dentro das possíveis bolhas, segundo a instituição financeira, estariam também o Airbnb americano, e o NIO chinês, conhecido como o ‘Tesla chinês’ por sua especialização em carros elétricos.
Nessa lista, os Estados Unidos e a China são responsáveis por 90% das empresas com características de bolhas. Sendo que Wall Street abriga 24 dessas empresas, e os mercados chineses para outras 12. A Europa limita sua representação a dois títulos, um do Reino Unido (a tecnologia de vendas têxteis online Farfetch) e outro dos Países Baixos (a empresa biofarmacêutica Argenx). A lista é completada por uma representação do Canadá (Canopy Growth Corp, focada no negócio da cannabis) e outra de Cingapura (a já mencionada Sea Ltd). A soma dessas 40 empresas atinge 1,56 trilhão de dólares de valor de mercado atualmente
O Universo digital tem muito de inovação e ao mesmo tempo tem muito de copia e cola, que o diga a nova onda de contas digitais onde todos, do Facebook ao padeiro da esquina, querem ter e ser a sua conta digital, ou seja, todos querem ser seu banco.
Curioso que todos queiram ser exatamente o setor da economia que menos sofre com as crises e logo, em que pese a ironia, o mercado vem inovando e oferecendo novos serviços.
Evidentemente que bolhas não são eventos raros na economia global, mas acreditamos que ainda não é o fim das bolhas sim, e claro acreditamos que vivemos o início do fim das bolhas no setor de tecnologia, o que não indica que esse fim esteja próximo, ele vai mudar de acordo com o ambiente que encontrar pela frente.
Em meio a esse tortuoso cenário, e com uma presente guerra na ucrânia, as big techs sofre, seja pela perspectiva de elevação do juro americano ou pela pressão de entregar rapidamente o resultado.
Algumas sofrem problemas bem específicos, como a Meta, que amarga a mais elevada carga do período de pandemia, mas é claro é bom lembrar que problemas parecem caminhar que o inferno astral da Meta (antigo Facebook) pode ser apenas o princípio.