Gostemos ou não o caminho do metaverso será construído pelas grandes plataformas, pois nesse instante, ele já seduziu Jeff Bezos, Bill Gates, Elon Musk e Mark Zuckerberg, todos entendem que ele vai transformar todas as indústrias, abrir oportunidades de negócios, oque faz dele um ótimo negócio.
Para ter uma dimensão do que ele pode ser vamos fazer um exercício de criação. No momento em que você está lendo esse artigo, faça uma pequena pausa da leitura, agora feche seus olhos, se desligue por alguns instante das suas rotinas e abra a sua mente para novas sensações, deixe de lado os seus preconceitos, e se imagine no em um domingo no Maracanã, em 1962, vendo o jogo entre Botafogo e Santos, de um lado Pelé, e de outro Garrincha. O barulho das torcidas, os atletas desfilando sua categoria nos gramados. Agora imagine se um desses craques te convida pra sentar no banco de reservas do time, acompanhando toda aquela atmosfera. Bem ali do lado podemos ouvir toda a comunicação desses craques.
Como chamamos isso? É a realidade? É um sonho? Pois bem é esse o universo de construção do metaverso, um espaço virtual no qual os humanos podem interagir usando avatares e outros elementos digitais. Muitos acham que é ficção científica.
Imaginar isso e seu potencial facilita entendermos qual a razão de quatro dos homens mais ricos do mundo estarem convencidos, isso mesmo eles estão convictos, de que o metaverso é a próxima fase da Internet, que verá a fusão do universo virtual com o mundo real.
Ainda que não possamos imaginar as possibilidades de negócios que podem ser criadas no metaverso, há algumas que já podemos vislumbrar. Quanto pagaríamos para estar nessa partida imaginária?
Além de assistir a shows virtuais e mergulhar em videogames, no metaverso podemos comprar interagindo com as marcas comerciais e também teremos a possibilidade de criar nossos próprios espaços de trabalho virtuais. Porque assim como na internet, haverá espaços virtuais de todos os tipos: alguns serão parques temáticos, outros laboratórios de ciências, fábricas, edifícios ou cidades. O metaverso terá vida própria, por isso seremos uma parte ativa do seu dia a dia com nosso avatar personalizado.
Imagine centros comerciais e ruas inteiras do comércio projetadas? Pense em você caminhando por qualquer grande avenida do mundo, visitando virtualmente suas lojas e comprando sem sair da sua casa. Caminhar pela canal street em NYC sem sair da sua casa?
O termo metaverso foi cunhado em 1992 em um romance de ficção científica de Neal Stephenson, onde se refere a um espaço virtual compartilhado por humanos e “demônios” digitais. Ainda que Stephenson tenha afirmado que estava apenas “fazendo merda”, tecnólogos, incluindo o designer do Google Earth e da Amazon, admitiram ter sido inspirados pelo livro.
Em um mundo onde a chegada de robôs cuidadores com inteligência artificial (IA) é relatada, as histórias sobrenaturais de Chiang têm uma relevância surpreendente.
Nas últimas semanas, o termo metaverso entrou em nossas vidas com o novo nome do Facebook, Meta, que pretende ser o primeiro criador de um mundo virtual tridimensional. Isso nos leva a pensar em como a ficção científica influencia as inovações tecnológicas do mundo real.
Não é só o metaverso. Pesquisas do projeto Narrativas de IA no Leverhulme Centre for the Future of Intelligence da Universidade de Cambridge mostram que um subconjunto de narrativas ocidentais influenciou desproporcionalmente a visão distópica da IA no mundo de língua inglesa.
Por outro lado, seguindo a prudência oriental, a atitude japonesa em relação à IA é menos distópica, devido à cultura robô única no mangá japonês. Duas das séries animadas mais famosas do país, Astro Boy e Doraemon, começaram nos anos 60 e levaram a associações positivas com a IA.
Na China, autores de ficção científica, que recentemente aumentaram em popularidade, estão sendo agora, tratados como oráculos que podem ajudar a prever as mais recentes tecnologias. Um deles é Chen Qiufan, autor de “O Peixe de Lijiang” (que é sobre um drone “queimado” que visita um resort de férias para obter uma desintoxicação tecnológica e descobre que não há como desligar) e que o tornou famoso dentro e fora da China, afinal viagem pouco é bobagem, mesmo para cautelosos orientais.
Chen, que trabalhou nas equipes de marketing do motor de busca chinês Baidu e no Google, diz que o governo chinês começou a promover a ficção científica como uma ferramenta para popularizar a ciência e a tecnologia entre os jovens, uma ideia emprestada da antiga União Soviética, esses comunistas danadinhos “nada como alimentar as bolhas delirantes dos adeptos das teorias da conspiração).
Porém, todos esses especialistas em tecnologia que imitam a arte para criar uma vida real estão esquecendo algo importante. O objetivo da ficção científica, como toda ficção, não é prever o futuro, mas nos ensinar o que realmente significa ser um ser humano em um mundo em mudança. E essa é uma lição que os inovadores de hoje ainda não aprenderam. Toda tecnologia deve seguir a um propósito sempre maior, a melhoria da vida da humanidade, e não apenas aos resultados corporativos de poucos privilegiados.
Esse futuro universo, metaverso, deve movimentar cerca de US$ 800 bilhões até 2024, e certamente transformará todas as indústrias, levará a novas oportunidades de negócios e poderá se tornar uma área interessante para investir. Como pode ser exemplificado por essas três iniciativas abaixo:
- . A maior aposta é a de Mark Zuckerberg, que busca dominar este mundo do futuro com seu novo Meta hólding. O proprietário do Facebook já tem 10.000 pessoas trabalhando em projetos de realidade aumentada e comprometeu US$ 10 bilhões anualmente em investimentos relacionados ao metaverso.
- A Microsoft decidiu que seu serviço de equipes para reuniões se tornará sua porta de entrada para o metaverso. A empresa de Bill Gates quer que todos os participantes da reunião possam estar presentes sem fisicamente, através de avatares personalizados e espaços imersivos que possam ser acessados a partir de qualquer dispositivo. Vamos parecer desenhos animados.
- Walt Disney, pretende criar um metaverso temático da Disneylândia. Em seus parques, os mundos físico e digital convergirão para imergir os clientes em seu universo e fazê-los viver experiências únicas.
Amazon, Epic Games -dona do famoso jogo fortnite-, Sony, Unity Software, Roblox, Zynga e Nvidia são outras empresas que também apostam no metaverso.
É também por isso, que o novo nome do Facebook reflete o compromisso da empresa em tornar realidade sua visão do metaverso.
Mark Zuckerberg vê o futuro do Facebook, e logo os escândalos em que o facebook está envolvido, certamente são um senhor empurrào para essa escolha oportuna e estratégica. Nesse momento os críticos do Facebook acreditam que é uma operação cosmética de Zuckerberg distanciar sua empresa da última onda de escândalos.
A verdade é que o Facebook, prestes a chegar à sua chegada à maioridade, tem sido mais do que apenas a rede social que deu origem à empresa.
Os executivos do Face, estão convencidos que o metaverso será a nova grande plataforma de Internet, um ambiente cuja construção completa que pode durar até 15 anos. Certamente o metaverso não vai substituir o mundo físico, mas permitirá que o tempo que estamos online seja melhor. Podemos nos encontrar, brincar com amigos, trabalhar, criar e muitas outras experiências novas, como teletransportar com um holograma.
Os desafios não são apenas tecnológicos, pois qual o regramento atual para os limites dessa tecnologia, não com o propósito de freio e de cautela?
Deixar as coisas fluírem apenas pela lógica corporativa, mais do que arriscado, pode ser fatal.