5G E A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL

Em meio a Guerra contra o Coronavírus outra Guerra nada silenciosa é travada no ambiente tecnológico pela liderança do 5G e a dimensão dessa batalha pode ser dada pela importância da nova tecnologia. Diferente do que vimos com o 3G e o 4G, de que maneira a implantação de uma tecnologia como o 5G nos tocará?

Como toda guerra o que não falta são acusações, delírios e interesses dissimulados, muitas preocupações sem sentido tomam o espaço, além é claro das eternas teorias da conspiração.

Desde o efeito radiação até a derrubada de antenas que ajudam na transmissão do coronavírus, diversas teorias da conspiração surgem. Assim como nas implantações anteriores, estaremos vendo nossas cidades carregadas de novas antenas e agora, por características técnicas, serão muito mais numerosas e cada dia mais próximas, ainda que menores. Logo, vai ter espaço pra muita discussão dentro da regulação urbana, vai sobrar lei municipal inconstitucional, pois não é competência do Município, bem como normas tributárias e a divisão do produto de sua arrecadação.

E o que é diferente? Primeiro, não é só uma questão de velocidade, pois a largura de banda permite transmitir cerca de cem vezes mais dados do que com 4G, mas também melhora não apenas a quantidade de dados que podem ser transmitidos, mas também sua latência (a taxa na qual esses dados são transmitidos), assim as conexões são convertidas de forma praticamente instantânea. Logo, no meio empresarial teremos diferença entre as empresas que o adotam e aquelas que demoram mais para fazê-lo.

De muitas maneiras, nos acostumaremos a estar cercados por objetos que reagem em tempo real como se fossem pessoas, às nossas ações, a ambientes que nos oferecem serviços semelhantes aos que nos proporcionam estar cercados por pessoas atentas às nossas ações, sem o velho delay.

É bom destacar que a implantação do 5G não substituirá o 4G, mas coexistirá por muito tempo. Como acontece atualmente, passaremos alguns anos vendo que nosso terminal muda para 4G, descobriremos que nada funciona e os tempos de espera se tornam inaceitáveis e não será porque nossa percepção está alterada, mas porque os desenvolvedores de aplicativos vão aproveitar essa largura de banda mais alta e essa baixa latência para melhorar seus produtos e assim, os fará funcionar mais lentamente nas redes da geração anterior, afetando bem mais do que as empresas de telecomunicações e por isso o seu valor nessa guerra pelo domínio.

Logo, não é um problema de telecomunicações mas sim macroeconômico, pois, nomeará vencedores e perdedores, oferecerá a alguns países com economias emergentes a capacidade de dar um salto de tecnologias já consideradas obsoletas e destacará as dificuldades de outros países em se adaptar.

Notadamente, desde que sua absurda guerra comercial começou, Trump viu suas ações ameaçarem empregos nos Estados Unidos e provocou um boicote a produtos americanos no mercado chinês, colocando em risco investimentos milionários em implantação de infraestrutura, gerando assim, reações opostas em uma empresa americana que buscou todos os métodos para ignorar as sanções de seu presidente irresponsável para poder continuar a vender para a Huawei, afinal, em tempos de pandemia, quem pode se dar ao luxo de ficar sem a China?

O que a empresa chinesa colhe é o fato de ter investido mais em pesquisa e desenvolvimento do que qualquer um de seus concorrentes por muitos anos. Por isso é assustador os delírios e fantasias que essa guerra comercial cria.

Queima de torres de telecomunicações no Reino Unido e na Holanda, por causa de uma suposta teoria que ligava transmissões 5G à expansão do coronavírus, é do mesmo nível intelectual daqueles que veem a culpa da notícia ruim no emissário dela, sem se aprofundar se a mensagem é verdadeira ou não e logo, para esses descobrimos que a mídia é a culpada de todos os males da nossa história (devem ter trocado o remédio desses). Sempre terão os que culparão o alinhamento das estrelas.

É óbvio que o 5G não representa nenhum problema de saúde, pois, o 4G não representou, nem o 3G, nem o 2G e não conheço nenhuma teoria que tenha base científica séria, mas é claro que nunca faltarão bruxas para arder nas fogueiras inquisitórias das redes sociais.

Embalado e tomando partido nessa guerra entre China e EUA, o primeiro-ministro britânico Bóris Johnson, proibirá a utilização de equipamentos da chinesa Huawei nas redes de 5G do Reino Unido, ordenando que as empresas de telecomunicações removam seus equipamentos até 2027, disse ontem o secretário de mídia do governo, o que é uma piada, afinal, se precisam tirar até 2027, é o mesmo que dizer que não tirem, vão trabalhando assim até as coisas se acalmarem.

O NCSC (Centro Nacional de Segurança Cibernética) informou agora aos ministros que eles mudaram significativamente sua avaliação de segurança da presença da Huawei na rede 5G do Reino Unido, a justificativa imediata para banir a Huawei é o impacto de novas sanções dos EUA sobre a tecnologia de chips, que Londres diz afetar a capacidade da empresa de se manter uma fornecedora confiável no futuro.

Tudo isso ocorre no momento em que as operadoras de telecomunicações começam aqui no Brasil, a ativar o 5G nas maiores capitais, usando uma parte da frequência do 4G, sendo que o acesso pleno à tecnologia ainda deve levar cerca de três anos. Tudo isso ocorrendo antes do mais que necessário leilão de frequências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), previsto apenas para 2021.

Em que pese as limitações do DSS neste primeiro momento, a iniciativa das operadoras é importante, pois servirá para as operadoras avaliarem a qualidade do sinal em uma escala maior do que os testes em redes fechadas.

É uma guerra nada limpa para decidir quem vai pavimentar a estrada das comunicações, de todos os aparelhos, dos telefones aos carros autônomos, da geladeira de casa ao nosso mercado, tudo conectado e instantâneo, por isso não é vaidade de presidente topetudo, mas a defesa de toda uma indústria. Teremos muitos capítulos ainda.

As armas nessa nova guerra mundial são outras e as vítimas são as indústrias de tecnologia, o território disputado vai dar o desenho dessa batalha de bits e muita velocidade na conquista.

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