Com o derretimento do valor de muitas fintechs nesse ano, não faltam questionamentos se estaríamos diante de um estouro de bolha, é esse o caso?
Só para ilustramos a análise com os atuais números do mercado, a empresa indiana de pagamentos digitais Paytm fez uma das maiores estreias da Bolsa da Índia, ao captar US$ 2,5 bilhões no último dia 18, porém já no dia seguinte seus papéis caíram 27%. A brasileira Stone, que caiu 80% este ano, nesse momento já está valendo menos do que no IPO.
Todo esse barulho atrapalha o IPO do Nubank, previsto para o dia 9 de dezembro, com estreia simultânea na Bolsa de Nova York (Nyse) e na B3 no Brasil.
Evidentemente que bolhas não são eventos raros na economia global, pois desde a primeira bolha global que se tem notícia, a das tulipas na Holanda do século XVII, por diversas vezes na história o mesmo fenômeno já se repetiu, mudando apenas o conteúdo da bolha.
E como destaca Guilherme Felitti, em podcast sobre o tema, “o produto ou serviço no centro da bolha varia, mas vários aspectos semelhantes, como a irracionalidade desengatilhada pela crença de que algo grande vai acontecer, a corrida para comprar e depois se livrar e, principalmente, as consequências nefastas, são, mais ou menos, as mesmas. Alguns dos fenômenos econômicos de maior impacto das últimas décadas no mundo foram bolhas. E não basta falar que você não entra nessas modas, bolhas acabam arrastando a todos, com maior ou menor ferocidade. O escândalo do subprime nos Estados Unidos em 2008, por exemplo, arrastou não apenas os investidores norte-americanos, muito dinheiro estrangeiro investido no Brasil acabou retirado para cobrir rombos nos EUA e na Europa, o que impactou diretamente a nossa economia.”
Recentemente a Verizon fez o descruzamento dos restos mortais da internet dos anos 90, a AOL e Yahoo!, que foi adquirida na época já a um preço distante do que já foi e também do que poderia gerar de novas receitas quando da sua aquisição, mesmo que fosse potencializada com a ideia de se tornar um conglomerado de mídia dedicado à exploração da publicidade.
Depois de vender essas participações por menos da metade do que pagou por elas (US$ 4.4 bi para a AOL em 2015 e US$ 4.5bi pelo Yahoo! em 2017), a Verizon está anunciando que se concentrará no que as empresas de telecomunicações devem fazer, com foco na construção de sua rede 5G.
Os cinco bilhões que a Verizon receberá da Apollo Global Management pelo que resta dessas empresas acabarão com a pretensão de construir uma empresa de mídia que competiria com o Google ou o Facebook por publicidade. Agora, seus novos proprietários tentarão valorizar as duas marcas, sob o guarda-chuva yahoo! e com cabeçalhos como Engadget ou TechCrunch, que ainda geram alguma tração publicitária.
Já anteriormente, a Verizon havia se afastado de empresas como a Tumblr, que vendeu a Automattic e o HuffPost, que vendeu ao BuzzFeed.
Bem em seu melhor período a AOL era avaliada pelo mercado em US$ 200 bi, que se for corrigido para os tempos atuais poderia dar a dimensão do derretimento desse que já foi o maior negócio da internet, o mesmo pode se dizer do Yahoo! Que também em seu melhor momento chegou a valer US$ 125 bi. Logo tente imaginar empresas que juntas foram vendidas por menos da centésima parte do que já valeram. O que nos leva a uma questão fundamental?
Como o mercado pode avaliar as empresas da economia digital?
Como o valor das propriedades na rede pode cair tão baixo, quando já na época eram avaliadas pelo seu futuro e não por sua geração de caixa? Quem errou? Nada do que essas empresas falavam deixou de acontecer, afinal ela eram avaliadas pela dimensão que a internet ia tomar, e ela tomou e mesmo assim o valor dessas empresas derreteu?
Lembramos que toda bolha tem sempre duas ações: o inflar e o estourar, o subir e o descer, o crescer e o cair. As primeiras empresas de internet da história só valeram muito dinheiro durante um curto período de tempo, ali no começo dos anos 2000, por razões que nada têm a ver com tecnologia. A partir do IPO do Netscape, tudo parecia apontar para o futuro. Mergulhado em dinheiro, o mercado apostou na digitalização total das nossas vidas em uma janela de cinco anos. Era a Cisco, uma empresa de San Francisco (por isso o nome) que fazia hardware de conectividade para grandes operadoras. Em 27 de março de 2000, a Cisco se tornou a companhia mais valiosa do mundo com um valor de mercado de US$ 569 bilhões. Atualizado para inflação, daria US$ 868,8 bilhões. As valuations atuais são bem maiores a Apple vale US$ 2 trilhões. Ainda assim, para 2000 era muito dinheiro, logo como também destaca Guilherme, estaríamos diante de uma nova bolha?
Bolhas tem velocidades distintas e sempre mais de uma causa para desinflar, mas uma causa sempre a companha a disposição dos investidores seguirem no jogo entre dessas empresas começarem a entregar, alguns podem demorar décadas, mas se as premissas permanecem elas se mantem bem avaliadas, e esse é o caso da Amazon, que cresceu, diversificou e mostrou que pode e é a principal praia do e-commerce.
No geral o valuation das empresas da economia digital está pautado no fluxo de caixa para exercícios futuros, e ai que mora o perigo, pois o horizonte de qualquer negócio, seja ele digital ou não tem sempre uma série de variantes nem sempre previstas.
Lembro que a Amazon, por seus fundamentos e ajustes na estratégia, e que no ápice antes do estouro da bolha chegou a valer cerca de US$ 106, e com o estouro da bolha e os ataques do 11 de setembro, seus papéis foram vendidos a US$ 6. E é nessas crises que os verdadeiros líderes se destacam, pois Jeff Bezos prometia e cumpria, que ia reinvestir todo o lucro na operação para construir um negócio sustentável em longo prazo. Logo as ações que já valeram US$ 6 hoje já ultrapassaram incríveis US$ 3600 mil.
Foi o IPO do Google, apenas de 2004, que reabriu o otimismo para as empresas (ponto com), e que permitiu ao Face apenas oito anos depois abrir o seu capital na Nasdaq. Ou seja, de 2000 a 2004 o mercado das empresas digitais andou de lado.
Nesse momento os novos recordes mundiais do mercado de ações mantêm o debate sobre as altas valorizações do mercado.
Um levantamento feito pelo banco dinamarquês, Saxo Bank, e publicado recentemente no jornal Expression, faz uma lista de 40 grandes 1,3 trilhão, com características de bolha.
Energias renováveis e criptomoedas, setores queridinhos atualmente dos investidores, são apenas dois dos setores que mais geram debate nas últimas semanas sobre a possível formação de bolhas. Com os mercados acionários mundiais na área de recordes históricos, o consenso é amplo entre os analistas quando se trata de admitir que as avaliações atuais atingem níveis exigentes.
Dentro das possíveis bolhas, segundo a instituição financeira, estariam também o Airbnb americano, e o NIO chinês, conhecido como o ‘Tesla chinês’ por sua especialização em carros elétricos.
Nessa lista, os Estados Unidos e a China são responsáveis por 90% das empresas com características de bolhas. Sendo que Wall Street abriga 24 dessas empresas, e os mercados chineses para outras 12. A Europa limita sua representação a dois títulos, um do Reino Unido (a tecnologia de vendas têxteis online Farfetch) e outro dos Países Baixos (a empresa biofarmacêutica Argenx). A lista é completada por uma representação do Canadá (Canopy Growth Corp, focada no negócio da cannabis) e outra de Cingapura (a já mencionada Sea Ltd). A soma dessas 40 empresas atinge 1,56 trilhão de dólares de valor de mercado atualmente
O Universo digital tem muito de inovação e ao mesmo tempo tem muito de copia e cola, que o diga a nova onda de contas digitais onde todos, do Facebook ao padeiro da esquina, querem ter e ser a sua conta digital, ou seja, todos querem ser seu banco.
Curioso que todos queiram ser exatamente o setor da economia que menos sofre com as crises e logo, em que pese a ironia, o mercado vem inovando e oferecendo novos serviços.
Porém, carteiras digitais e meios de pagamento se juntam em novas fintechs e novas fintechs vão se juntando para formar novos bancos com preço e custo de velhos bancos.
Devemos encerrar 2021 com quase 1.000 fintechs, nessa nova onda em que pese a crise e é claro a maioria delas deve desaparecer, pois, grandes players, ainda que demorem, olham o mercado e ao ver o horizonte na janela fazem novas parcerias para se posicionarem de forma estratégica no novo cenário.
Contas digitais e soluções de pagamento digital disputam negócios em um mercado acirrado, onde a velocidade nas parcerias estratégicas irão fazer a diferença. No meio digital, mais do que em outros segmentos, colocar de pé faz a diferença, ainda que não seja a versão final do produto.
O mercado de tecnologia, como qualquer outro, é movido por oportunidades, e é claro o gigantismo paquidérmico do sistema financeiro, que com a elevada concentração acabou abrindo diversos nichos para setores onde os grandes bancos não exploravam, vejamos por exemplo os desbancarizados que movem esse mercado, são mais de 45 milhões de pessoas. E de que maneira o tradicional mercado com suas altas tarifas resolve isso?
É óbvio que não resolve, afinal, dentro das estatísticas dos chamados bancarizados, uma parcela considerável é de portadores de “conta salário”, ou seja, temos no Brasil quase metade de toda população que usa pouco ou quase nada dos serviços bancários.
Para se ter ideia da importância das fintechs vejamos o mercado de maquininhas, o mercado de pagamento com cartões de crédito e débito que se caracterizava em um duplo monopólio até o final de 2010, onde apenas duas credenciadoras autorizadas a transacionar as bandeiras mais relevantes do mercado (Visa e Credicard).
Com a abertura em 2010 e posteriormente com a publicação da Lei Federal 12.865/2013, novas Instituições passaram a atuar no mercado de meios de pagamentos desenvolvendo inovações, tecnologias e estimulando a concorrência.
A inovação legal trouxe novos player, como Pag Seguro, Getnet, Stone, entre outros, que com suas políticas agressivas mudaram o modelo do mercado. Afinal, os dois tradicionais líderes no exercício de um duopólio cobravam taxas escorchantes, além de uma série de custos que não levavam em consideração o grau de fidelização.
Maquininha sem aluguel, com esse argumento esses novos player revolucionaram o mercado, claro que se excluiu a taxa de aluguel e se amarrou a um contrato de aquisição da maquininha, nascendo assim a fidelidade pela aquisição, que lentamente foi sendo ampliada pelo pacote de novos serviços, como a conta digital.
Foi mirando nesse mercado, inicialmente de pequenas, micro empresas e MEIs, que esses novos operadores cresceram, logo, em qualquer estabelecimento que você vai hoje poderá avistar a guerra das maquininhas no balcão do comerciante, onde sobra máquina e falta adquirente pelo pouco valor transacionado na média.
Todos seguem a toda velocidade abrindo as APIs (application programming interfaces) que são conjuntos de padrões e ferramentas que permitem a conexão entre sistemas, para recepção ou envio de dados. Assim, outros sistemas podem se conectar ao da empresa, com o trabalho de programadores externos, um requisito mínimo para o open banking que bate as portas do mercado.
Esse mercado de adquirentes e subadquirentes, onde entram muitas fintechs, é uma briga de margens apertadas e foco na escalabilidade, afinal, qualquer rede de supermercado para reduzir seu custo, virou subadquirente.
A grande referência para essas fintechs de meios de pagamento certamente é a PayPal, wallet mais conhecido no mundo e que só no Brasil tem cerca de 5 milhões de usuários. Quantos bancos tradicionais tem esse número de correntistas?
A grande pergunta que não quer calar é: Onde encontraremos tanto dinheiro para movimentar os milhões de contas digitais criados na sua maioria por tradicionais clientes dos velhos bancos? Onde está todo esse dinheiro?
O resultado não poderia ser outro, para o consumidor, uma oferta gigante, decorrente da explosão de “Bancos Digitais” – os bancos sem agência, e aí começa o primeiro desafio, se não tem agência como se pode atender a quase 50% de todos os pagamentos que no Brasil ainda são feitos em dinheiro?
Sim, a inclusão digital passa também pela formalização, e não burocratização desses milhões de brasileiros desbancarizados, permitindo a eles acesso aos serviços bancários, com tarifas baixas e serviços que possam ir além da conta salário.
Grandes players, como Apple, Google, Samsung, Amazon e Facebook já estão tomando seu assento nesse lugar, sendo que nesse primeiro momento elas optaram em operar em colaboração com os bancos tradicionais, como a Apple com seu Apple Card, Google com suas contas correntes ou Amazon com seus múltiplos serviços financeiros, mas esse passo poderia ser temporário, como indicaria a recente obtenção de uma licença bancária europeia pelo Google na Lituânia, não sem razão o país mais avançado em serviços públicos digitais.
Para os bancos, a preocupação não deve vir tanto da chegada desses novos (ou não mais tão novos) entrantes, mas do crescente compromisso de seus serviços, que na maioria deles parou no tempo, onde se empresta sempre para os mesmos.
As empresas fintechs exploram segmentos, e esse já é um desafio considerável, afinal enquanto um banco de varejo pode ofertar um cardápio completo para correntistas, fintechs, em sua grande maioria oferecem cardápios restritos de produtos e serviços, aproveitando apenas segmentos da cadeia. Quase sempre são espaços deixados pelos tradicionais varejista do sistema financeiro, assim aproveitam as oportunidade geradas por um sistema financeiro (no caso brasileiro) concentrado, pouco simpático e quase nada competitivo, onde o consumidor tem pouca ou quase nenhuma escolha.
O setor pode e deve ser redesenhado, e como já ocorreu em outros segmentos, por empresas que não são tradicionais naquele mercado, uma disputa que está apenas no início, onde todos querem ser seu banco.
O fato é que o mercado já entendeu que não tem espaço para todos, e que dificilmente a maioria das fintechs vai conseguir “entregar” o que prometeu no livro de ofertas. É esperara pra ver.
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