No quarto enquanto dormia sua respiração era registrada por ela, que ao perceber a diferença do padrão, acionava seus dispositivos de inteligência artificial para lhe ofertar um diagnóstico.
Desde 2019 a Alexa da Amazon, já possui um aplicativo criado pela HeathTap, empresa de tecnologia na saúde, chamado Dr. AI. Um bot de Inteligência Artificial que foi treinado por mais de 100 mil médicos com 141 especialidades. Assim, depois que o usuário contar sobre os sintomas que está enfrentando, o app tentará encontrar, em seu banco de dados, as melhores correspondências. E assim a Alexa poderá recomendar medicamentos, desde que não necessitem de prescrição médica, e até mesmo realizar a compra dos mesmos, colocando na sua conta da Amazon.
Passados dois anos do seu lançamento a empresa de comércio eletrônico está desenvolvendo serviços para consumidores e hospitais e já enfrenta alguns desafios, como a concorrência do Google, Microsoft e Walmart.
Afinal, se todos os dias milhões de pessoas conversam com a assistente de voz Alexa da Amazon e lhe dão comandos triviais, como “tocar música”, entre tantos, criar uma extensão para saúde parece ser uma decorrência óbvia.
No Hospital Metodista de Houston, outras ordens são dadas à mesma tecnologia, como “Comece a operar”. Com base em um acordo entre uma rede de oito hospitais e a Amazon Web Services (AWS), os serviços de voz foram instalados em uma sala de cirurgia experimental no Hospital Metodista de Houston no último ano, usando grande parte da mesma tecnologia da assistente Alexa. As ordens são dadas durante as etapas vitais da operação, permitindo que o cirurgião confirme verbalmente quando realizou determinadas ações, como a administração da anestesia.
A voz do médico é utilizada para confirmar ações, e uma vez concluída a operação, o assistente registra no prontuário eletrônico de saúde do paciente como uma atividade completa, de modo que, se houver um problema ou algo não for feito, um aviso aparece, auxiliando nos procedimentos.
Já nas salas de consulta, a tecnologia da Amazon escuta atentamente, claro que desde que com o consentimento prévio do paciente, nos termos da LGPD e do RGPD, assim informações podem ser adicionadas aos prontuários médicos e analisadas para tomar decisões de tratamento mais informadas posteriormente.
Destaco, que o sistema representa apenas parte dos planos da Amazon de se tornar tão onipresente na área da saúde quanto em outros mercados, desenvolvendo as ferramentas e plataformas necessárias para apoiar uma indústria modernizante.
A empresa introduziu serviços de saúde voltados para o consumidor, como uma farmácia de Internet e um serviço de telemedicina. Ao mesmo tempo, a AWS está em constante desenvolvimento para criar um sistema operacional para a saúde que vai desde a gestão de registros de saúde até a aplicação de inteligência artificial para prever quando uma pessoa pode adoecer.
Seu público-alvo é muito amplo: consumidores, empresas frustradas por seus altos custos de saúde e hospitais e redes de saúde responsáveis pela prestação de cuidados de saúde.
Mas há muita concorrência: gigantes da tecnologia como Google e Microsoft têm ofertas de nuvem e inteligência artificial, e o Walmart abriu recentemente uma série de clínicas nos EUA que oferecem uma ampla gama de serviços médicos. Mas se a Amazon conseguir lidar com a concorrência e um cenário político cada vez mais temeroso de seu poder, a saúde será uma das maiores oportunidades de negócios.
Nos EUA, o custo dos cuidados de saúde saiu de controle, os Centros de Assistência Médica e Medicaid preveem que os gastos com saúde serão de US$ 4,2 trilhões em 2021 (cerca de 18% do PIB) e US$ 5 trilhões em 2025. Grande parte do custo é suportado pelas empresas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Kaiser Family Foundation, 87% dos executivos acreditam que pagar por cuidados de saúde dos funcionários será insustentável nos próximos cinco a dez anos.
Mas, ao mesmo tempo, novas tendências estão surgindo. Nossos dispositivos de rastreamento de saúde estão ficando mais inteligentes e mais usados. Conectividade melhorada e mais barata tornaram o atendimento remoto não só possível, mas um número crescente de pessoas prefere. A inteligência artificial abriu grandes caminhos para o estabelecimento de novos tratamentos ou planos de saúde.
Grandes empresas de tecnologia acreditam que estão na encruzilhada dessas tendências tentadoras. Além dos negócios que estão criando internamente, os investimentos em saúde coletiva pelo Facebook, Amazon, Microsoft, Google e Apple aumentaram em 2020 para atingir US$ 3,7 bilhões. E a CB Insights estima que até meados de 2021 já havia investido outros US$ 3,1 bilhões no setor.
A diferença da Amazon está na sua intenção de lançar seu próprio serviço de saúde aproveitando sua infraestrutura existente, como seu grande número de armazéns e distribuidores, para alcançar no setor saúde o que conquistou nas compras pela Internet.
O serviço Prime pode fornecer medicamentos imediatamente, um serviço de voz como a Alexa pode marcar consultas, e o paciente pode ver e ouvir seu médico digitalmente.”
Em que pese o potencial, a Amazon cometeu alguns erros no campo da saúde. Por exemplo, em 2018 anunciou que, em parceria com o JPMorgan e a Berkshire Hathaway, criaria uma joint venture de saúde chamada Haven, com o objetivo de reduzir custos e melhorar os resultados de saúde para os funcionários das três empresas.
Mas o plano não saiu do papel e foi abandonado em janeiro de 2021. O fim de Haven também significou que a Amazon estava preparada para cumprir sua meta de reduzir o custo da assistência à saúde para seus trabalhadores por conta própria. Por exemplo, de acordo com um acordo firmado com a empresa Crossover Health, funcionários da Amazon, seus cônjuges e seus filhos têm acesso a uma rede de centros de saúde. O serviço está disponível em cinco regiões e deve estar disponível muito em breve.
Em 2018, a Amazon adquiriu o PillPack, um serviço de e-mail de medicamentos prescritos, mas depois deixou-o operar quase inteiramente de forma independente. No final do ano passado, fez o que todos esperavam: lançou a Amazon Pharmacy, que oferece entrega de medicamentos e descontos em lojas físicas. E em julho deste ano lançou o Amazon Dx, um serviço que oferece testes caseiros para o Covid-19: as pessoas compram um teste em Amazon.com, enviam para análise e obtêm os resultados em 24 horas. Além disso, de acordo com o texto de algumas de suas ofertas de emprego, parece que ele quer lançar outros testes.
Analistas dizem que esse padrão é familiar. Soluções criadas para as próprias necessidades da Amazon, como testar seus funcionários de armazém para a Covid, estão sendo modificadas para uso por outras empresas e indivíduos.
Em março, a Amazon anunciou que estava oferecendo seu produto de telemedicina Amazon Care para empresas em todo os EUA. O serviço oferece bate-papos por vídeo com um médico ou enfermeiro 24 horas por dia, bem como visitas presenciais em algumas regiões, e está disponível para funcionários da Amazon que vivem perto de sua sede em Seattle como parte de um programa piloto desde 2019.
A Amazon afirmou que, várias empresas se inscreveram para usar a Amazon Care. Além disso, de acordo com um relatório do Business Insider publicado em julho, a Amazon tem mantido conversações com grandes seguradoras, a fim de obter dezenas de milhões de pacientes a mais para se beneficiar de seus serviços.
O momento é o ideal. Segundo McKinsey, o uso de telemedicina nos EUA foi 38 vezes maior em fevereiro deste ano do que antes da pandemia, graças ao relaxamento das regulamentações sobre cuidados de saúde que podem ser fornecidas através da Internet. “A Amazon vai deixar a indústria nervosa. Ele tem a flexibilidade de atender os consumidores onde quer que eles estejam e o que eles precisam fazer”, disse Arielle Trzcinski, analista da Forrester, em reportagem publicada pelo jornal expansion.
Como a Amazon não tem hospitais e atualmente não tem uma estrutura de saúde, pode entrar nesse campo do zero, e como há muito dinheiro na área da saúde, pode ter grandes lucros, claro que outras plataformas digitais também estão no páreo.
Além disso, neste mês a Amazon vai revelar as 10 primeiras startups que participarão de seu programa de incubadora de saúde. “É como a App Store. A Amazon analisa a estabilidade dos aplicativos e garante que eles não estão fazendo nada ilegal e que cumprem todas as regras”, diz um funcionário da AWS.
Entre os inscritos está a Pieces, uma empresa do Texas que usa inteligência artificial para prever a condição de um paciente. Outro é Gyant, um assistente digital para reduzir a carga sobre os call centers hospitalares, direcionando os pacientes para um chatbot. E outra é a Giblib, uma startup que produz vídeos de qualidade Netflix e experiências de realidade virtual para médicos.
Segundo uma reportagem do jornal Estadão, pesquisadores brasileiros buscam aplicativos para rastrear e prever complicações e ampliar análises hoje difíceis para o cérebro humano, enquanto tecnologias já existentes permitem reduzir exames e internações, tudo com o uso de Inteligência Artificial.
Segundo a reportagem “Pesquisadores brasileiros desenvolvem aplicativos para rastrear e prever complicações. Tecnologias já existentes reduzem exames e internações.
A inteligência artificial está sendo cada vez mais utilizada em diagnóstico, tratamento e reabilitação de pacientes após um acidente vascular cerebral (AVC), principal causa mundial de invalidez ao afastar uma a cada seis pessoas de suas atividades.
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, estuda aplicativos para rastrear e prever complicações. Uma delas é a transformação de casos de AVC isquêmico (obstrução dos vasos sanguíneos) em hemorrágico (vazamento do sangue). A partir da coleta de dados de mais de 3 mil pacientes de diversos centros brasileiros e um americano (Columbia University), a pesquisa se tornou referência em vários países e foi premiada pela Academia Brasileira de Neurologia.
Outro estudo aborda a complicação de isquemia cerebral tardia em pacientes com hemorragia subaracnóide (condição geralmente associada a aneurismas cerebrais que se romperam). “A ideia é que esses dados (pressão, temperatura, frequência cardíaca, alterações laboratoriais e dados de doppler transcraniano) gerem um modelo que nos alerte com dias de antecedência sobre risco de complicação”, afirma o pesquisador João Brainer, coorientador do programa de Pós-Graduação em Neurologia e Neurociências da Unifesp. A universidade pesquisa ainda, de forma inédita no mundo, a identificação da disfagia (dificuldade de engolir alimentos) a partir do reconhecimento da voz.
Essas pesquisas tentam minimizar dramas como o da faturista Sandra Schulze, que teve um AVC isquêmico em setembro de 2013. Depois de uma noite de sono pesado, ela, de 52 anos, caiu assim que saiu da cama. Não conseguiu mais se mexer, com o braço esquerdo frio e paralisado. Foram três dias na UTI, 15 de internação em um hospital em Joinville. Ela ainda faz fisioterapia, mas é grata às profissionais que a ajudaram desde o começo no hospital.
A reabilitação dos pacientes, aliás, é o foco de um estudo pioneiro da Fundação Oswaldo Cruz do Ceará com realidade virtual. Usando os óculos que criam uma realidade paralela e orientado por um profissional de saúde, o paciente simula atividades de cotidiano. Cada movimento é captado por sensores, que formam uma base de dados para avaliar e acompanhar a evolução do tratamento. Também será possível quantificar com precisão informações do espaço, velocidade dos movimentos, angulação dos membros e precisões das ações. Essa nova técnica começará a ser validada clinicamente em outubro no Hospital Geral de Fortaleza, que atende mais de 1,9 mil casos de AVC por ano.
Como funciona. Aplicativos, robôs, algoritmos e softwares que configuram a inteligência artificial fazem análises que o ser humano não consegue. Geralmente, os médicos avaliam duas a três dimensões, como o resultado de exame de um paciente ao longo do tempo.
Quando as possibilidades aumentam, o cérebro humano tem dificuldade de processamento. Isso ocorre no caso de variantes genéticas e interação de medicamentos, por exemplo. Aí, a máquina ajuda como reforço ao diagnóstico.”
Em que pese a Inteligência Artificial ainda estar engatinhando, a Internet da Coisas, e seus inúmeros dispositivos conectados, aliados a Inteligência artificial vão reinventar a Medicina, notadamente o acompanhamento, monitoramento e primeiro atendimento, isso certamente salvará inúmeras vidas e tornará as plataformas digitais ainda mais poderosas.